Bancos afundam 4% após corte do UBS, siderúrgicas desabam até 9% e small cap sobe 13% apesar de fracasso com OPA

Confira os principais destaques de ações da Bovespa nesta sessão

Paula Barra

Setor extrativo foi destaque de baixa em janeiro, mas projeções para o ano são boas

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SÃO PAULO – O Ibovespa acentuou perdas nesta quarta-feira (12), com a derrocada dos bancos, em meio ao corte de recomendação do UBS, e reviravolta das ações da Vale, que se descolaram do rali do minério e viraram para queda, após alta de mais de 1% na máxima do dia. Já os papéis da Petrobras conseguiram se salvar do dia de sell-off na Bolsa, seguindo a disparada dos preços do petróleo no mercado internacional. 

O petróleo abriu a semana em alta de 2,6% nos Estados Unidos, depois que um grupo de países produtores de petróleo de fora da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), incluindo a Rússia, concordou em cortar a produção em 558 mil barris diários.

Fora do índice, chamaram atenção as ações PNs da small cap Tectoy, que amenizaram alta de até 40%, após a BM&FBovespa comunicar que a OPA (Oferta Pública de Aquisição) da empresa não ter sucesso para fechar capital.  

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Confira abaixo os principais destaques de ações da Bovespa nesta sessão:

Vale (VALE3, R$ 29,49, -0,41%; VALE5, R$ 26,23, -1,21%)
As ações da Vale e Bradespar (BRAP4, R$ 15,55 -2,20%) – holding que detém participação da Vale – se descolaram do minério de ferro e viram para queda nesta sessão. O minério de ferro spot (à vista), negociada no porto de Qingdao com 62% de pureza, fechou em alta de 2,35%, a US$ 83,58. 

No radar, o BTG Pactual alerta para as dificuldades atuais em relação ao case de investimentos da Vale. “O que fazer com as ações a esse nível de preços”, questionam os analistas. Segundo eles, se por um lado, a geração de caixa segue muito forte, o que garante uma desalavancagem acelerada (perto de 22% do yield do fluxo de caixa livre), por outro, o preço do minério de ferro está chegando no pico. 

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Eles comentam que o correto seria vender cíclicos quando os múltiplos estão baratos, mas a grande questão aqui é o “timing“, uma vez que a Vale pode gerar US$ 5 bilhões de fluxo de caixa livre somente no 1° semestre do ano que vem. No entanto, a correlação da performance do papel com o preço do minério é enorme – sendo que há cada US$ 1/tonelada, o impacto no valor presente líquido da empresa é de 6%, o que traduz em uma volatilidade muito grande. “Dito tudo isso, o call certamente não é trivial, mas seguimos com recomendação neutro para ação e preço-alvo de US$ 9,00 por ADR”, comentaram. Segundo eles, o racional por trás disso é que acreditam que o preço do minério vai cair. Pelas contas do banco, a Vale está descontando minério a US$ 55 a tonelada. 

Também hoje o banco Santander trouxe uma avaliação sobre Vale: os analistas, no entanto, deram destaque para o processo de desalavancagem da mineradora, que deve caminhar mais rápido que o previsto anteriormente. Os analistas consideram que há um ‘momentum’ sustentando o desempenho da ação.

Em função de estimativas melhores para 2017, os analistas do Santander decidiram elevar o preço-alvo do ADR da Vale para o fim de 2017, mas ainda vendo um potencial de ganho limitado frente aos níveis atuais do papel. O preço-alvo foi elevado de US$ 6 para US$ 9, ante fechamento de US$ 8,78 na sexta-feira (9). 

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O Santander estima que o Ebitda da mineradora em 2017 deve ser de US$ 11,8 bilhões, 52% maior do que estimativa anterior, “dada a recente recuperação das principais commodities metálicas e seu efeito carryover”. Ainda segundo os analistas do banco, o preço médio da tonelada do minério de ferro 2017 em deve ficar em US$ 54, US$ 2 por tonelada a mais do que a estimativa anterior.

Petrobras (PETR3, R$ 18,35, +0,88%; PETR4, R$ 15,60, +0,13%)
As ações da Petrobras se salvaram do dia negativo no mercado brasileiro, com a disparada dos preços do petróleo no mercado internacional. O contrato do petróleo WTI, negociado nos EUA, fechou em alta de 2,6%, a US$ 52,83 o barril.   

