Bancos centrais preparam planos de contingência contra moratória dos EUA

Faltando apenas dois dias para o prazo final para que os EUA elevem o teto de sua dívida, estrategistas começam a se preparar para evitar consequências piores caso o país não tome uma decisão

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Faltam apenas dois dias para que os EUA estourem o prazo para elevarem o teto da dívida e evitem entrar em moratória. Com esse cenário limite, diversos bancos centrais pelo mundo começam a preparar planos de contingência para manter seus mercados financeiros em funcionamento caso os EUA não honrem sua dívida.

Em entrevista à Bloomberg, autoridades afirmaram que alguns estrategistas discutiram possíveis respostas nas reuniões anuais do FMI (Fundo Monetário Internacional) em Washington no fim de semana. Discussões estas que continuaram após o encontro.

Jon Cunliffe, que entrará para o Banco da Inglaterra como vice-presidente para a estabilidade financeira em novembro, afirmou na última segunda-feira (14) a legisladores do Reino Unido que o fato de esse problema ter sido resolvido no passado várias vezes não é motivo para que ninguém prepare um plano de contingência. “Eu espero que o Banco da Inglaterra esteja planejando isso. Eu espero que os atores do setor privado estejam fazendo isso e os outros países também”, afirmou Cunliffe.

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“Os bancos têm ao seu alcance uma gama de ferramentas para assegurar que o sistema opere de forma apropriada, que as condições de liquidez continuem normais em todo tipo de eventualidades”, disse a repórteres, em Washington, o presidente do Bank of Canada, Stephen Poloz, na última semana.

Ninguém pode evitar as consequências
Apesar de estarem se preparando, uma moratória dos EUA seria uma situação complicada para o mundo todo. Alguns executivos afirmaram à agência norte-americana que nem mesmo os mais poderosos bancos centrais do mundo têm as armas para conter as consequências potenciais de um chamado default técnico.

“Será como colocar band-aids em uma ferida aberta”, disse o co-CEO do Deutsche Bank, Anshu Jain, em um painel de discussão organizado pelo Instituto de Finança Internacional em Washington no fim de semana. Já o CEO da JPMorgan, Jamie Dimon, disse que seu banco calculou que provavelmente movimentará seis ou sete bilhões de dólares por semana em benefícios como Seguridade Social, vale-refeição e benefícios a veteranos.

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Por outro lado, Dimon afirmou que seria difícil de se preparar para a moratória. “Você não sabe o efeito cascata disso sobre os fundos de mercados monetários, as pessoas começam a sacar linhas de crédito, as pessoas não sabem se o efeito colateral é bom”, disse ele. “Nós não podemos ter uma moratória de dívida”, concluiu.

Apesar de estarem se preparando, alguns líderes de bancos centrais entendem ser quase impossível a falta de um acordo nos EUA. “É impensável que não se possa chegar a um acordo”, disse a repórteres o presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi.

Já o ministro das Finanças japonês, Taro Aso, disse a Bloomberg Television, que “não há outra maneira, só o governo dos EUA e o Congresso dos EUA podem resolver o problema”.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.