Bitcoin é única moeda com potencial de valor monetário, diz novo executivo da Binance, que fala sobre polêmica recente

Ricardo Da Ros rebate acusações de associação de corretoras e diz que o mercado de criptoativos precisa amadurecer

Rodrigo Tolotti

Ricardo Da Ros, ex-Binance e, agora, ex-Bit2Me

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SÃO PAULO – Com apenas cerca de um ano de operação no Brasil, a Binance, maior corretora de criptomoedas (exchange) do mundo, está se estruturando para crescer no país.

A empresa acaba de contratar Ricardo Da Ros para ser seu novo country manager. Além de comandar a divisão brasileira da Binance, o executivo já chega com um outro grande desafio: lidar com a recente denúncia feita pela Associação Brasileira de Criptoeconomia (ABCripto), que acusa a companhia de não poder atuar no país, descumprindo uma decisão da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o que, de acordo com a associação, poderia gerar “riscos moral e reputacional que afetem o mercado como um todo”.

Em entrevista ao InfoMoney, Da Ros destacou que a sua contratação mostra a intenção da Binance em ampliar seu negócio e ter uma atuação correta e mais próxima das autoridades brasileiras. Além disso, ele analisou o cenário do mercado diante das recentes máximas e ainda afirmou que vê o Bitcoin como a única criptomoeda com potencial de valor monetário.

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O executivo estava há dois anos comandando a operação no Brasil da argentina Ripio, empresa que atua como corretora e também carteira para custódia de criptoativos.

Segundo o executivo, as acusações contra a empresa não fazem sentido e o processo é um sinal do incômodo que a maior exchange do mundo causa nos concorrentes.

Dados do site Cointrader Monitor apontam que a corretora atualmente é a terceira com maior volume negociado de criptoativos no Brasil. Chegando a aparecer como líder no início deste ano.

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Entre as cinco maiores, aparecem ainda, Mercado Bitcoin e BitPreço nos dois primeiros lugares, e NovaDAX e Foxbit em quarto e quinto, respectivamente, sendo que todas elas são representadas pela ABCripto.

Assim como foi dito em nota publicada após as acusações, Da Ros chama a atitude da Associação de corretores de anticompetitiva, em uma estratégia de atrapalhar o crescimento da Binance usando as autoridades brasileiras.

O executivo disse que não pode entrar em detalhes sobre o processo e como a Binance irá trabalhar sua defesa. Na nota divulgada anteriormente, a corretora apenas disse que “se reserva no direito de tomar outras medidas para proteger sua reputação”.

Postagens não deveriam mover o mercado

Sobre o recente rali do Bitcoin e sua nova máxima histórica de US$ 58 mil, atingida em 21 de fevereiro, o country manager da Binance diz que sua visão geral para a criptomoeda não mudou desde 2017 e que vê o ativo seguindo o mesmo caminho desde então.

“Temos as altas parabólicas e depois ocorre uma correção, são ciclos que sempre acontecem”, afirma.

Para ele, este segue sendo um mercado novo e ver o Bitcoin acima de US$ 50 mil não é um sinal de que “a meta foi atingida”, mas de que mais uma etapa do caminho foi percorrida.

Apontado como um dos principais fatores para a alta recente do Bitcoin, a entrada de investidores institucionais no mercado é um grande passo, segundo Da Ros.

Para o executivo, o fato de grandes empresas adotarem o Bitcoin — como PayPal, BNY Mellon e Tesla — não só ajuda a levar o interesse para outras companhias, mas faz com que os governos também avancem com projetos de regulação e melhorias para o mercado, o que é positivo.

Apesar dos fundamentos que sustentaram o rali da criptomoeda desde o ano passado, o Bitcoin segue sendo afetado por movimentos mais “orquestrados”, como a atuação de grupos do fórum Reddit e até mesmo quando grandes nomes do mercado apenas tuítam sobre a moeda digital, como aconteceu com o CEO da Tesla, Elon Musk, que fez os preços subirem 15% em um dia após apenas escrever #bitcoin em sua bio na rede social.

Para Da Ros, altas baseadas nesse tipo de acontecimento mostram que o mercado ainda é jovem. “Um tuíte como esse mostra que ainda há muito para o mercado se desenvolver. No futuro, espero que uma postagem assim não cause tanta volatilidade”, afirma.

87% de alta em 2021

Ainda em outubro de 2020, o Bitcoin operava na casa de US$ 11 mil e, aos poucos, iniciou um movimento de forte alta, conforme empresas como o PayPal e Square adotaram a criptomoeda. Em dezembro, a moeda superou o que era até então sua máxima histórica, de US$ 20 mil.

Em janeiro, o preço da moeda chegou a superar os US$ 40 mil e, em apenas dez dias, passou por uma correção, voltando para os US$ 30 mil, para em seguida engatar um novo rali até sua máxima de US$ 58.330, atingida no fim de fevereiro.

Desde então, o Bitcoin caiu até cerca de US$ 43 mil e hoje opera na casa de US$ 54 mil novamente, mostrando sua forte volatilidade de curto prazo. Por outro lado, desde outubro, a valorização da moeda digital é de 390%, sendo um ganho de 87% apenas em 2021.

O executivo ainda ressaltou que vê o Bitcoin como a única criptomoeda que tem potencial para ter valor monetário, que pode ser definido como dinheiro, mas que ainda está evoluindo para chegar neste patamar.

Sobre outros ativos digitais, Da Ros afirma que o investidor precisa tomar cuidado, já que existem muitas opções no mercado hoje, mas poucas com algum potencial real, seja por serem projetos pouco estruturados ou por já existirem outros ativos melhores com o mesmo fim.

“Olhando para além das 10 ou 20 maiores moedas digitais [em valor de mercado], é complicado apontar alguma para quem é leigo”, alerta.

“Mas é possível existirem oportunidades […] É preciso estudar bastante antes de investir. Educação em primeiro lugar, e isso não serve apenas para criptos”, completa.

Por fim, o executivo afirma ser importante a entrada de grandes empresas estrangeiras de criptomoedas no Brasil, caso da Ripio e da própria Binance, já que elas podem trazer um know-how de quem já conhece regulações de outros países, ajudando até o governo a criar uma regulação melhor no País.

“É uma oportunidade boa para o Brasil. Se o país criar uma boa estrutura, isso pode gerar empregos, impostos. É bom para o país, se ele se posicionar nesse mercado e tomar a frente”, conclui.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.