No radar, o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) aprovou, sem restrições, a venda de fatia da Petrobras em campo à Total, segundo informou o órgão antitruste brasileiro em seu site.

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O acordo envolve a transferência da participação de 50% no campo de Xerelete Sul à Total, que passará a deter 100% da concessão. Em outra decisão, o Cade considerou a compra da Alesat pela Ipiranga como ‘complexa’, pedindo mais informações para avaliar a transação.

Bancos 
As ações do setor bancário ajudaram a trazer o sentimento negativo ao mercado: os papéis do Banco do Brasil (BBAS3, R$ 25,75, -4,77%), Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 8,07, -4,13%), Bradesco (BBDC4, R$ 27,68, -4,16%) e Itaúsa (ITSA4, R$ 8,07, -3,93%) – holding que detém participação no Itaú – desabaram mais de 4%, figurando entre as maiores quedas do Ibovespa nesta sessão.  

No radar, o UBS cortou a recomendação das ações dos bancos brasileiros para neutra, devido às expectativas de crescimento mais fraco do PIB (Produto Interno Bruto) do País e instabilidade política. Por outro lado, o UBS elevou a recomendação dos bancos mexicanos para overweight (exposição acima da média). 

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Além disso, o programa semanal “Na Mira do Trader”, do trader profissional Wagner Caetano, alertou que o “tempo fechou” para as ações do setor. O analista Thiago Bisi, da L&S Análise, que participou desta edição do programa, disse que o cenário está muito complicado para o setor, enquanto Caetano ressaltou que a ação do Itaú Unibanco perdeu hoje o importante patamar dos R$ 33,90 (confira a análise completa clicando aqui). 

Tectoy (TOYB3, R$ 3,00, +31,00%; TOYB4, R$ 2,85, +13,55%)
As ações PNs da fabricante brasileira de eletrônicos Tectoy – que possuem mais liquidez na Bolsa – amenizaram disparada, após anúncio de que a empresa não teve sucesso para fechar seu capital nesta segunda-feira. Embora tenha desacelerado após atingirem alta de 39,4%, a R$ 3,50, os papéis ainda fecharam com ganhos expressivos. Já as ações ONs da companhia seguiram em forte alta, mas inferior à máxima do dia, quando subiram 73,80%, a R$ 3,98. 

A Tectoy anunciou a OPA em 7 de março, informando um preço de R$ 2,20 para os papéis preferenciais e R$ 1,45 para os preferenciais, considerando a média das cotações dos 90 pregões anteriores. A companhia tem 14% de suas quase 5,3 milhões de ações em circulação. 

Recomendações
Além da revisão nas siderúrgicas, mais outras três recomendações agitam o radar do mercado nesta sessão. 

O Itaú BBA elevou a recomendação da MRV Engenharia (MRVE3, R$ 10,75, +0,19%) de market perform (em linha com o mercado) para outperform (acima da média do mercado).

Além dele, o BTG Pactual comentou que a reunião da MRV – realizada na última sexta-feira com analistas e investidores – trouxe um tom positivo para ao case. “A MRV está mto confortável com suas operações e demanda no ‘Minha Casa, Minha Vida’, e esperam continuar crescendo em 2017″, comentaram os analistas. Além disso, eles destacam que a empresa já está falando em aumentar dividendos e retomar o programa de recompra de ações. “Nesse nível de preço, o papel está atrativo”, comentaram. 

Já o banco UBS elevou a recomendação da Equatorial (EQTL3, R$ 51,45, -1,08%) de neutra para compra. 

Por fim, o UBS também também elevou de neutra para compra a recomendação da Braskem (BRKM5, R$ 32,52, +0,99%), passando o preço-alvo de R$ 29,00 para R$ 45,00 por ação. 

Siderúrgicas
As ações das siderúrgicas Gerdau (GGBR4, R$ 12,12, -5,83%), Metalúrgica Gerdau (GOAU4, R$ 5,06, -8,66%), Usiminas (USIM5, R$ 3,91, -2,00%) e CSN (CSNA3, R$ 11,04, -2,30%) desabaram, aparecendo como as piores ações do Ibovespa desta segunda-feira. Assim como a Vale, esses papéis se descolaram do rali do minério de ferro nesta sessão.  

No radar, o banco Santander elevou a recomendação da Usiminas de manutenção para compra. Já o Santander rebaixou a recomendação da Gerdau de compra para manutenção.