Banco Central eleva Selic em 1 ponto, para 6,25%, e sinaliza que repetirá aumento em outubro

Decisão seguiu o que esperava a maior parte dos analistas, que agora tentam projetar os próximos passos sobre a política monetária

Equipe InfoMoney

Fachada do Banco Central do Brasil (divulgação)

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SÃO PAULO – O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu nesta quarta-feira (22) elevar a Selic em 1 ponto percentual, para 6,25% ao ano. Essa foi a quinta vez seguida que o comitê subiu a Selic, que chega ao seu maior nível desde julho de 2019.

“O Comitê entende que essa decisão reflete seu cenário básico e um balanço de riscos de variância maior do que a usual para a inflação prospectiva e é compatível com a convergência da inflação para as metas no horizonte relevante, que inclui o ano-calendário de 2022 e, em grau menor, o de 2023. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”, diz o comitê em sua decisão.

A decisão seguiu o que esperava a maior parte dos analistas consultados pela Refinitiv, seguindo também as recentes indicações do próprio Banco Central.

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Nas últimas semanas, o mercado chegou a aumentar sua aposta, prevendo uma alta de até 1,5 ponto percentual após os dados mais recentes da inflação mostrarem um IPCA acumulado de 9,68% em 12 meses até agosto.

Porém, declarações recentes de Roberto Campos Neto, presidente do BC, ajudaram a amenizar as projeções após ele afirmar que a Selic será levada onde necessário, mas que o BC não levará em conta “dados de alta frequência” e que o Copom vai manter “o plano de voo”.

Agora, analistas seguem de olho nos próximos passos da autoridade monetária, principalmente em um cenário em que as projeções do mercado são de que a inflação siga pressionada, enquanto algumas casas já falam em Selic acima de 8% este ano.

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Neste sentido, o Copom afirmou em seu comunicado que prevê para seu próximo encontro, em 26 e 27 de outubro, que fará mais um “ajuste da mesma magnitude”, ou seja, aumento de 1 ponto percentual.

“O Copom enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar o cumprimento da meta de inflação e dependerão da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação para o horizonte relevante da política monetária”, ressalta o texto.

Os integrantes do BC reforçaram ainda e pressão inflacionária, afirmando que “apesar da melhora recente nos indicadores de sustentabilidade da dívida pública, o risco fiscal elevado segue criando uma assimetria altista no balanço de riscos, ou seja, com trajetórias para a inflação acima do projetado no horizonte relevante para a política monetária”.

Além disso, o Copom destacou que vê esse ritmo de ajuste como o mais adequado para garantir a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante. “Neste momento, o cenário básico e o balanço de riscos do Copom indicam ser apropriado que o ciclo de aperto monetário avance no território contracionista”, completa o comitê.

Confira o comunicado na íntegra:

Em sua 241ª reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic para 6,25% a.a.

A atualização do cenário básico do Copom pode ser descrita com as seguintes observações:

O Comitê ressalta que, em seu cenário básico para a inflação, permanecem fatores de risco em ambas as direções.

Por um lado, uma possível reversão, ainda que parcial, do aumento recente nos preços das commodities internacionais em moeda local produziria trajetória de inflação abaixo do cenário básico.

Por outro lado, novos prolongamentos das políticas fiscais de resposta à pandemia que pressionem a demanda agregada e piorem a trajetória fiscal podem elevar os prêmios de risco do país. Apesar da melhora recente nos indicadores de sustentabilidade da dívida pública, o risco fiscal elevado segue criando uma assimetria altista no balanço de riscos, ou seja, com trajetórias para a inflação acima do projetado no horizonte relevante para a política monetária.

O Copom reitera que perseverar no processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira é essencial para permitir a recuperação sustentável da economia. O Comitê ressalta, ainda, que questionamentos sobre a continuidade das reformas e alterações de caráter permanente no processo de ajuste das contas públicas podem elevar a taxa de juros estrutural da economia.

Considerando o cenário básico, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa básica de juros em 1,00 ponto percentual, para 6,25% a.a. O Comitê entende que essa decisão reflete seu cenário básico e um balanço de riscos de variância maior do que a usual para a inflação prospectiva e é compatível com a convergência da inflação para as metas no horizonte relevante, que inclui o ano-calendário de 2022 e, em grau menor, o de 2023. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego.

O Copom considera que, no atual estágio do ciclo de elevação de juros, esse ritmo de ajuste é o mais adequado para garantir a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante e, simultaneamente, permitir que o Comitê obtenha mais informações sobre o estado da economia e o grau de persistência dos choques. Neste momento, o cenário básico e o balanço de riscos do Copom indicam ser apropriado que o ciclo de aperto monetário avance no território contracionista.

Para a próxima reunião, o Comitê antevê outro ajuste da mesma magnitude. O Copom enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar o cumprimento da meta de inflação e dependerão da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação para o horizonte relevante da política monetária.

Votaram por essa decisão os seguintes membros do Comitê: Roberto Oliveira Campos Neto (presidente), Bruno Serra Fernandes, Carolina de Assis Barros, Fabio Kanczuk, Fernanda Magalhães Rumenos Guardado, João Manoel Pinho de Mello, Maurício Costa de Moura, Otávio Ribeiro Damaso e Paulo Sérgio Neves de Souza.

*Valor obtido pelo procedimento usual de arredondar a cotação média da taxa de câmbio USD/BRL observada nos cinco dias úteis encerrados no último dia da semana anterior à da reunião do Copom.

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