Bastante aguardados, o que os discursos de 3 líderes do Fed sinalizaram para o mercado?

Os discursos de James Bullard, de Saint Louis, Jeffrey Lacker, de Richmond, e Richard Fisher, de Dallas, reforçam cenário de redução de estímulos à economia dos EUA já nas próximas reuniões

Lara Rizério

Publicidade

SÃO PAULO – Na última segunda-feira (9), os mercados mundiais aguardaram ansiosos pelos discursos de três líderes regionais do Federal Reserve, que poderiam dar sinalizações sobre os próximos passos de política monetária que serão dados na última reunião do ano, que ocorre na próxima semana. Na véspera, três presidentes regionais do Fed discursaram: James Bullard, de Saint Louis, Jeffrey Lacker, de Richmond, e Richard Fisher, de Dallas. 

Conforme aponta a LCA Consultores, os três líderes se manifestaram a favor do “tapering”, expressão usada para designar o início de uma retirada dos estímulos à economia pela autoridade monetária através do programa QE3 (Quantitative Easing 3), com a compra de US$ 85 bilhões mensais em títulos.

James Bullard, aponta a consultoria, fez sua manifestação mais contundente em favor da redução do programa de compra de ativos. Bullard, que deixa de ser membro votante em 2014, disse que a taxa de desemprego e a criação de vagas melhoraram de forma substancial desde setembro de 2012. No entanto, como a inflação segue preocupantemente baixa, o “tapering” deveria proceder de forma bastante gradual. Além disso, ele espera um detalhamento maior das taxas de financiamento quando o desemprego atingir 6,5% e a realização de entrevistas coletivas após cada reunião do Fomc (Federal Open Market Committee).

Continua depois da publicidade

Já Lacker tem uma visão mais cética sobre o crescimento norte-americano nos próximos anos, aponta a consultoria. Ele acredita que o crescimento potencial do país tenha recuado para 2% ao ano, e que, portanto, não vale a pena seguir com o programa de compra de ativos, uma vez que os riscos superam os benefícios. Atualmente, Lacker não é membro votante do Fomc, função que exercerá apenas em 2015.

Enquanto isso, Fisher voltou a defender o fim do QE3. Considerado um dos presidentes mais hawkish (mais “duro”) dentro do Fed, ele não acredita que o programa tenha dado qualquer contribuição ao crescimento, se restringindo a elevar os lucros do sistema financeiro. A consultoria lembra que o presidente do Fed de Dallas passa a integrar o colegiado votante a partir de 2014.

Assim, “no conjunto, em que se pese o ceticismo de Fisher e Lacker em relação à eficácia do programa de compra de ativos, é possível afirmar que a fala dos presidentes das unidades regionais do Federal Reserve reforçam o cenário de início do tapering já nas próximas reuniões do Fomc”, avaliam os economistas da LCA.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.