Banco Central eleva Selic em 0,75 p.p., para 4,25% ao ano

Esta foi a terceira alta seguida de juros, com analistas agora projetando que a Selic supere os 6% no fim do ano

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu nesta quarta-feira (16) elevar a Selic em 0,75 ponto percentual, para 4,25% ao ano, na terceira alta seguida de juros.

A decisão desta quarta seguiu o que esperava a maior parte dos analistas consultados pela Bloomberg, apesar de ter ganhado força nos últimos dias a aposta de que o BC poderia aumentar a intensidade e elevar a Selic em 1 ponto.

A projeção do mercado de 0,75 p.p. foi reforçada após a surpresa altista do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) na semana passada, que junto com as revisões positivas para o Produto Interno Bruto (PIB) nacional levam os analistas a enxergarem os juros mais altos até o fim do ano.

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Com isso, nesta semana os economistas consultados pelo boletim Focus do BC elevaram a projeção para a Selic, que agora é de 6,25% em dezembro, mas já é possível encontrar casas de análise, como a XP, que esperam a taxa em 6,5%.

Agora será importante ficar atento ao balanço de riscos, conforme a inflação tende a permanecer pressionada, ainda mais com a questão do risco hidrológico levando a uma alta do preço da energia, o que justifica a alta dos juros.

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Enquanto isso, do lado “dovish”, o alívio do câmbio e da pauta fiscal, junto com uma melhora nas condições da liquidez global, ajudam, mas podem não ser suficientes para evitar uma Selic acima de 6% em 2021.

Assim como previam os analistas, o BC retirou de seu comunicado a sinalização de “ajuste parcial”, dizendo que “neste momento, o cenário básico do Copom indica ser apropriada a normalização da taxa de juros para patamar considerado neutro”. Atualmente o juro neutro está em torno de 6%.

“Esse ajuste é necessário para mitigar a disseminação dos atuais choques temporários sobre a inflação. O Comitê enfatiza, novamente, que não há compromisso com essa posição e que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar o cumprimento da meta de inflação”, diz o texto.

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Diante disso, o Copom manteve uma projeção de que para a próxima reunião, em agosto, ocorra uma nova alta de juros na mesma magnitude, ou seja, 0,75 p.p..

“Contudo, uma deterioração das expectativas de inflação para o horizonte relevante pode exigir uma redução mais tempestiva dos estímulos monetários. O Comitê ressalta que essa avaliação também dependerá da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e de como esses fatores afetam as projeções de inflação”, pondera o BC.

Confira o comunicado na íntegra:

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Em sua 239ª reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic para 4,25% a.a.

A atualização do cenário básico do Copom pode ser descrita com as seguintes observações:

O Comitê ressalta que, em seu cenário básico para a inflação, permanecem fatores de risco em ambas as direções.

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Por um lado, uma possível reversão, ainda que parcial, do aumento recente nos preços das commodities internacionais em moeda local produziria trajetória de inflação abaixo do cenário básico.

Por outro lado, novos prolongamentos das políticas fiscais de resposta à pandemia que pressionem a demanda agregada e piorem a trajetória fiscal podem elevar os prêmios de risco do país. Apesar da melhora recente nos indicadores de sustentabilidade da dívida pública, o risco fiscal elevado segue criando uma assimetria altista no balanço de riscos, ou seja, com trajetórias para a inflação acima do projetado no horizonte relevante para a política monetária.

O Copom reitera que perseverar no processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira é essencial para permitir a recuperação sustentável da economia. O Comitê ressalta, ainda, que questionamentos sobre a continuidade das reformas e alterações de caráter permanente no processo de ajuste das contas públicas podem elevar a taxa de juros estrutural da economia.

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Considerando o cenário básico, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa básica de juros em 0,75 ponto percentual, para 4,25% a.a. O Comitê entende que essa decisão reflete seu cenário básico e um balanço de riscos de variância maior do que a usual para a inflação prospectiva e é compatível com a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante, que inclui o ano-calendário de 2022. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego.

Neste momento, o cenário básico do Copom indica ser apropriada a normalização da taxa de juros para patamar considerado neutro. Esse ajuste é necessário para mitigar a disseminação dos atuais choques temporários sobre a inflação. O Comitê enfatiza, novamente, que não há compromisso com essa posição e que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar o cumprimento da meta de inflação.

Para a próxima reunião, o Comitê antevê a continuação do processo de normalização monetária com outro ajuste da mesma magnitude. Contudo, uma deterioração das expectativas de inflação para o horizonte relevante pode exigir uma redução mais tempestiva dos estímulos monetários. O Comitê ressalta que essa avaliação também dependerá da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e de como esses fatores afetam as projeções de inflação.

Votaram por essa decisão os seguintes membros do Comitê: Roberto Oliveira Campos Neto (presidente), Bruno Serra Fernandes, Carolina de Assis Barros, Fabio Kanczuk, João Manoel Pinho de Mello, Maurício Costa de Moura, Otávio Ribeiro Damaso e Paulo Sérgio Neves de Souza.

*Valor obtido pelo procedimento usual de arredondar a cotação média da taxa de câmbio USD/BRL observada nos cinco dias úteis encerrados no último dia da semana anterior à da reunião do Copom.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.