Bitcoin cai 10% e perde os US$ 36 mil em meio a dólar mais forte e cautela de investidores

Investidores iniciaram novo sell-off de BTC após digerirem comentários de Jerome Powell

Paulo Barros CoinDesk

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Após começar o dia em alta em meio a um rali de alívio após divulgação das decisões do Federal Open Market Committee (Fomc) ontem, o Bitcoin (BTC) perde força e despenca 10% na tarde desta quinta-feira (5). De aproximadamente US$ 39.500, a criptomoeda mergulhou em poucas horas para menos de US$ 36 mil, região apontada por traders como um importante suporte (preço com alta demanda de compra).

Às 16h20, a criptomoeda era negociada a US$ 35.891 mil, queda de 10,1% no acumulado de 24 horas.

Contrariando expectativas, o Bitcoin subiu ontem e chegou a flertar com os US$ 40 mil assim que o o Federal Reserve anunciou a alta histórica de 0,5% na taxa de juros nos Estados Unidos. Até então, parecia que o mercado havia reagido bem a algumas declarações de Jerome Powell, que sinalizou bons números na economia americana, e descartou por ora aumentar os juros em 0,75%.

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O otimismo, no entanto, durou pouco. Após digerirem o comunicado, agentes de mercado deram início a um novo movimento de risk-off (eliminação de riscos), reduzindo exposição a ativos considerados arriscados. Segundo especialistas, pesou o fato de a autoridade monetária dos EUA ter expressado disposição de tolerar uma recessão para reduzir a inflação. “Não hesitaremos em fazê-lo”, afirmou Powell ontem em resposta a um repórter.

“As expectativas hawkish do Fed podem não deixar os touros tomarem as rédeas do mercado”, escreveu Ipek Ozkardeskaya, analista sênior do Swissquote Bank, em um post no LinkedIn, observando o salto dos ativos de risco pós-Fed.

“O FOMC de ontem viu um aumento nas taxas ao lado de conversas mais concretas sobre a contração do balanço – coisas que não são um bom presságio para os mercados”, disse Joe DiPasquale, CEO da BitBull Capital, um fundo cripto de hedge funds. “Mesmo que tenha havido uma subida inicial do BTC, ele não está isolado dessas mudanças macroeconômicas, e o preço de hoje reflete isso”.

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Paul Hickey, cofundador do Bespoke Investment Group, disse à CNBC que o sell-ff hoje é o mercado “se deparando com a realidade” após a fala de Powell ontem.

O impulso de alta do Bitcoin também foi barrado pela retomada do dólar, que reduziu as perdas vistas na quarta-feira (4).O índice DXY, que acompanha o valor do dólar em relação às principais moedas globais, saltou 0,7%, para 103,25, após ter caído 0,9% ontem, para 102,51.

“O Bitcoin pode ganhar força se o DXY quebrar essa tendência [de alta]”, apontou Brian Tehako, diretor de investimentos da Warwick Capital.

Luz no fim do túnel

Apesar do cenário desafiador, analistas que se debruçam sobre os dados públicos da blockchain do Bitcoin apontam que há motivos para acreditar em uma recuperação no longo prazo.

Uma delas é o comportamento de um indicador que mede o número de moedas ativas (movimentadas na rede) pela última vez há pelo menos um ano. A média de sete dias do indicador subiu para um recorde de 64% do total de Bitcoin em circulação, de acordo com a casa de análise Glassnode

De acordo com Noelle Acheson, chefe de insights de mercado da Genesis Global, o dado é um sinal de forte sentimento de retenção no mercado.

“Se o BTC não está se movendo, trata-se de posições de longo prazo. [O indicador está] em uma alta histórica. Definitivamente é alguma coisa”, afirmou Acheson via Twitter.

A adoção da criptomoeda como diversificação do Tesouro de projetos cripto também é vista como algo que pode impulsionar o preço. Nesta quinta-feira, a Luna Foundation Guard (LFG), que gerencia o patrimônio do projeto Terra (LUNA), anunciou a aquisição de 37.863 BTC como reserva para a stablecoin Terra USD (UST).

A compra foi realizada na forma de duas negociações de balcão, uma de US$ 1 bilhão em UST, e outra de US$ 500 milhões mediante aporte do hedge fund Three Arrows Capital. Agora, a LFG acumula 80.394 BTC, avaliados em pouco menos de US$ 3 bilhões.

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Paulo Barros

Editor de Investimentos