Banco do Brasil tem pior trimestre em 20 anos; 7 ações caem mais de 40%

Trimestre "azedo" na Bolsa teve apenas 14 papéis registrando alta, a maioria favorecido pela disparada do dólar no período

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Fim de trimestre e o Ibovespa segue em queda, com perdas de 15,11% nos últimos três meses. E quando se olha para as ações que compõem o índice isso fica bem claro, já que apenas 14 dos 64 papéis que fazem parte do benchmark registraram desempenho positivo no terceiro trimestre. Enquanto isso, 7 ações encerraram este período com perdas de mais de 40%.

Na ponta positiva o destaque ficou com as companhias exportadoras, que foram muito favorecidas neste períodos por conta da disparada de 27,5% do dólar, que saltou de R$ 3,1089 para R$ 3,97. Neste cenário, ficam entre as mais beneficiadas as empresas de papel e celulose, colocando a Fibria (FIBR3, R$ 53,80, +26,83%) como a maior alta dos últimos três meses, enquanto a Suzano (SUZB5, R$ 19,29, +16,63%) e a Klabin (KLBN11, R$ 21,88, +14,61%) ficaram na 4ª e 6ª posições, respectivamente.

Ainda entre os maires ganhos do terceiro trimestre apareceram a Marfrig (MRFG3, R$ 7,17, +26,01%), Braskem (BRKM5, R$ 16,67, +22,39%) e Embraer (EMBR3, R$ 25,50, +7,96%), todas com um perfil exportador. Com ganhos menores, estiveram ainda a JBS (JBSS3, R$ 16,80, +2,69%) e a BRF (BRFS3, R$ 70,59, +8,30%).

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Gerdau e Gol lideram perdas
Na outra ponta, o pior desempenho ficou com a Metalúrgica Gerdau (GOAU4, R$ 2,92, -53,80%), que além do complicado momento para o setor siderúrgico, pressionado principalmente pela fraca economia nacional, também foi bastante prejudicada por uma reestruturação “na hora errada”.

Anunciada no início de julho, a reestruturação da Gerdau envolveu a aquisição de fatias minoritárias na Gerdau Aços Longos, Gerdau Açominas, Gerdau Aços Especiais e Gerdau América Latina Participações, por um total de R$ 1,986 bilhão. Apesar de parecer positiva, o mercado criticou a medida, com analistas avaliando que o momento foi errado e que a companhia “pagou caro” por isso. O reflexo veio nas ações, que ficaram entre as maiores perdas.

Destaque também para a Gol (GOLL4, R$ 3,67, -50,20%), que foi bastante prejudicada pela alta do dólar. Apesar de contar com uma pequena parcela de sua receita em dólar, mais de 50% dos custos da empresa também são denominadas em moeda americana, sendo a compra de combustível o maior peso por ser lastreado na divisa e ser o insumo essencial do negócio da companhia. Além disso, cerca de metade de seu endividamento está exposto a variações cambiais. A queda da Gol acabou levando junto ainda os papéis de sua controlada Smiles (SMLE3, R$ 30,05, -42,97%).

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Banco do Brasil
As preocupações com o aumento da CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) se somaram às vendas das ações do banco pelo fundo soberano para investir em títulos do Tesouro e o Banco do Brasil (BBAS3) teve sua maior queda trimestral desde o primeiro trimestre de 1995, quando recuou 36,93%.

O BB caiu 35,94% nos últimos três meses. O mercado ainda penalizou o BB pelas novas linhas de crédito abertas por BB e pela Caixa ao setor automotivo. As interpretações do mercado foram de que o governo estava voltando a usar os bancos públicos para intervir na economia.

Petrobras sobe no fim, mas cai 40%
A Petrobras (PETR3; PETR4) até pode ter disparado na última sessão do mês, mas não evitou ficar entre as maiores quedas do trimestre, recuando 39,13% no caso dos papéis ordinários e 43,04% para os preferenciais, cotados a R$ 8,54 e R$ 7,24, respectivamente. Não bastasse a crise que a empresa passa com as investigações de corrupção, o dólar se tornou um dos principais fatores de pressão para a companhia, o que levou, inclusive, ao reajuste dos combustíveis.

Hoje a estatal é a companhia mais endividada do mundo: cerca de R$ 522 bilhões. Para se ter uma ideia, a cada R$ 0,10 de alta do dólar, a dívida da companhia aumenta em R$ 10 bilhões. Além disso, aproximadamente 40% de sua receita é proveniente da venda de derivados, gasolina e diesel, que por sua vez ocorrem em moeda local e os preços não são ajustados automaticamente à variação do dólar. Assim, o gap dos preços aumenta e as perdas no segmento de refino se expandem, dado a necessidade de continuar importando derivados para abastecer o mercado interno.


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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.