Azzas promove mudança total na gestão das unidades de negócio: o que vem a seguir?

Varejista disse que Thiago Hering deixará de atuar como diretor e CEO da unidade Basic

Felipe Moreira

Anacapri (Divulgação: Azzas 2154)
Anacapri (Divulgação: Azzas 2154)

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O anúncio de que Thiago Hering, CEO da unidade de negócio Basic, deixará o cargo a partir de 1º de outubro marca o fim de um ciclo de liderança nas unidades de negócio do grupo Azzas 2154 (AZZA3), resultado da fusão entre Arezzo e Grupo Soma. A saída de Hering acontece em meio a rumores de problemas na gestão de estoques que impactaram os resultados do 2º trimestre. Às 10h13, as ações da varejista caíam 2,11%, a R$ 32,89.

Com o anúncio, a Azzas já substituiu a liderança de todas as suas unidades de negócio: Rony Meisler, Luciana Wodzig e Roberto Jatahy deixaram seus cargos anteriores, embora Jatahy permaneça na empresa como Chief Brands Officer (CBO).

Uma comissão de transição foi formada, composta por Alexandre Birman, Roberto Jatahy e Gustavo Fonseca, sendo que Fonseca liderará a comissão e assumirá como Diretor de Operações das unidades Basic e Fashion & Style.

Para a XP Investimentos, ainda não está claro se haverá novas mudanças em níveis inferiores da organização. A casa aponta que essa incerteza, somada aos ajustes operacionais em curso, pode levar os investidores a aguardarem maior visibilidade antes de aumentar a exposição às ações.

Apesar disso, a XP Investimentos reitera sua recomendação de compra, mantendo a visão de potencial significativo nas marcas principais da Azzas e expectativa de melhora nos resultados a partir do 4º trimestre.

O JPMorgan, por sua vez, comenta que a mudança na gestão da unidade Basic não surpreende, diante das tendências voláteis de receita, da limitada melhoria implícita de margem e de problemas de estoque nos canais. O banco americano acredita que devem ocorrer mudanças significativas na estratégia e na execução da unidade, com foco em melhorar a qualidade do sell-in (vendas para distribuidores ou franquias), o posicionamento da marca e o capital de giro (recursos financeiros disponíveis para a operação do dia a dia).

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Nesse contexto, o JPMorgan observa que os resultados operacionais da marca Hering, particularmente no sell-in e na gestão de franquias, eram esperados para melhorar à medida que a empresa aproveitasse a experiência em franchising da Arezzo.

A instituição também ressalta que a notícia tende a gerar mais ruído no caso, principalmente considerando os problemas recentes com estoques de franquias e impactos negativos no top line devido a devoluções de estoque, somados a sequência de mudanças na gestão e alta rotatividade desde a fusão, iniciada com a saída de Rony Meisler, fundador da Reserva, no ano passado.

Além disso, segundo notícias, a Azzas deve anunciar até 1º de outubro outra mudança organizacional no contexto do processo de integração, que aparentemente está em suas fases finais, o que, na visão do JPMorgan, pode potencialmente amplificar os ruídos de governança e execução até o anúncio oficial.

O JPMorgan reiterou recomendação overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra) e preço-alvo de R$ 45, uma vez que a empresa negociando a um P/L (Preço sobre Lucro) estimado de 7,5 vezes para 2026.