“Até que ponto as surpresas continuarão sendo positivas?”, diz Verde sobre o Brasil

Gestora de Luis Stuhlberger questiona ainda sobre a grande surpresa do efeito da agenda de Trump, que mesmo fracassada não tem afetado o preço das ações; Fundo Verde teve rentabilidade de 0,37% em agosto, menos da metade do CDI do período (+0,80%)

Thiago Salomão

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SÃO PAULO – Em um breve comentário na carta mensal divulgada em seu website, a Verde Asset, de Luis Stuhlberger – um dos maiores gestores da história da indústria brasileira de fundos – segue sustentando o “call” comprado em dólar contra o Renminbi chinês, posição esta que tem prejudicado bastante a performance do fundo em 2017. Para ele, a resiliência do mercado de ações mesmo com o fracasso da agenda de Donald Trump é “talvez  a maior surpresa deste ano”, e tem ajudado a manter o Brasil como “uma das histórias privilegiadas dentro dos mercados emergentes”. No entanto, ele questiona o que acontecerá quando as boas notícias pararem de surgir.

“Há que se reconhecer que o crescimento recente [do PIB] se mostra melhor do que projetávamos, e isso ajuda. Mas é razoável se perguntar se o FGTS não teve um papel primordial nessa dinâmica recente, e até que ponto as surpresas
continuarão sendo positivas, particularmente comparada aos preços das ações, que subiram bastante ao longo de agosto”, questiona a Verde Asset em seu relatório mensal. A menção ao FGTS deve-se ao impacto positivo que o saque do fundo de garantia trouxe ao crescimento de 0,2% do PIB no 2º trimestre, resultado que superou a expectativa de estabilidade.

Sobre Trump, a gestora mostra-se surpresa em como o fracasso da agenda de corte de impostos e investimento em infraestrutura proposta pelo presidente norte-americana está se refletindo integralmente no dólar em queda e nas taxas de juros longas mais baixas, mas nada se reflete nos ativos mais arriscados. “Seria razoável esperar algum impacto nos valuation de ações e nos prêmios de risco, vindo da novela Trump. Nada disso apareceu até aqui”. Por isso, a Verde considera que o valor relativo do Dólar está muito melhor do que das bolsas.

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Rentabilidade decepciona em 2017
Em agosto, o Fundo Verde teve rentabilidade de 0,37%, mais uma vez ficando atrás do seu “benchmark” (referência), o CDI, que teve rendimento de 0,80% no período, e com isso a distância do Fundo para o CDI em 2017 aumentou – 4,91% para o Verde, contra 7,36% para o CDI.

No entanto, isso nem de longe tira o brilho do histórico deste que é um dos fundos mais vitoriosos do Brasil: desde sua criação (janeiro de 1997) até agosto de 2017, a rentabilidade acumulada é de 14.566,25%, contra 1.857,7% do CDI. Na prática: quem aplicou R$ 10 mil no Fundo Verde teria hoje R$ 1.466.625,00, enquanto quem aplicou em algo atrelado ao CDI teria R$ 175.770,00.

Thiago Salomão

Idealizador e apresentador do canal Stock Pickers