BicBanco deve conquistar grau de investimento após ser adquirido por banco chinês

Santiago Carniado, diretor administrativo para bancos da S&P, diz que o aumento da classificação do BicBanco não será automático

Bloomberg

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Os detentores de títulos do Banco do Comércio e Indústria SA não estão esperando a transformação chinesa do credor brasileiro para convencer as empresas de classificação.

Os US$ 300 milhões em notas com vencimento em 2020 do BicBanco (BICB4) atingiram na semana passada a maior alta em quatro anos, de US$ 0,11135, pois os investidores apostaram que o banco conquistará um grau de investimento depois de ser adquirido pelo China Construction Bank Corp., o segundo maior credor em termos de valor de mercado de ações do país asiático. O aumento de 8,2% nos títulos desde que a compra foi anunciada, em 31 de outubro, reduziram o risco de incumprimento implícito para níveis compatíveis com mutuários com grau de investimento, de acordo com os dados compilados pela Bloomberg.

O BicBanco disse na semana passada que os reguladores aprovarão a compra, a primeira realizada por um banco asiático na maior economia da América Latina, até o fim de junho. Controlado pelo governo chinês, o China Construction Bank está classificado como A1 pela Moody’s Investors Service, o sexto menor grau de investimento, e um degrau abaixo como A pela Standard Poor’s.

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“Esses títulos já estão sendo comercializados com base no risco do China Construction Bank, embora a compra ainda não esteja completamente aprovada”, disse Marco Aurélio de Sá, diretor de operações de renda fixa no Crédit Agricole Securities USA, por telefone, de Miami. “Deve haver uma ação positiva de classificação quando a aprovação ocorrer e há espaço para uma compressão do diferencial ainda maior nessas notas”.

Aprovações regulatórias
Milto Bardini, vice-presidente de operações e relações com investidores do BicBanco, disse em uma teleconferência em 15 de maio que o Banco Central do Brasil e os reguladores chineses vão aprovar a venda até o fim do próximo mês. A agência brasileira de regulação da concorrência aprovou a compra em janeiro.

Fundado em 1938 pela família Bezerra de Menezes, o BicBanco disse em 14 de maio que a renda líquida ajustada do primeiro trimestre caiu 90% para R$ 3,8 milhões (US$ 1,71 milhão). O banco cortou os empréstimos em preparação para a mudança, pois pretende enfocar clientes maiores depois que a aquisição for aprovada.

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O portfólio de empréstimos encolheu 10,3% para R$ 12,8 bilhões.

‘Clientes mais fortes’
“A tendência é que o BicBanco se torne um banco muito mais competitivo, focado em clientes maiores e mais fortes, e as classificações vão refletir isso”, disse Leonardo Kestelman, gestor de recursos e diretor administrativo da Dinosaur Securities LLC em São Paulo, por telefone. “O nível deles deve aumentar para um grau de investimento”.

A probabilidade de inadimplência do BicBanco, de 0,2198%, está abaixo do limite superior de 0,52% para mutuários com grau de investimento, de acordo com os dados compilados pela Bloomberg.

Santiago Carniado, diretor administrativo para bancos da S&P, disse que o aumento da classificação para o BicBanco não será automático. A S&P classifica o banco como BB, um nível abaixo do grau Ba1 da Moody’s Investors Service.

“O Brasil é um mercado muito competitivo para os bancos”, disse Carniado em entrevista telefônica da Cidade do México. “Os novos controladores vão precisar compreender realmente o mercado local e a estratégia que eles têm na China terá que mesclar as duas culturas. Isso nem sempre acontece da noite para o dia”.

Os títulos do BicBanco com vencimento em 2020 retornaram 9,31% neste ano, mais do que o dobro do ganho médio para dívidas de alto rendimento nos mercados emergentes, de acordo com os dados compilados pela Bloomberg.

“Este é um momento de transição para o BicBanco e o mercado acredita que os maus resultados do primeiro trimestre são só temporários e que valem a pena”, disse Gilberto Tonello, analista do GBM Grupo Bursátil Mexicano. “Os investidores já estão levando em conta o risco de crédito do futuro controlador, o que explica o bom rendimento dos títulos”.