Banco do Brasil: Com negativa de Bolsonaro e outras prioridades, plano de privatização é mais uma vez adiado

Conforme destaca o Bradesco BBI, a privatização seria vista como positiva pelo mercado, principalmente no atual contexto fiscal (mas há obstáculos)

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Como já aventado pelos jornais desde que a primeira notícia sobre o assuntou voltou à tona, o presidente Jair Bolsonaro negou publicamente a intenção de privatizar o Banco do Brasil (BBAS3). Na véspera, o jornal O Globo havia destacado que a equipe econômica do governo estudava vender o controle da estatal até 2020, mas ainda faltaria convencer o presidente. Mesmo assim, os ativos BBAS3 subiram cerca de 2% na véspera, acima dos seus pares, e seguiu com ganhos nesta terça-feira.

Hoje, pela amanhã, Bolsonaro afirmou: “Olha só, eu vi na capa, foi no Globo de ontem, que […] diz que pessoal começa a estudar privatização do Banco do Brasil. Servidor de terceiro escalão fala aquilo, eu não tenho nada a ver com isso. Eu não tenho como controlar centenas de milhares de servidores no Brasil. Da minha parte, não existe qualquer intenção de pensar em privatizar Banco do Brasil ou Caixa Econômica. Zero”.

Contudo, vale destacar, Paulo Guedes, ministro da Economia, nunca negou que, por ele, venderia todos os bancos e empresas cujo controle é do governo. Mas Bolsonaro, desde a transição, tem resistido a incluir BB e Caixa Econômica Federal na lista de empresas que podem ser privatizadas.

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Conforme destaca o Bradesco BBI, a privatização do Banco do Brasil e de outras instituições provavelmente seria vista como positiva pelo mercado, principalmente no atual contexto fiscal.

“Para o banco, provavelmente proporcionaria maior agilidade e tempo de colocação no mercado (o tempo que leva para que um produto seja concebido até estar disponível para venda) mais rápido, pois não estaria mais sujeito aos obstáculos e requisitos que as instituições controladas pelo estado precisam seguir”, afirma a equipe de análise.

Assim, a diferença entre o Banco do Brasil e os seus pares tenderia a encolher de forma significativa. Neste cenário, a alternativa vista mais razoável pelo banco, ainda que não seja a mais provável, é o governo vender a sua participação no mercado para uma posição abaixo de 50%.

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“Uma estrutura com golden shares [ações detidas pelo poder público quando se desfaz do controle acionário de alguma sociedade e que pode conferir poderes especiais ao estado] poderia existir, mas teria que ser discutida no escopo dos níveis de governança corporativa da bolsa (o BB é negociado no Novo Mercado da B3 e poderia ter esse nível de negociação na bolsa revisto)”, aponta o Bradesco BBI.

Desta forma, apontam os analistas, não importa o caminho a ser escolhido, ele provavelmente exigiria tempo e discussões. Levando tudo isso em conta, dada a vasta agenda com a qual o governo tem que lidar, privatizar o Banco do Brasil não parece estar na lista de prioridades (também dentro da equipe econômica).

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.