Bitcoin “ignora” crise do coronavírus, salta 72% no semestre e analistas acreditam em mais altas em 2020

Apesar da forte queda em março, a maior criptomoeda do mundo se recuperou rapidamente e foi um dos ativos com melhor desempenho no semestre

Rodrigo Tolotti

(Tomohiro Ohsumi/Getty Images)

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SÃO PAULO – Apesar da visão de que o Bitcoin é descorrelacionado com o resto do mercado financeiro, a maior criptomoeda do mundo não conseguiu fugir do pânico que atingiu os investidores em março, quando estourou a pandemia do novo coronavírus. Mas a crise durou pouco.

Começando 2020 dando continuidade ao movimento de alta do ano passado, o Bitcoin em dólar subiu mais de 30% apenas em janeiro, registrando seu melhor primeiro mês de ano desde 2013. Mas esse bom humor deu lugar a um grande estresse vindo dos mercados tradicionais conforme a Covid-19 começou a se espalhar pelo mundo.

Isso levou a criptomoeda a cair 25% em março, saindo da casa de US$ 9.100 para uma mínima de US$ 4.500 no auge do caos, seguindo a onda vendedora em todas as classes de ativos. Porém, se descolando do visto em outros mercados, o Bitcoin se recuperou muito rápido e no fim de abril já havia recuperado seu patamar pré-pânico.

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E, apesar de ficar praticamente estável desde então, com esta recuperação, a criptomoeda ficou entre os ativos de melhor desempenho no primeiro semestre deste ano, acumulando valorização de 26,85%. No Brasil, por conta também da disparada de 35% do dólar contra o real, o Bitcoin teve um desempenho ainda melhor, avançando 72%, para R$ 49.900.

E para alguns analistas, este pode ser apenas o início de um movimento mais forte de alta.

Isso por conta de um importante evento que acontece faz quatro anos e ocorreu em maio, o halving. Com uma redução de 50% na recompensa dos mineradores, houve um grande choque na oferta de novos bitcoins no mercado (clique aqui para saber mais), o que tende a criar uma pressão de alta nos preços.

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Apesar disso, normalmente, leva um tempo para os impactos desta pressão se mostrarem no mercado. Historicamente, o Bitcoin demora cerca de 12 meses para subir após o halving. Na última vez que isso aconteceu, entre 2016 e 2017, a criptomoeda bateu sua máxima histórica de US$ 20 mil.

“Todo mundo que era do mercado já antecipava que o pós-halving não traria efeitos imediatos no preço. Geralmente demora alguns meses, talvez mais um semestre para que as coisas se ajustem e um novo patamar de preço seja estabelecido”, afirma Thiago Cesar, CEO da Transfero Swiss AG.

Já Safiri Felix, diretor executivo da Associação Brasileira de Criptoeconomia (ABCripto), ressalta que o halving foi o principal fator para a recuperação rápida do Bitcoin, mas concorda que os impactos de alta no preço devem demorar mais um pouco. “Agora o preço está lateralizado, com uma certa dificuldade de superar o patamar dos US$ 10 mil, algo que eu acredito que deve acontecer em breve considerando o fluxo das últimas semanas”, afirma Safiri.

Ele destaca ainda o baixo nível de volatilidade dos últimos dias, o que poderia sinalizar que em breve um movimento mais forte deve acontecer. “O movimento tende a ser positivo. Na minha opinião, acredito que, uma vez essa tendência se consolidando, a criptomoeda ultrapasse os US$ 10 mil. Com o ingresso de fluxo, se continuar como está, deve seguir valorizando”, explica.

Cesar, por sua vez, acredita que o fato do preço estar “de lado” nas últimas semanas ainda é resultado de um problema de precificação de ativos neste momento de pandemia: “as pessoas ainda estão cautelosas com o mercado financeiro tradicional. Ainda é um momento de inflexão, de olhar para entender para onde vamos”.

Os dois especialistas destacam ainda um bom momento para o Bitcoin, que tem ganhado uma maior legitimidade pelo mercado como um todo, comprovando-se como um investimento alternativo e sendo comparado muito com o ouro.

Neste cenário, se destacam os aumentos de volume de captação nas exchanges ao redor do mundo, enquanto no Brasil os recentes fundos de criptomoedas também mostraram uma boa entrada de investidores. Há ainda a expectativa de que grandes hedge funds entre no mercado. Mês passado, o gestor Paul Tudor Jones informou que colocou quase 2% de seu portfólio de cerca de US$ 20 bilhões em Bitcoin.

“A perspectiva é bastante positiva, o mercado tem demonstrado uma robustez, que chega até a surpreender, no sentido de, em um momento de risk off, estar reagindo bem a tudo isso”, afirma Safiri, que vê a criptomoeda voltando para suas máximas históricas ainda este ano e no Brasil atingindo a marca de R$ 100 mil.

Enquanto isso, Cesar, ressaltando a injeção de liquidez dos bancos centrais e disputas como a guerra comercial entre EUA e China, também vê uma boa tendência de alta para o Bitcoin que, para ele, pode ver o nível entre US$ 15 mil e US$ 20 mil como seu “novo normal”.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.