BC: lucro dos bancos chega a R$ 138 bilhões nos 12 meses encerrados em junho de 2022

Autoridade monetária disse que lucro de bancos deve continuar resiliente, mas alerta para aumento de riscos

Estadão Conteúdo

(Rmcarvalho/Getty Images)

Publicidade

O lucro líquido do sistema bancário foi de R$ 138 bilhões nos últimos 12 meses encerrados em junho de 2022, resultado 5% superior ao registrado em 2021 e 20% acima do observado nos 12 meses encerrados em junho de 2021. Os dados são do Relatório de Estabilidade Financeira (REF), divulgado nesta quinta-feira, 3, pelo Banco Central (BC).

Já o Retorno Sobre Patrimônio Líquido (ROE) do sistema bancário atingiu 15,1% em 12 meses até junho de 2022, a mesma taxa registrada em dezembro do ano passado.

Segundo o BC, a rentabilidade do sistema bancário deve se manter resiliente, mas o cenário econômico marcado por condições financeiras restritivas e inflação elevada, exige atenção por parte das instituições.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

A autoridade monetária ainda alertou que uma eventual piora da atividade econômica e deterioração da qualidade do crédito podem afetar os resultados dos bancos à frente.

Cenário global

O Banco Central no REF que o cenário global se deteriorou, mas o sistema financeiro das principais economias segue resiliente. Segundo o BC, há preocupações com a manutenção da política de covid-zero e a contração do mercado imobiliário na China, assim como com as consequências do conflito geopolítico para a inflação e para a economia da Europa.

Continua depois da publicidade

“Entretanto, testes de estresse realizados pelas jurisdições indicam que o sistema financeiro global permanece preparado para suportar choques adicionais, o que minimiza a preocupação levantada na PEF Pesquisa de Estabilidade Financeira com cenário externo”, ponderou o BC no relatório.

Crédito

O Banco Central também mostrou que o crescimento do crédito amplo no Brasil continuou condizente com os fundamentos econômicos, mas alertou que a materialização do risco de crédito aumentou no primeiro semestre deste ano devido a concessões mais arriscadas nos períodos anteriores. As avaliações está contidas no Relatório de Estabilidade Financeira.

Segundo o BC, a materialização do risco para as famílias cresceu de forma relevante este ano no crédito não consignado, no cartão de crédito e no financiamento de veículos. Além disso, a autarquia afirmou que a capacidade de pagamento dos tomadores de crédito piorou, mesmo diante da recuperação econômica e do aumento do emprego. “O cenário ainda é de renda das famílias cada vez mais comprometida com dívidas mais onerosas, como cartão de crédito e crédito não consignado.”

O BC destacou que o crédito não consignado permanece crescendo mais em operações de maior risco, sem garantia ou com garantia fidejussória. Em relação aos veículos, o órgão disse que ainda predomina o financiamento de usados, com prazos mais longos.

“Nesse sentido, cresce a preocupação com o efeito de eventual frustração da atividade econômica sobre a materialização do risco de crédito. Diante de tal quadro, o Comef (Comitê de Estabilidade Financeira) reiteradamente tem avaliado ser importante as IFs continuarem preservando a qualidade das concessões”, explicou.

O órgão também disse que os ativos problemáticos (APs) das microempresas aumentaram, apesar do forte crescimento da carteira. “O apetite ao risco das IFs seguiu elevado no crédito para microempresas e para famílias. A estimativa da qualidade das contratações para as microempresas ao longo do primeiro semestre manteve-se em nível inferior à dos períodos anteriores”, disse o BC.

Índice de Liquidez

O Índice de Liquidez (IL) do Sistema Financeiro Nacional (SFN) passou de 2,2 em dezembro do ano passado para 1,9 em junho de 2022, conforme a mediana divulgada no Relatório de Estabilidade Financeira.

Esse indicador é usado para avaliar a capacidade de pagamento de instituições financeiras em relação a suas obrigações. Ele representa a relação entre os ativos mais líquidos do sistema bancário e a honra de seus compromissos em um prazo de 30 dias. Quanto maior o número, mais confortável é a situação de liquidez dos bancos.

Já o Índice de Liquidez Estrutural (ILE) não foi atualizado no REF. A última informação disponível é a de dezembro de 2021, quando chegou a 1,3, considerando a mediana. O desejável é ter um índice perto ou acima de 1, já que esse termômetro serve para verificar quanto as instituições possuem de recursos estáveis em seus passivos para fazer frente a um ativo de mais longo prazo – seja ele crédito, investimento ou participação societária, entre outros.