Associação de exportadores ajuiza ação de R$ 20 bi contra bancos alegando manipulação cambial: qual o impacto para o setor?

Marcel Campos e Matheus Odaguil e Artur Alves, analistas da XP, apontam os possíveis impactos para os principais players do setor

Equipe InfoMoney

Imagem mostra notas de R$ 50 (Rmcarvalho/Getty Images)

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SÃO PAULO – Na última quarta-feira (16), ganhou destaque a notícia de que a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), que representa alguns dos maiores exportadores do país, pede uma indenização de quase R$ 20 bilhões  de 19 bancos acusados de participar de um esquema internacional de cartel na área de câmbio.

Dentre as empresas que fazem parte da associação, estão Vale (VALE3) e a Suzano (SUZB3), conforme dados divulgados pelo jornal Valor Econômico na véspera.

Segundo relatório da Associação, as exportadoras brasileiras tiveram prejuízo de R$ 107,4 bilhões de reais com a suposta manipulação de moedas por bancos. O cálculo da compensação da AEB levou em consideração que a associação representa 20% dos exportadores brasileiros.

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A compensação exigida pelos exportadores brasileiros é outro desenvolvimento de um escândalo cambial global, que gerou bilhões de dólares em multas para bancos em todo mundo. As alegações de manipulação generalizada no mercado de câmbio à vista foram relatadas pela primeira vez em 2013.

De acordo com os analistas da XP, contudo, o impacto no setor pode ser menor do que sugerem os R$ 20 bilhões contestados.

Isso porque, embora seja um grande impacto no resultado, com multas variando de 18% a 24% do lucro esperado para 2021, os investidores devem ter em mente que: i) 2021 é um ano de recuperação; ii) a ação coletiva pode levar uma década ou até mais para tramitar; e iii) se os bancos decidirem fazer provisões operacionais a partir de agora até o final do processo, o impacto nos resultados resultados não deve ser significativo.

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“Não obstante, investidores podem tratar a provisão como um evento não recorrente”, avaliam.

O risco é que a ação só considera os números de 2010 e 2011, mas a denúncia afirma que os números de 2008, 2009 e 2012 também devem ser debatidos. Além disso, a Petrobras (PETR3;PETR4) também está entrando com um processo separado.

Marcel Campos e Matheus Odaguil e Artur Alves, analistas da XP, apontam os possíveis impactos para os principais players: Santander (SANB11) com multa de R$ 3,8 bilhões, representando 24% do lucro esperado para 2021; ii) Bradesco (BBDC3;BBDC4) com multa de R$ 4,7 bilhões, o que representa 18% do lucro esperado para 2021; e iii) Itaú (ITUB4), com multa de R$ 4,3 bilhões, representando 17% do lucro esperado para 2021. O Banco do Brasil (BBAS3) não foi incluído na denúncia.

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Entre outras instituições citadas na ação coletiva, estão HSBC – cuja operação brasileira foi adquirida pelo Bradesco -, Citigroup (CTGP34) e BNP Paribas.

De acordo com a agência de notícias Reuters, o Citi não quis comentar, acrescentando que a conduta está em conformidade com as regras. O Santander afirmou que ainda não tem conhecimento da ação coletiva, enquanto o Itaú disse que contestará as acusações.

(com informações da Reuters)

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