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SÃO PAULO – Em discurso no Congresso norte-americano, o presidente do Federal Reserve, Ben Bernanke, destacou que o fim prematuro da política de estímulos não levaria a um crescimento sustentável da economia norte-americana.
“Um aperto da política monetária pode levar as taxas de juros a subirem temporariamente, carregando o risco substancial de abrandar ou interromper a recuperação econômica, o que faria a inflação cair ainda mais”, aponta Bernanke.
Este cenário indica, afirma Bernanke, de que está preparado para aumentar ou reduzir o ritmo de compra de ativos dadas as perspectivas para o mercado de trabalho e inflação.
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Ele ressaltou ainda que, apesar da melhora, o mercado de trabalho permanece “fraco em geral”, enquanto a inflação tem permanecido baixa. Bernanke observa que as medidas de expectativa de inflação de longo prazo ficaram estáveis e que o Fed espera que o inflação “correr abaixo de 2%”, a meta da autoridade monetária, destacando os menores custos de energia.
Desde dezembro, o Fed segue com a política de manter o juro baixo até o desemprego cair abaixo de 6,5% ou a inflação ficar acima de 2,5%.
Assim, apesar do cenário estar melhorando, principalmente no mercado de trabalho, com o desemprego caindo para o menor nível – de 7,5% – a taxa de desemprego ainda está acima dos níveis considerados “bons” para uma recuperação mais consistente. Com isso, o presidente do Fed seguiu defendendo o foco dual na inflação e no desemprego.
Em entrevista ao Market Watch, Eric Green, da TD Securities, destacou que o tom do discurso destaca claramente o incentivo de Bernanke de manter o atual programa de Quantitative Easing intacto.
Quando diminuirá o ritmo de compras?
Perguntado quando o Federal Reserve irá diminuir a compra dos títulos, Bernanke disse que será em algum dos próximos encontros. O deputado republicano, Kevin Brady, tentou tirar uma afirmação de Bernanke, perguntando se seria antes da comemoração do Dia do Trabalho nos EUA, comemorado em setembro. Entretanto, Bernanke se esquivou.
O Quantitative Easing 3 é um programa de estímulos do governo que consiste na compra mensais de US$ 85 bilhões em títulos.Os próximos encontros do ano acontecerão em 18-19 de junho, 30-31 de julho, 17-18 de setembro, 29-30 de outubro e 17-18 dezembro.
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Segundo ele, a estabilidade financeira é o principal risco do programa de compra de ativos, mas uma economia mais fraca também representa um risco a estabilidade tão grande quanto. Ele destaca que a diminuição do ritmo de compras não será fácil para o mercado, principalmente por causa do risco de uma correção nos mercados.
Bernanke salientou que o Fed não venderá os títulos lastreados em hipotecas, quando os bancos centrais passar a apertar a política de estímulos. De acordo com Lou Crandall, economista-chefe da Wrightson ICAP, o Fed está tentando manter os preços nos mercados no caso de uma diminuição do ritmo do QE3.
De acordo com o economista-chefe da High Frequency Economics, Jim O’Sullivan, as falas de Bernanke e o discurso na véspera do presidente do Fed de Nova York, William Dudley, “é consistente com a expectativa de redução do ritmo de compras de títulos no encontro do Fomc (Federal Open Market Committee) em setembro.
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Política Fiscal
Bernanke destacou ainda que a política fiscal está exercendo um problema substancial sobre a economia este ano, em meio às expectativas de cortes no orçamento – que podem afetar o crescimento norte-americano em cerca de 1,5% do PIB. Com isso, aponta o presidente do Fed, a política monetária não terá a capacidade de compensar um vento contrário de tamanha manigtude.