Bernard Madoff, criador da maior fraude financeira dos EUA, morre aos 82 anos

Esquema Ponzi criado por Madoff prejudicou dezenas de milhares de pessoas em um prejuízo que chega a US$ 65 bilhões

Rodrigo Tolotti

(Reprodução/Facebook)

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SÃO PAULO – Bernard Madoff, conhecido por criar a maior fraude financeira da história dos Estados Unidos, morreu nesta quarta-feira (14) ao 82 anos.

Ele estava cumprindo uma pena de 150 anos de prisão em Butner, Carolina do Norte, onde era tratado de uma doença renal terminal, segundo disse seu advogado.

Bernard Lawrence Madoff nasceu no Queens, em Nova York, em 29 de abril de 1938, filho de Sylvia e Ralph Madoff, um encanador que se tornou corretor da bolsa.

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Por mais de 50 anos, Bernie (como era chamado) foi renomado em Wall Street: um grande administrador de dinheiro que fundou sua própria empresa aos 22 anos e se tornou chairman da Nasdaq em 1990. Ele foi ajudou a desenvolver alguns dos sistemas e estruturas que moveram o mercado de ações para além do pregão regular e deu origem a negociações modernas e eletrônicas.

Sua vida, porém, desabou em 2008, quando foi descoberta sua fraude financeira.

O esquema Ponzi criado por Madoff prejudicou dezenas de milhares de pessoas em um prejuízo que chega a US$ 65 bilhões. Em 2009, ele confessou ser culpado do esquema, que, segundo as investigações, começou na década de 1970 e fraudou cerca de 37 mil pessoas em 136 países ao longo de quatro décadas. Madoff foi preso em 11 de dezembro de 2008 depois que seus dois filhos o denunciaram.

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Entre as vítimas de seu esquema estão nomes famosos como o diretor Steven Spielberg, o ator Kevin Bacon, o ex-proprietário do New York Mets Fred Wilpon e o ganhador do Prêmio Nobel da Paz Elie Weisel.

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Por outro lado, Madoff afirmava que seu esquema fraudulento só começou nos primeiros anos da década de 1990, quando, segundo ele, “o mercado estagnou devido ao início da recessão e da Guerra do Golfo”.

Em 2013, em um e-mail enviado para o site CNBC, ele disse que a quebra no mercado que deu início à Grande Recessão levou à criação do golpe. “Achei que seria apenas uma negociação de curto prazo que poderia ser compensada assim que o mercado se tornasse receptivo[…] O resto é minha trágica história de nunca ser capaz de me recuperar”, escreveu ele.

De acordo com os investigadores, durante anos Madoff não executou uma única ordem de negociação para os clientes de sua consultoria, a Bernard L. Madoff Investment Securities LLC. O que ele fazia era depositar os fundos dos investidores em uma conta bancária, usando o dinheiro de novos clientes para pagar os antigos, um clássico esquema de pirâmide.

Com isso, ele maquiava as suas demonstrações financeiras. Essas notas, ao todo, mostraram um retorno de US$ 50 bilhões, mas era tudo mentira.

O escândalo da empresa de Madoff abalou a confiança dos investidores, que já estava prejudicada pela crise financeira da época. E o caso teve grande impacto na Securities and Exchange Commission (SEC), que passou por grandes mudanças por não ter percebido a fraude durante anos, mesmo com avisos e sinais claros do que estava acontecendo.

Uma investigação subsequente pelo inspetor geral da SEC, H. David Kotz, descobriu que, em vez de seguir evidências claras de fraude, os funcionários do órgão regulador decidiram aceitar a palavra de Madoff de que sua operação era legítima. “Quando Madoff forneceu respostas evasivas ou contraditórias a questões importantes em depoimentos, eles simplesmente aceitaram suas explicações como plausíveis”, disse Kotz.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.