As melhores e as piores ações do Ibovespa em 2012

Portal InfoMoney selecionou empresas e setores que estiveram no holofote do mercado ao longo do ano; Hypermarcas, B2W, Ambev, OGX e Petrobras estão na lista

Paula Barra

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SÃO PAULO – O Ibovespa caminhou mal das pernas até novembro deste ano, sentindo o peso das intervenções do governo, que mexeram na estrutura de setores básicos da economia brasileira. Somente em dezembro o índice conseguiu conquistar um patamar um pouco melhor, e acumula até agora alta de 7,40%, aos 60.952 pontos, no ano. As turbulências, contudo, não atrapalharam o caminho das varejistas, que destoaram no mercado e registraram as maiores altas na bolsa, com destaque para: B2W (BTOW3), Hypermarcas (HYPE3) e Ambev (AMBV4).

Um caminho que os papéis ligados a commodities não conseguiram acompanhar, tendo sido fortemente penalizados em 2012. Rumo semelhante foi seguido pelas ações das elétricas, que sofreram nas mãos do governo, enquanto seus valores de mercado viravam pó na bolsa. 

Em meio a esse cenário, o InfoMoney preparou uma lista das ações que mais se destacaram positiva e negativamente no mercado brasileiro ao longo de 2012. A começar pelo lado “bom”:

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Hypermarcas: maior alta do Ibovespa no ano
Dona do primeiro lugar das ações com maiores altas em 2012 – com valorização acumulada de 95,53% – a história da Hypermarcas (HYPE3) foi completamente diferente no ano passado. A empresa fechou 2011 com queda de 62,1%, a quarta maior desvalorização entre os papéis do Ibovespa.

A companhia, contudo, conseguiu inverter o sinal e se tornar a maior alta do ano com uma mudança em sua estratégia de negócios, passando a se concentrar em produtos farmacêuticos e cosméticos.

A mudança se mostrou acertada e os papéis responderam bem diante a expectativa de uma reestruturação nos negócios da fabricante de bens de consumo, enquanto sinais de melhora apareciam em seus balanços. 

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O terceiro trimestre ajudou a confirmar o momento de recuperação da empresa e a volta ao lucro. Após uma série de aquisições e um forte processo de desestocagem no passado recente, a Hypermarcas vem conseguindo mostrar melhoras nos problemas de rebalanceamento de canais observados no ano passado, além de crescimento e geração de fluxo de caixa operacional mais sustáveis.   

B2W consolida posto de “queridinha”
Uma virada na história: os papéis da B2W (BTOW3) saíram de “patinho feio” para “queridinho” do mercado. Depois de ser a pior ação do índice em 2011, a empresa ganhou 88,89% de valor de mercado em 2012.

As ações da varejista online ganharam o holofote dos investidores a partir do momento que sua controladora, Lojas Americanas (LAME4), demonstrou confiança de que as coisas poderiam melhorar e começou a comprar ações da B2W. 

Uma postura que juntamente com a melhoria na logística da empresa transformaram o modo como o mercado enxergava o papel. Mas a reviravolta dos papéis se consolidou depois que o Bank of America Merrill Lynch promoveu revisão em cima de revisão na recomendação da companhia e mostrou para os investidores que definitivamente as ações estavam num ponto interessante.

O mercado festeja principalmente a vertiginosa queda nos índices de reclamações da empresa. As queixas enviadas ao Procon de São Paulo, por exemplo, caíram pela metade. No ano passado, os atrasos nas entregas levaram o Procon a suspender suas vendas, um fato que parece estar afastado da companhia, demonstrando um comprometimento com o crescimento, disse Eduardo Machado, analista da Amaril Franklin.

Ambev ultrapassa Petrobras como empresa mais valiosa
A Ambev (AMBV4) é conhecida por ser boa geradora de caixa, pagamento de dividendos e não ter dívidas, mas uma das suas principais conquistas este ano foi passar a Petrobras (PETR3; PETR4) como empresa mais valiosa do mercado. 

Cerveja e petróleo travaram uma batalha acirrada, mas por enquanto a Ambev segue na liderança e é avaliada em R$ 264,37 bilhões, um pouco acima da Petroras, com valor de mercado de R$ 262,64 bilhões. 

Uma das razões para essa arrancada da Ambev é que os investidores têm procurado por ações de caráter mais defensivo num ano turbulento para o Ibovespa, além de empresas de bens de consumo. 

As ações da Ambev (AMBV4) se valorizaram mesmo em momentos de crise e conseguiram atingir bons níveis de crescimento em 2012 e fechou o ano com valorização de 32,05%

Com margem de lucro elevada, a companhia é líder de mercado, com 70% de participação no setor de bebidas do Brasil. Nos últimos cinco anos, a margem Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) teve uma variação de quase 4 pontos percentuais – mostrando que a empresa conseguiu ser mais eficiente e aumentou sua produtividade. 

Sem novo bolsa no caminho, BM&FBovespa decola
O ano de 2012 foi marcado por forte volatilidade, mas esse cenário hostil não pesou nas ações da BM&FBovespa (BVMF3), que conseguiram subir 48,99% no período.

Os ativos da administradora da bolsa brasileira ganharam o holofote dos investidores principalmente depois que a operadora norte-americana Bats Global Markets desistiu dos planos de entrar no Brasil, em setembro, o que acabou fortalecendo a posição hegemônica da empresa no País.

