Binance suspende saques da stablecoin USDC em meio à onda de resgates

Corretora espera bancos nos EUA abrirem para realizar operação necessária para finalizar saques, explica empresa

Paulo Barros

(Vadim Artyukhin/Unsplash)

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A Binance anunciou por volta das 5h20 desta terça-feira (13) a suspensão temporária de saques da USD Coin (USDC), uma criptomoeda indexada ao dólar e emitida pela Circle, uma empresa regulada nos Estados Unidos, e apoiada pela corretora rival Coinbase.

(Atualização: Binance restabelece saques de USDC)

Usuários não podem retirar a stablecoin (moeda que tem paridade com outro ativo) porque a corretora está realizando “swaps envolvendo a USDC”, afirmou a empresa via Twitter. A operação tem ligação com o crescimento repentino no volume de saques na plataforma.

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“No USDC, vimos um aumento nas retiradas. No entanto, o canal para trocar de PAX/BUSD para USDC requer passar por dólares em um banco em Nova York. Os bancos não abrem por mais algumas horas. Esperamos que a situação seja restabelecida quando os bancos abrirem”, explicou o CEO da Binance, Changpeng Zhao.

O BUSD é a stablecoin apoiada pela Binance, emitida pela Paxos, uma custodiante regulada nos EUA. Desde setembro, a Binance vem dando preferência para a BUSD para negociações, mas ainda permite fazer saques em USDC e USDT, desde que uma conversão seja realizada antes. Esse procedimento, esclarece a exchange, requer a intermediação de bancos dada o aumento de volume de retiradas.

“São conversões de 1:1, sem margem ou alavancagem envolvida. Também tentaremos estabelecer canais de swaps mais fluidos no futuro. Enquanto isso, sinta-se à vontade para sacar qualquer outra moeda estável, BUSD, USDT, etc”, disse Zhao via Twitter.

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Em nota, a Binance também ressaltou que “pessoas depositam e sacam recursos todos os dias por diversos motivos diferentes” e que os ativos de usuários são todos lastreados em proporção de um para um, e que a empresa não tem dívidas. “Mantemos saldos nas hot wallets (carteiras quentes, conectadas a uma rede) para garantir que sempre tenhamos fundos mais do que suficientes para atender às solicitações de saque e, conforme necessário, recompomos os saldos destas carteiras”, afirmou a exchange.

Crise de confiança

A Binance passa por uma onda de retiradas em meio a preocupações com seu relatório de prova de reserva, uma espécie de diagrama que mostra endereços de carteiras com moedas de clientes custodiadas na plataforma.

Um relatório de auditoria realizado pela Mazars divulgado pela Binance na semana passada mostrou que as reservas de Bitcoin da corretora estão acima dos passivos. Entretanto, especialistas do setor criticaram o documento por seu escopo restrito, já que faltam informações sobre demais criptomoedas, entre outros detalhes que colocam em dúvida a solvência da empresa.

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Além disso, ontem, a Reuters informou que os promotores dos EUA estão avaliando a possibilidade de acusar a corretora e seu CEO, o sino-canadense Changpeng Zhao, de possível crime de lavagem de dinheiro. As notícias fizeram usuários correrem para sacar recursos da exchange.

Na segunda, as saídas líquidas (a diferença entre o valor dos ativos que chegam e saem da bolsa) atingiram US$ 902 milhões, segundo dados da plataforma de inteligência blockchain Nansen.

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Apesar disso, Henry Fisher, analista da Arkham, considera que o fluxo de saída “não parece notavelmente anômalo”, visto que a corretora tem US$ 64 bilhões em ativos.

O movimento ocorre também no contexto da crise de confiança enfrentada por exchanges após o colapso da FTX – na noite de ontem, o fundador, Sam Bankman-Fried, foi preso nas Bahamas, segundo comunicado do governo local.

Paulo Barros

Editor de Investimentos