Ata do Fomc deixa próximos passos do Fed em aberto; intensidade de aperto dependerá de indicadores econômicos

Alguns membros dos colegiados disseram que a taxa pode permanecer em nível restritivo por mais tempo, para controlar a inflação

Mitchel Diniz

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A ata da última reunião do Comitê de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) do Banco Central dos EUA veio em linha com o informado após a decisão mais recente do Federal Reserve. No último dia 27 de agosto, o Fed aumentou os juros em 75 pontos base. O registro do encontro diz que a autoridade monetária vai acompanhar os próximos indicadores da economia, como inflação, mercado de trabalho e índices de atividade. Assim, deixou a porta aberta para ajustes que podem ser  tão agressivos quanto o último ou mais suaves, nos próximos encontros.

A decisão de se pautar pelos dados em vez de estabelecer uma orientação específica vem de um temor de que o Fed possa fazer aumentos exagerados na taxa, diz o documento.

Alguns membros dos colegiados mantiveram o discurso de que a taxa pode permanecer em nível restritivo por mais tempo, para controlar a inflação. Os dirigentes do Fed também percebem que pode levar mais tempo que o previsto para a alta de preços se dissipar.

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De acordo com a ata, os participantes da reunião reconheceram que a política de aperto monetário poderá desacelerar o ritmo de crescimento econômico. Porém, viram o retorno da inflação à meta como algo crítico, para que o mercado de trabalho se mantenha sustentável.

Este ano, o BC americano já elevou os juros em 225 pontos no total, para uma taxa entre 2,25% e 2,50%. A inflação nos Estados Unidos, por sua vez, é a maior em quatro décadas e está três vezes acima da meta (que é de 2%).

Os participantes da reunião do Fomc observam que a taxa está ao redor do patamar neutro e alguns disseram que um nível restritivo pode ser apropriado.

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“Com a inflação permanecendo bem acima do objetivo do Comitê, os participantes julgaram que a mudança para uma postura restritiva da política era necessária para cumprir o mandato legislativo do Fomc, de promover o máximo de emprego e estabilidade de preços”, afirmou a ata.

Para Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, a ata ficou bem datada, por não ter capturado dados que foram divulgados após a última reunião. “O texta fala que o mercado de trabalho dava sinais de desaceleração e que a inflação continua alta, sendo que os dados que vieram depois apontaram para o inverso”, ressalta.

Na ata, o Fed diz ainda que, ao perceber que sua política de aperto está tendo impacto sobre a inflação, poderia desacelerar o movimento de alta de juros.

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“Os participantes julgaram que, à medida que a postura da política monetária se tornasse ainda mais restritiva, provavelmente seria apropriado em algum momento desacelerar o ritmo dos aumentos da taxa básica de juros. enquanto avaliam os efeitos dos ajustes cumulativos da política monetária sobre a atividade econômica e a inflação”, disse a ata.

Cruz acredita que o tom do documento foi dovish. “O que dá para pegar de mensagem é que o plano de Fed era desacelerar. Se isso vai ser possível, porém, vai depender dos próximos indicadores”, diz.

Para o Cit, a ata foi mais hawkish do que o mercado pensa. “A possibilidade de um aumento de 75 pontos base em setembro continua firmemente na mesa e esperamos que o mercado a reprecifique apropriadamente quando estivermos mais próximos da reunião de setembro”, escreveram os analistas. O Citi é uma das casas que apostam em uma alta de juros de 75 pontos-base na reunião de setembro.

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Para o Morgan Stanley, o tom da ata do Fomc foi equilibrado, ao expressar o desejo do Comitê em desacelerar o ritmo de alta de juros, mas condicioná-lo ao comportamento da inflação, sem afastar as chances de altas mais agressivas. “Em resumo, a ata revelou um firme compromisso em se manter num caminho agressivo de aperto monetário, acima de um patamar neutro, e manter esse nível mais alto de juros por mais tempo”, diz relatório do banco.

A ata do Fed chegou ao mercado com um certo cheiro de naftalina, pois alguns indicadores importantes saíram após a última reunião da autoridade monetária, trazendo novas perspectivas. O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) ficou estável em julho, interrompendo um ciclo de alta e surpreendendo o mercado. O desempenho da atividade industrial medido pelo índice Empire State, por sua vez, teve em julho a segunda maior queda de sua série histórica.

O mercado espera sinalizações mais precisas do Fed, incorporando esses dados mais recentes, no encontro de presidentes de bancos centrais em Jackson Hole, no estado de Wyoming. A reunião deste ano começa na quinta-feira que vem (25). Mas a próxima reunião de política monetária do Fed está marcada para os dias 20 e 21 de setembro e diversos indicadores estão previstos até lá.

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Mitchel Diniz

Repórter de Mercados