Os papéis da companhia ainda pegaram carona nos novos projetos, com a migração do sistema de trading PUMA, aprimoramento das plataformas de derivativos de balcão (Calypso) e registro de títulos, a construção do data center e a listagem cruzada de derivativos com a CME (Chicago Mercantile Exchange) Group. 

Outra aposta da companhia que vem puxando o otimismo do mercado é a integração das clearings. Primeiramente, a empresa vai desenvolver a quinta clearing para depois integrar as outras quatro, num processo que deve ser finalizado no quarto trimestre de 2014. Para esses projetos, a empresa estima um investimento nos próximos dois anos na ordem de R$ 490 milhões.

Sabesp leva medalha de bronze na bolsa
A pressão do governo para cortar as tarifas de energia levou os investidores a trocarem as companhias elétricas por empresas de saneamento básico, impulsionando a ação da Sabesp a terceira maior alta do Ibovespa em 2012, de 73,79%. Companhias de saneamento oferecem proteção em relação às políticas intervencionistas de Dilma Rousseff, uma vez que os estados têm mais controle sobre tarifas do que o governo federal. 

Além disso, a revisão das tarifas cobradas pela companhia foi um evento comemorado pelos investidores e contribuíram para parte dessa alta, juntamente com os fundamentos defensivos da Sabesp, que costumam ser valorizados pelos investidores em momentos de maiores incertezas em relação ao futuro da economia. Com uma demanda que sofre pouca variação mesmo em momentos de crise, a companhia paulista apresenta uma geração de caixa mais previsível, o que traz maior segurança na hora de traçar projeções para os próximos resultados.

Empresas de Eike marcam “lado negro” da bolsa
E
ike Batista deve estar se perguntando se é verdade que 2012 chegou ao fim – a OGX (OGXP3), principal companhia do grupo EBX, registrou a maior queda do Ibovespa no ano, de 67,84%. A petroleira mergulhou numa crise de credibilidade que afastou investidores e acabou respingando em seus outros negócios. 

Os problemas em torno do empresa foram intensificados em junho, quando a OGX informou ao mercado que a vazão do poço de Tubarão Azul, na Bacia de Campos, produziria muito menos do que fora prometido. O anúncio derrubou não apenas as ações da OGX, mas como os papéis das demais empresas do grupo – MMX Mineração (MMXM3), MPX Energia (MPXE3), OSX (OSXB3), CCX Carvão (CCXC3) e LLX Logística (LLXL3) – que perderam no ano mais de R$ 30 bilhões na bolsa.

Os problemas de Eike não acabaram por aí, e alguns dos seus principais executivos pediram as contas ou foram demitidos. Somente a LLX mudou quatro de seis diretores. E a holding, teve em menos de um ano, três diretores financeiros.

Elétricas derretem no ano
A OGX, contudo, não foi a única que levou uma rasteira do mercado em 2012. Os efeitos da Medida Provisória 579, aquela que alterou as regras para renovação das concessões de ativos das elétricas, foram irreversíveis nas ações do setor.

Os papéis da Eletrobras (ELET3; ELET6) figuram na segunda e terceira pior posição do Ibovespa no ano. Os ativos ELET3 caíram 61,36%, aos R$ 6,33, enquanto as ações ELET6 despencaram 57,51%, aos R$ 10,48. Na sequência, as ações da Eletropaulo (ELPL4) e Transmissão Paulista (TRPL4) registraram desvalorização de 57,51%, aos R$ 10,48, e 42,24%, aos R$ 32,99, respectivamente.

Os investidores se sentiram intimidados pelos estragos da MP vão causar nos próximos resultados das empresas. No caso da Eletrobras, a queda na remuneração vai levar a empresa a uma perda anual de cerca de R$ 8 bilhões – o equivalente a 25% da receita da Eletrobras, que é de R$ 31 bilhões.

Sem reajuste no petróleo, Petrobras sofre na mão do governo
Uma das maiores preocupações do mercado brasileiro, no momento, refere-se a quais ações podem sofrer com influência do governo, que vem mexendo na base de vários setores importantes para a economia, e a Petrobras (PETR3; PETR4) não foge desta mira. No ano, as ações ordinárias da companhia caíram 13,00%, aos R$ 19,55, enquanto os preferenciais recuaram 6,92%, aos R$ 19,52. 

A companhia tem como acionista controlador o governo, que vem segurando o reajuste no preço dos combustíveis para conter a inflação. A estatal enfrenta atualmente perdas em suas operações de refino, já que precisa importar gasolina para abastecer o mercado doméstico e os preços no Brasil estão 10% a 20% abaixo dos preços de importação.

Sem um aumento no preço (que deve ocorrer no início de 2013), a Petrobras deve continuar obtendo perdas no setor de refino. Desde o início do ano, esse setor apresentou um Ebit (lucro antes de juros e impostos) negativo de R$ 40 bilhões.

A dúvida, contudo, permanece sobre qual será a magnitude do aumento. Graça Foster, presidente da Petrobras, disse que é importante um reajuste no próximo ano e que quanto antes vier o reajuste, melhor, mas lembrou que ele pode acontecer de uma vez só ou em etapas, até 2016.

Mais uma temporada de resultados inexpressivos para siderúrgicas 
Mais uma temporada resultados praticamente inexpressivos marcaram as empresas de siderúrgia – CSN (CSNA3) e Usiminas (USIM3; USIM5) – ao longo do ano. