Banco do Brasil (BBAS3) lucra R$ 7,37 bi no 1T, queda de 20,7% e abaixo do esperado

A companhia divulgou seus resultados na noite desta quinta-feira

Lara Rizério Camille Bocanegra Agências de notícias

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O Banco do Brasil (BBAS3) divulgou seus resultados trimestrais nesta quinta-feira (15) e, com ele, encerrou temporada de resultados dos grandes bancos do primeiro trimestre de 2025.

O balanço trouxe lucro líquido ajustado de R$ 7,37 bilhões no primeiro trimestre de 2025 (1T25). O resultado veio abaixo da expectativa de R$ 9,32 bilhões do consenso da LSEG.

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O banco afirmou que o agravamento da inadimplência de parte da carteira de agronegócios acima do esperado em 2025 e a vigência das novas regras contábeis com a resolução 4.966/21, que os bancos brasileiros passaram a seguir este ano, implicaram em um cenário de maior incerteza sobre as projeções.

“O primeiro trimestre foi um período de transição, especialmente por conta da nova regulação da contabilização e do aumento da inadimplência no segmento Agro. Diante deste cenário, ratifico que seguimos focados no nosso compromisso de entregar um resultado condizente com o tamanho do Banco do Brasil”, afirmou Tarciana Medeiros, sobre o resultado.

O banco refere-se às estimativas de margem financeira bruta e do custo do crédito, que, por sua vez, afetam diretamente o lucro líquido ajustado. Assim, as três projeções foram suspensas.

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“Diante disso, o Banco do Brasil decidiu adotar o status ‘em revisão’ para as linhas mencionadas até que o cenário permita uma avaliação mais consistente da magnitude dos impactos a serem incorporados nas projeções”, afirmou.

A resolução CMN 4.966/2021 introduziu mudanças estruturais na contabilização de ativos financeiros e na constituição de provisão para perdas esperadas associadas ao risco de crédito.

De acordo com o BB, em fato relevante ao mercado nesta quinta-feira, as previsões para os indicadores de desempenho de crédito (carteira de crédito, pessoa física, empresas, agronegócios e sustentável), bem como receitas de serviços e despesas administrativas permaneceram inalteradas.

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Anteriormente, o BB estimava lucro líquido ajustado de R$37 bilhões a R$41 bilhões, com margem financeira bruta de R$111 bilhões a R$115 bilhões e custo do crédito de R$38 bilhões a R$42 bilhões.

Agro pior

No primeiro trimestre, a margem financeira bruta caiu 7,2% ano a ano, a R$23,9 bilhões, com a margem com clientes quase estável (+0,3%), enquanto a com o mercado caiu 34,9%. O custo do crédito subiu 18,9%, a R$10,15 bilhões, com alta de 10,7% na despesa esperada e queda de 35,3% na recuperação de crédito.

O BB afirmou que o custo do crédito foi influenciado, principalmente, pela continuidade da dinâmica agravada da carteira de agronegócios, cuja inadimplência alcançou 3,04%, de 2,45% no quarto trimestre do ano passado e 1,19% um ano antes.

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“Apesar do cenário positivo para a safra no Brasil em 2025, com uma colheita recorde, e do elevado percentual de garantias nessa carteira, há um estoque de operações que vem sendo tratado da safra 2023/2024, inclusive, por conta das recuperações judiciais no setor — que exigem maior provisionamento sob a nova regulação”, acrescentou.

No final de fevereiro, a presidente-executiva do banco, Tarciana Medeiros, afirmou que o BB trabalhava com a expectativa de que o risco de crédito na carteira do agronegócio se acomodasse ao longo de 2025.

A carteira de crédito expandida do BB somou quase R$1,28 trilhão no final de março, expansão de 14,4% ano a ano, com crescimento de 6,6% na carteira de pessoa física, de 22,4% na pessoa jurídica e 9% no portfólio do agronegócio. A projeção do BB para o ano é de crescimento entre 5,5% e 9,5%.

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A inadimplência acima de 90 dias fechou março em 3,86%, de 3,32% no final de dezembro e 2,90% em março de 2024. Em pessoa física, o índice ficou em 5,10%, de 4,66% no final do ano passado e 4,77% um ano antes, enquanto na pessoa jurídica subiu a 4,06%, de 3,51% em dezembro de 2024 e 3,19% um ano antes.

O retorno sobre o patrimônio (ROE) caiu a 16,7% no período de janeiro a março, de 20,8% no trimestre imediatamente anterior e 21,7% no primeiro trimestre de 2024.

A receita com prestação de serviços ficou quase estável (+0,2), em R$8,4 bilhões.

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O índice de Basileia caiu a 14,14%, de 15,13% um ano antes, com o capital nível I recuando 0,62 ponto percentual, para 13,27%, e o capital principal cedendo 0,93 ponto, para 10,97%. O índice de eficiencia passou de 25,9% para 26,5%

No final de março, o BB tinha 3.997 agências, sem mudanças em relação ao final de 2024. Um ano antes, eram 3.998 agências.


(com Reuters)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.