BB reforça foco em integração digital e vê melhora de margens em 2022; analistas ainda se dividem sobre ação

Analistas mais otimistas veem ação como muito descontada, enquanto mais cautelosos não veem tantos catalisadores no curto prazo

Lara Rizério

Aplicativo do Banco do Brasil

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SÃO PAULO – O Banco do Brasil (BBAS3) realizou seu Investor Day na última segunda-feira (4), contando com os principais executivos do banco estatal.

O evento abordou os seguintes temas: i) Transformação cultural; ii) Relacionamento com o cliente; iii) Transformação digital; iv) Agronegócio; e v) Riscos e Sustentabilidade.

Conforme apontam analistas, como os da XP em relatório, a principal mensagem da gestão foi a importância do negócio orientado ao cliente e a integração dos canais físicos e digitais para se adaptar ao atual cenário competitivo.

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Na avaliação do Credit Suisse, o banco deixou claro os esforços para expandir as iniciativas digitais, soluções e especialmente em cibersegurança, mas também destacou que confia muito na forte presença física no Brasil como chave para implementar uma estratégia de multicanalidade de sucesso.

Além disso, apontam os analistas do banco suíço, a personalização e experiência do cliente segue como foco e o BB deve buscar uma abordagem diferente para cada tipo de cliente. Os executivos citaram alguns exemplos como cartão de crédito com maior limite para jovens, gerentes para clientes alta renta e mais produtos focados em gaming.

O Bank of America ressalta a visão, baseada nas falas de executivos, que a margem financeira do Banco do Brasil poderia se beneficiar de um melhor portfolio de empréstimos em 2022, com um balanço robusto (alta cobertura de reservas) devendo ser capaz de suportar a expansão de empréstimos com spread maior (como cartões e empréstimos sem garantia) e manter
o custo do risco  em níveis “normalizados”.

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Por outro lado, as receitas com taxas devem ser pressionadas de contas correntes mais baixas e taxas de transferência eletrônica, impactadas principalmente por Pix. Apesar disso, a gestão notou um maior esforço em assessoria de investimento, através de mais de 800 especialistas profissionais em toda a sua rede de agências.

O banco ainda apontou que pretende manter sua capilaridade e rede de pontos de atendimento em diversos modelos, desde filiais até lojas especializada em investimentos ou serviços agro. Além disso, o banco investiu pesadamente em nuvem
e na digitalização de seus sistemas, podendo operar com uma estrutura de custos muito menor combinando nuvem com sistemas legados.

O tema ESG também apareceu como destaque e o banco tem como meta chegar a 30% de mulheres em cargos de liderança e 23% de negros e pardos. Além disso, também entraram na questão climática com o objetivo de aumentar investimentos sustentáveis em três vezes até 2025.

Conforme aponta o Credit Suisse, foi tranquilizador que o banco tenha reiterado o compromisso com eficiência, lucratividade e criação de valor.

Sobre o risco de interferência política, a gestão apontou que a maioria do conselho é independente e que a empresa conta com governança e faz parte do Novo Mercado.

O BB trabalha para reduzir a diferença de rentabilidade versus os players privados, tendo como estratégia a melhora de mix com portfólio mais rentável. Além disso, a alta de juros e níveis de provisionamento voltando aos patamares pré-pandemia também devem influenciar positivamente os níveis de retorno, apontou a gestão.

“De maneira geral, temos uma visão positiva do evento e reiteramos nossa recomendação de compra para o BB com preço-alvo de R$ 52 [upside de 78%], com base em: i) múltiplos atrativos; ii) dividend yield [dividendo sobre preço da ação] atraente, pois vemos um dividend yield de 15% em 2022; e iii) operacionalmente defendido, com participação relevante de crédito consignado e rural na carteira”, avaliam os analistas da XP.

O Bank of America também reiterou sua recomendação de compra para os ativos, com preço-alvo de R$ 44, ou potencial de alta de 51%, destacando também o desconto em relação aos seus pares privados do setor.

Analistas do Safra também apontaram que as ações do BB estão “extremamente descontadas”, o que eles atribuem ao aumento do prêmio de risco do país e preocupações sobre governança em razão de ruídos políticos que podem permanecer até as eleições em 2022.

Eles reiteraram recomendação “outperform” para os papéis do banco, com preço-alvo de R$ 48 (upside de 64%). Os analistas veem múltiplos bastante atrativos, considerando os resultados, avaliando que o banco está mostrando boa recuperação em seus números para 2021 e observando sinais de que tal tendência deve continuar em 2022.

Por outro lado, o Credit Suisse manteve sua recomendação equivalente à neutra, com preço-alvo de R$ 38, ainda que com potencial de alta de 30% para a ação. Na mesma linha, o Bradesco BBI tem recomendação neutra, com preço-alvo de R$ 39 (upside de 33%) apontando que, apesar da visão positiva, não vê nenhum catalisador de curto prazo que possa reduzir sua lacuna de avaliação para seus pares privados.

Segundo consenso Refinitiv, de 16 casas de análise que cobrem o papel, 8 têm recomendação de compra e 8 neutra, com preço-alvo de R$ 43,65, ou avanço de 49,5% em relação ao último fechamento.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.