Balanços, feriado e Copom marcam semana que promete correção da Bolsa

Analistas apontam que passada euforia desta semana, que levou o Ibovespa ao maior fechamento desde outubro, mercado deve sofrer queda nos primeiros dias

Paula Barra

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SÃO PAULO – Notícias sobre a Petrobras (PETR3; PETR4) e Vale (VALE3; VALE5) foram os principais drivers do mercado nesta semana, que levaram o Ibovespa para seu melhor fechamento desde 14 de outubro de 2014. Foram três altas seguidas que culmiram em um ganho de 4,89% na semana (a terceira consecutiva de ganhos do índice). Um movimento conduzido graças à melhora na percepção de risco dos investidores em relação ao Brasil, mas que acabou “esticando” muito o índice. 

Toda euforia pode resultar na próxima semana em uma correção da Bolsa, pelo menos nos primeiros dias, avaliam analistas de mercado. Com a alta desta semana, a Bovespa começa a ficar caro em termos de múltiplos, que gira em torno de 14,7 vezes o P/L (Preço sobre o Lucro). Na comparação, o S&P 500, um dos principais índices das bolsas americanas, está em 18 vezes, com a diferença de que a economia dos Estados Unidos está em expansão e a brasileira deve registrar retração este ano.

“Esperamos uma queda marginal nos preços na semana que vem, mas o foco vai estar principalmente sobre os balanços das empresas, que não devem vir muito bons”, disse Luis Gustavo Pereira, analista-chefe da Guide Investimentos. Embora isso deva ter um peso pontual sobre as ações, ele acredita que a tendência de alta da Bolsa vai continuar, com a manutenção da cobertura de posições compradas.

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Entre os destaques da temporada do primeiro trimeste, na segunda-feira saem os balanços da Gol (GOLL4) e Klabin (KLBN3); terça-feira, Santander (SANB11) e BRF (BRFS3); quarta-feira, Cielo (CIEL3), Natura (NATU3) e Bradesco (BBDC4); e quinta-feira, Embraer (EMBR3). Lembrando que a Bolsa não abrirá na sexta-feira (1) da semana que vem por conta do feriado do Dia do Trabalho. Para conferir a agenda completa dos resultados, clique aqui

Segundo ele, a repercussão do resultado não deve ser boa e a correção pode vir nos primeiros dias da semana, mas a força compradora deverá permanecer para frente. “Podemos começar a ver os investidores institucionais mudando a mão e zerando posições que estavam vendidas”, disse. 

Influências econômicas também vão afetar o mercado, com holofote para a reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), que tem término na quarta-feira (29). Agentes econômicos trabalham com projeção de alta entre 0,25 ponto percentual e 0,5 p.p. na Selic. Atualmente, a taxa básica de juro está em 12,75%. “O mercado já trabalha com o cenário de aumento na Selic, o que pode divergir é sua magnitude. O movimento do Banco Central não será uma grande novidade”, avalia Pereira. Para o Goldman Sachs, o BC vai elevar a taxa para 13,25% e deve deixar a porta aberta para outro aumento na reunião de 3 de junho, que não necessariamente será também de 0,5 p.p..

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Ainda na quarta-feira será divulgado o resultado primário do governo referente a março. O Credit Suisse projeta superávit primário do governo (governo federal, previdência e Banco Central) de R$ 6,5 bilhões em março, ante deficit de R$ 7,4 bilhões em fevereiro e superávit primário de R$ 3,2 bilhões no mesmo mês do ano passado. 

Outro indicador importante para a semana é a pesquisa mensal de emprego na terça-feira. O Credit prevê elevação da taxa de desemprego de 5,9% em fevereiro para 6% em março. 

Lá fora, destaque para o PIB (Produto Interno Bruto) do primeiro trimestre dos Estados Unidos e a decisão do Fomc (Federal Open Market Committee) – ambos na quarta-feira. Na sexta-feira, com o mercado fechado no Brasil, discursos dos presidentes regionais do Federal Reserve podem mexer nos mercados internacionais. Para os investidores locais, a forma de acompanhar o mercado doméstico é por meio dos ADRs (American Depositary Receipts), que correspondem às ações brasileiras negociadas na Bolsa de Nova York.