Bioenergy pede à Aneel desistência de 547 MW em 19 parques eólicos no Nordeste

Das autorizações, 114 megawatts são de empreendimentos que comercializaram energia em leilões regulados realizados entre 2010 e 2012, o que reduz a oferta para os próximos anos

Reuters

Publicidade

SÃO PAULO – A desenvolvedora de projetos eólicos Bioenergy apresentou pedidos à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para revogação amigável das autorizações para implantação de 19 usinas no Maranhão e no Rio Grande do Norte, em um total de 547 megawatts, devido a problemas financeiros e em meio a uma disputa judicial.

Das autorizações, 114 megawatts são de empreendimentos que comercializaram energia em leilões regulados realizados entre 2010 e 2012, o que reduz a oferta para os próximos anos.

Os projetos, que envolveriam investimentos de 6 bilhões de reais, deveriam iniciar operação em 2013, 2014, 2016 e 2017. Mas nenhuma unidade chegou a ter as obras iniciadas.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

“Não vamos implementar os parques, pois as multas por atraso já são maiores que a rentabilidade dos projetos. Ficou inviável, uma coisa desproporcional”, afirmou à Reuters o presidente da Bioenergy, Sérgio Marques, em entrevista nesta quinta-feira.

Na correspondência enviada à Aneel, a qual a Reuters teve acesso, a Bioenergy afirmou que não foi possível obter financiamento devido à insegurança causada por uma briga judicial com a estatal Empresa de Pesquisa Energética (EPE).

A companhia havia participado do leilão de energia A-5 de 2011 por meio de um mandado de segurança que acabou sendo suspenso em 2013. A Justiça entendeu que a Bioenergy não tinha garantido o uso do terreno que receberia as usinas, que é alvo de disputa com o grupo português de energia Martifer, que alega haver sobreposição entre as áreas de projetos das duas empresas.

Continua depois da publicidade

Uma fonte a par do assunto, que preferiu falar sob a condição de anonimato, afirmou que a Bioenergy tomou muitos riscos, ao apostar que conseguiria antecipar as usinas e vender a produção extra no mercado livre de energia.

Quando os empreendimentos começaram a registrar os primeiros problemas, o modelo caiu por terra, segundo a fonte.

Além disso, a empresa buscava um aporte do BNDESPar que não se concretizou.

Sem acesso a capital e com o plano de antecipação prejudicado, a empresa vendeu duas usinas que tinha já em operação para tentar seguir adiante, mas o elevado patamar do Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) fez com que as penalidades pelo atraso das eólicas, que deveriam entrar em 2013 e 2014, afundassem de vez os projetos. Pelas regras do setor, usinas em atraso precisam comprar energia no mercado para cumprir com as obrigações contratuais.

“Temos quatro liminares favoráveis suspendendo a exigibilidade (das multas por atraso) e estamos conversando com a Aneel, buscando algo equalizável. Estamos esperando que haja uma sensibilidade por parte do governo para que possamos dar continuidade”, afirmou Marques.

A Bioenergy projetava investir 6 bilhões de reais nos projetos, para os quais contava com um acordo preliminar de fornecimento de 377 turbinas junto à General Electric no valor de 1,6 bilhão de reais.

A empresa chegou a receber, em 2011, um aporte de 30 milhões de dólares da Darby, divisão de private equity da Franklin Templeton Investments, que se desfez da participação em 2014.