As três peculiaridades de 2022 para os mercados globais (e no que ficar de olho em 2023), segundo Julius Baer

Especialistas destacam perda de valor em sincronia de quase todos os ativos, além de um cenário de estagflação e aperto da política monetária

Lara Rizério

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Inflação alta, aperto monetário, mau desempenho dos mercados. Em retrospectiva, o grupo suíço Julius Baer destacou três peculiaridades para os mercados mundiais do ano de 2022.

O banco destaca que, em primeiro lugar, este foi um dos piores anos da história para os títulos e um ano péssimo para as ações.

“De fato, para os títulos do Tesouro dos EUA, os primeiros meses foram piores do que qualquer coisa testemunhada desde 1788, o que destaca a dimensão histórica do ambiente com o qual os investidores tiveram que lidar em 2022. Além disso, 2022 marca um ano em que quase todos os ativos, não apenas títulos e ações, perderam valor em sincronia, o que, novamente, é uma ocorrência relativamente rara”, avaliam Christian Gattiker, chefe de pesquisa, e David Kohl, economista-chefe do grupo.

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Isso leva à segunda peculiaridade do ano, apontam os especialistas que assinam o relatório, destacando o “mix econômico” enfrentado pelos mercados financeiros.

O crescimento real global, em torno de 3%, ficou apenas um pouco abaixo da média dos anos pré-pandêmicos. No entanto, a taxa de inflação global tem ultrapassado a impressionante marca de 8%, o que é mais alto do que qualquer número visto nas últimas décadas. “A combinação de crescimento medíocre e inflação recorde sugere que 2022 foi um ano de estagflação – uma mistura raramente vista desde a década de 1970”, apontam.

Nesta linha, a terceira peculiaridade do ano é a política monetária, ou melhor, o grande aperto das políticas também após um afrouxamento no pós-pandemia. O mix entre crescimento e inflação levou os bancos centrais – com destaque para o Federal Reserve dos EUA – a restringir a oferta monetária em um ritmo sem precedentes. “Os bancos centrais se perceberam como atrás da curva de juros e lutaram para alcançá-la. Isso criou choques no sistema financeiro que levaram às quedas dos preços dos ativos”.

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“É difícil acreditar que alguém nos mercados financeiros sentirá falta [de 2022]. No entanto, provavelmente será um ponto de referência importante no futuro (como em ‘Lembre-se em 2022, quando…’)”, destacam Gattiker e Kohl.

Olhando para o futuro

Os bancos centrais seguirão em foco em 2023.  O sinal de que a inflação chegou ao pico é a principal razão pela qual os bancos centrais podem proceder de forma mais prudente para atenuar a atividade econômica.

“Nos EUA, os preços mais baixos da energia já contribuíram notavelmente para aliviar as pressões inflacionárias. Na Europa, a destruição da demanda impulsionada por preços mais altos – principalmente preços de energia – e taxas de juros mais altas defendem uma abordagem mais cautelosa em relação ao aperto da política monetária”, avaliam.

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Os bancos centrais também devem publicar algumas orientações para a política monetária de 2023. “Esperamos revisões para baixo do crescimento econômico para 2023 e além. Previsões de inflação mais baixas são menos prováveis”, apontam Gattiker e Kohl.

À medida que a desaceleração da atividade econômica e o esfriamento do mercado de trabalho se tornam cada vez mais significativos em 2023, o Fed pode se abster de aumentos adicionais de juros em 2023, e o Banco Central Europeu (BCE), o Bank of England (BoE) e o Banco Nacional Suíço (SNB) provavelmente diminuirão o ritmo das taxas antes de parar o aumento por completo, finalizam.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.