Bitcoin em queda: o que esperar após a desvalorização de mais de 20% no final de semana?

Especialistas analisam motivos para a forte correção e apontam para oportunidade de compra com os preços mais baixos

Rodrigo Tolotti Paulo Barros

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Se até a semana passada ainda havia um clima otimista de curto prazo no mercado de criptomoedas, o cenário mudou drasticamente durante o fim de semana, com o Bitcoin (BTC) caindo mais de 20% e indo abaixo da marca de US$ 50 mil, em seu pior desempenho desde maio.

Com o movimento, investidores se questionam se as perdas podem se estender mais, e qual a melhor estratégia agora. Vale lembrar que para o longo prazo a avaliação continua positiva entre os especialistas, apesar do aumento da cautela quando a visão é de curto prazo.

“Não saiu nenhuma notícia específica que tenha provocado o rompimento da barreira dos US$ 50 mil, mas o que se acredita é que as pessoas que estão alavancadas com Bitcoin e altcoins acabaram sendo liquidadas, e essa liquidação de posição acabou derrubando o mercado”, avalia Henrique Teixeira, country manager do Grupo Ripio.

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Desde sábado, quando chegou a bater a marca de US$ 42.600 em algumas corretoras, o Bitcoin conseguiu uma retomada e não operou mais abaixo de US$ 46 mil, ainda que não tenha conseguido superar os US$ 49.500 desde então. Apesar do sinal de estabilização, analistas não descartam novas correções no curto prazo.

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Segundo a casa de análise CryptoQuant, embora investidores de varejo não estejam se desfazendo de seus ativos, grandes detentores de Bitcoin (baleias) seguem depositando em corretoras, em movimento que aponta para a continuidade da realização de lucros.

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Por outro lado, análise da firma de dados Glassnode revela que as vendas seriam em grande parte provenientes de investidores que compraram Bitcoin recentemente. Enquanto isso, os detentores de longo prazo, cujo humor costuma dar o tom da saúde do mercado, seguem majoritariamente imóveis.

Aversão ao risco impactou a queda

Entender os motivos para a queda dos últimos dias também é passo importante para a análise do que esperar, e, apesar de ainda não haver um consenso entre especialistas sobre as causas, uma conjuntura mais ampla está envolvida.

“Há meses existia uma expectativa muito grande no mercado de um bull market, iniciando a partir do mês de dezembro, mas essa retração atual indica que o cenário pode ter mudado, já que a média móvel de 20 semanas, que é um dos indicadores utilizados, foi rompido”, afirma Mayra Siqueira, gerente geral da Binance do Brasil.

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E entre as avaliações de diversos especialistas está a visão de que o cenário de aversão ao risco global, que tanto tem afetado as bolsas, também impactou o humor em cripto. Entre os fatores estão o receio de novos lockdowns provocados pela variante ômicron, temores pelo destino da Evergrande, na China, além da política monetária nos Estados Unidos e Europa.

“Ter um peso maior de investidores institucionais indica que o mercado cripto pode estar mais suscetível às notícias macroeconômicas do que no passado. Notícias negativas, como as da inadimplência de Evergrande, ou de política monetária internacional impactam mais o mercado do que outrora impactavam”, avalia Mayra.

Sobre o último fator, de um lado, existe a avaliação de que a alta de juros nos EUA favoreça o Bitcoin, considerado um ativo de proteção contra a alta de preços. Porém, esse cenário deve levar o Federal Reserve a subir os juros antes do previsto, o que pode reverter e ser um impacto negativo sobre as criptomoedas.

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Ainda no noticiário, investidores também seguem atentos à questões envolvendo a regulação nos EUA. Essa queda recente também coincidiu com o encontro do atual presidente da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC), Gary Gensler, com o antigo chefe do órgão, Jay Clayton, em um evento em Nova York. Ambos concordaram que, com exceção do Bitcoin, provavelmente todas as demais criptomoedas devam ser consideradas valores mobiliários, reportou o The New York Times.

Alta alavancagem

Por fim, a questão da alavancagem mais uma vez pode ter ido grande importância na magnitude da correção, assim como ocorreu no primeiro semestre quando a China proibiu a mineração no país.

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Essa questão agora envolve a alta alavancagem em derivativos de criptomoedas, especialmente nos contratos perpétuos, que visam operar no curto prazo com posições multiplicadas em até 100 vezes usando criptos alugadas. Na semana passada, a casa de análise Arcane Research já alertava sobre o aumento dos contratos em aberto mesmo em meio à queda nos preços.

“Os contratos em aberto de Bitcoin permaneceram acima de 365.000 BTC por mais de um mês”, escreveram os analistas. “Não é comum ver uma quantidade tão alta sendo sustentada por tanto tempo. Isso pode sugerir que o mercado está saturado de alavancagem”.

Estima-se que cerca de US$ 1 bilhão tenha sido liquidado de posições compradas enquanto o Bitcoin e outros ativos digitais despencavam na madrugada de sábado. Desde então, as taxas de juros cobradas por corretoras para o aluguel de criptos se mantêm no negativo, indicando pouco interesse na abertura de novas posições.

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Se até pouco tempo havia uma empolgação no mercado de que o Bitcoin chegaria logo aos US$ 100 mil, o momento agora é de cautela para reavaliação do cenário. E enquanto especialistas enxergam uma chance menor da criptomoeda voltar para sua máxima histórica no curto prazo, para o investidor de longo prazo essas quedas podem se tornar uma boa oportunidade.

“Vai levar mais tempo para voltar para os patamares de US$ 70 mil e acima. Vamos acompanhar nos próximos dias. Essa queda também abre oportunidades para outras pessoas entrarem no momento de baixa ou aumentar sua posição”, conclui Teixeira.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.