Bitcoin tem maior atualização em quatro anos. O que esperar?

Analistas divergem sobre impacto da novidade no preço do ativo digital no curto prazo; entenda o que muda

Paulo Barros

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SÃO PAULO – O Bitcoin (BTC) bateu em novembro sua máxima histórica de cerca de US$ 69 mil antes de recuar nos dias seguintes, mas alguns analistas apontam que a queda foi provavelmente apenas uma correção durante um ciclo de alta que ainda não terminou. O próximo catalisador de preço já pode estar batendo na porta: a atualização Taproot, que chega no domingo (14).

Taproot é a maior atualização no código da rede do Bitcoin após o Segregated Witness, ou SegWit, lançado em julho de 2017 para resolver problemas de escalabilidade. Dessa vez, a mudança promete melhorias de custo, privacidade e na funcionalidade de smart contracts (contratos inteligentes), softwares que rodam na blockchain e são executados segundo certas condições pré-programadas.

Hoje, criar um smart contract na rede do Bitcoin é considerado trabalhoso e demorado. “Taproot abre o caminho para contratos mais complexos e também para que esses contratos mais complexos ocupem menos espaço na blockchain e portanto sejam menos custosos”, explica Lucas Ferreira, evangelista da Lightning Labs.

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A Lightning Labs desenvolve soluções para a Lightning Network, tecnologia que surgiu graças à atualização SegWit e que processa transações de Bitcoin de maneira mais rápida e barata. Ela é usada, por exemplo, para pagamentos em El Salvador, onde o criptoativo virou moeda de curso legal, e também dará vazão para transações de contratos inteligentes pós-Taproot.

A expectativa é que smart contracts mais sofisticados levem mais utilidade para o Bitcoin, da mesma forma como a Lightning Network permitiu que a criptomoeda fosse enfim usada para pagamentos de maneira mais eficiente.

O Taproot também irá trazer maior privacidade para transações mais complexas e que hoje podem ser distinguidas publicamente com uma consulta à blockchain. Em um primeiro momento, no entanto, apenas entusiastas mais avançados poderão tirar proveito de algumas dessas novidades.

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“[A atualização] trará privacidade por não deixar explícito a todos na blockchain como as pessoas estão gastando seus bitcoins e como fazem sua custódia”, explica Ferreira.

Mas, a boa notícia é que o usuário comum não precisa se preocupar com seus bitcoins: qualquer unidade da criptomoeda já emitida será automaticamente compatível com a nova rede. O trabalho de compatibilização se dará nos bastidores, com atualizações em aplicativos de carteiras de criptomoedas e de corretoras.

Várias melhorias possibilitadas pela atualização ainda dependerão de trabalho extra dos desenvolvedores do Bitcoin, mas animam entusiastas que miram no longo prazo.

No futuro, o ativo digital poderá ter redução nos custos de transações com múltiplas assinaturas (multisig), e até ser compatível com um sistema de recuperação de senhas similar à autenticação de dois fatores do celular – assim, reduzindo as chances de o usuário perder seus bitcoins caso esqueça da frase-chave.

A atualização já está precificada?

A atualização Taproot foi proposta pela primeira vez em 2018 e obteve aprovação de 90% dos mineradores em junho de 2021. Agora, ela chega na fase final de implementação. O soft fork, como é chamado o processo, irá ocorrer automaticamente no bloco 709.632, previsto para ser verificado pelos mineradores às 7h07 da manhã do dia 14 de novembro.

Como a novidade não é uma surpresa, alguns analistas acreditam que ela não deve provocar um aumento imediato nos preços do ativo digital. “Já está precificada, as pessoas já sabiam que ia acontecer”, comenta como Hugo Xavier, da HM Trading.

“A atualização do Taproot terá um impacto mínimo no preço do Bitcoin”, disse Edward Moya, analista de mercado sênior da corretora Oanda, em entrevista ao CoinDesk.

Mas, a opinião não é unânime. “Essa atualização é aguardada pelo mercado”, crava João Marco Cunha, gestor de portfólio da Hashdex.

“Cada atualização é longamente debatida na comunidade de desenvolvedores do Bitcoin e, quando há um bom nível de consenso sobre a sua pertinência, ela é implementada e melhora as características da rede. Nada mais razoável, portanto, que essa melhoria se reflita no preço”, pontua Cunha.

Um estudo realizado por pesquisadores da EESP-FGV, liderados pelo professor Jéfferson Colombo, mostra empiricamente como as principais atualizações do Bitcoin têm impacto positivo sobre o preço.

Um dos exemplos é a atualização SegWit, implementada em 24 de agosto de 2017, quando a criptomoeda era negociada a cerca de US$ 4.200. No dia 15 de dezembro, o preço atingiu mais de US$ 19.400, uma valorização de 360% em quatro meses.

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Paulo Barros

Editor de Investimentos