Bitcoin: dos US$ 20 mil aos US$ 3 mil – o que aconteceu com a revolução das criptomoedas em 2018?

Entenda a queda de 80% do Bitcoin em um ano e o que mudou no sentimento do investidor para criar este pânico em 2018

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Na última segunda-feira (17), o Bitcoin completou um ano de sua máxima histórica, momento em que conseguiu atingir os US$ 20 mil em um cenário de euforia desenfreada sobre as moedas digitais. Desde então, porém, a maior criptomoeda do mundo já perdeu 86% de seu valor, chegando a US$ 3.500 no dia 17 de dezembro de 2018.

Mas o que aconteceu? Foi a bolha estourando ou apenas um movimento “natural” de correção em um mercado ainda em formação?

Para os céticos, este ano marcou o fim do Bitcoin, mas para alguns especialistas e entusiastas, oportunidades estão surgindo em um cenário onde as criptomoedas estão mais maduras e cada vez mais preparadas para enfrentar crises.

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Um ponto importante é entender o cenário na época em que a moeda disparou. Desde o início de 2017, aos poucos, o Bitcoin ganhou espaço nos noticiários e muita gente descobriu as criptomoedas como o “futuro da economia global”, achando que seria uma revolução no curto prazo.

Conforme mais pessoas entravam, mais o preço subia, chegando ao seu auge no último trimestre do ano passado. Segundo Fernando Ulrich, analista-chefe da XDEX, naquele momento era bem claro que uma correção estava chegando e ele alertou os investidores.

“Para muita gente que entrou na euforia, naquele efeito manada, é muito ruim, claro. Mas isso ilustra o que eu sempre falo: estude e saiba onde você está entrando e encare isso como qualquer outro investimento, ou seja, você precisa saber o que está fazendo”, explica Ulrich.

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Já o especialista Safiri Félix lembra que alguns fatores, combinados, também ajudaram a criar o ambiente de euforia. Ele cita um cenário de pouca volatilidade no exterior, com alta para outros ativos de risco, além da explosão das criptomoedas na mídia, colocando no mercado muitas pessoas que não entendiam direito a tecnologia.

2018: o fim do Bitcoin?
O primeiro dia de 2018 já mostrava o quanto o patamar dos US$ 20 mil era insustentável naquele momento, com o Bitcoin abrindo o ano cotado em US$ 13.500. E conforme o preço recuava, todas aquelas pessoas que achavam que a criptomoeda iria subir para níveis inimagináveis começaram a sair, invertendo completamente o movimento.

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Este ano ficou marcado por um cenário de expectativas. A tecnologia segue evoluindo, mas o que se viu foi muita espera por decisões regulatórias no mundo todo, o que “travou” os preços por muitos meses, Porém, com a falta de novidades que pudessem justificar novas altas, veio uma nova onda vendedora nos dois últimos meses, puxando novamente o valor do Bitcoin para baixo.

Porém, mais do que fundamentos, o sentimento do investidor tem sido o mais importante para a definição do preço. O economista Richard Rytenband explica que a onda de euforia do fim de 2017 colocou o nível de fragilidade tanto no curto quanto no médio prazo em patamares muito elevados, ou seja, qualquer pequena piora no ecossistema iria produzir um impacto muito negativo nos preços.

Desde dezembro até janeiro ocorreu a primeira correção, mas ainda era possível ver muitas pessoas animadas, esperando apenas uma retomada do mercado de alta. Isso fica claro no movimento de recuperação dos preços em janeiro, quando o Bitcoin voltou para US$ 17 mil.

“Mas, na sequência do ano, o mercado de baixa foi ficando mais claro a todos. Assim, entramos, de janeiro a agosto, na segunda etapa do mercado de baixa, chamada de reconhecimento, caracterizada pelo desânimo e desinteresse pelo mercado”, explica Richard.

Em seguida o mercado entrou na última etapa, chamada capitulação, em que os investidores que se mantiveram otimistas durante todo mercado de baixa começam a jogar a toalha. O economista explica que, em novembro, esta etapa entrou na fase mais aguda, com o aumento da volatilidade e pânico no mercado.

Diferente do que os céticos falam, os três reforçam que esta queda não tem nada de “fim” para o Bitcoin e que todo este pânico chega a ser saudável, já que tira do mercado essas pessoas que não sabem no que estão investindo. O preço pode estar depreciado, mas agora é mais fácil para a criptomoeda encontrar um preço mais justo, que está acima de US$ 3 mil, mas abaixo dos US$ 20 mil – por enquanto.

2019: a hora da recuperação
O próximo ano já começa com um cenário de oportunidades. É claro que para quem acompanhou todo o mercado nos últimos anos, o medo estará presente, mas a história – e os fundamentos – mostram que a hora de investir é na baixa, e não na alta como fez muita gente no fim de 2017.

“O pessoal entra na alta porque quer aproveitar o bonde e acha que o ativo só vai subir. Mas na verdade são nesses momentos que você tem que ter cautela. Como diria Warren Buffett, se você está comprando um ativo só porque ele está subindo, então você está comprando pelo motivo errado”, afirma Ulrich. “Agora, com essa grande reversão, que seria o momento para entrar e ter exposição no mercado, as pessoas fogem e não querem investir”, completa.

Já para Safiri, o preço atual está bastante depreciado em relação aos fundamentos da tecnologia, mas, por outro lado, o mercado está mais saudável do que quando atingiu os US$ 20 mil. “Os fundamentos ficam de lado quando esse sentimento negativo é grande”, diz.

Para ele, a recuperação tende a ser bem lenta, mas mais consistente, com uma projeção para médio e longo prazo positiva. “O próximo ciclo tem pelo menos um ano e meio e vai de agora até o ‘halving’, previsto para maio de 2020”, explica, citando o evento já previsto no Bitcoin onde a recompensa dos mineradores na criação de novas moedas é cortada pela metade.

“Nesse período o mercado vai ter que encontrar um preço de equilíbrio, se tornar rentável para operadores e mineradores. E a adoção tem que avançar, isso vai ter um papel mais forte na recuperação”, justifica o especialista.

Por fim, Richard alerta para a sinalização de um grande fundo, sinal que já vinha desde novembro, o que gera boas oportunidades para os investidores. “Agora temos início do pânico, com o nível de fragilidade em um patamar muito baixo, sinalizando que qualquer pequena melhora no ecossistema irá produzir um grande impacto positivo nos preços”, conclui.

2019 começa com muitos desafios para o mercado de criptos e é bem possível que muitos projetos desapareçam ao se provarem pouco úteis, mas não será o caso do Bitcoin, que segue como a maior e principal moeda digital do mundo.

Ulrich lembra que este ainda é um mercado novo e que talvez, o que passamos em 2017 tenha sido prematuro, distorcendo um pouco a realidade das criptomoedas. A queda de 80% não é nada quando vemos que o Bitcoin, até março de 2017, valia menos de US$ 1 mil. Não é o fim do Bitcoin, mas também não é hora de ele voltar para US$ 20 mil.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.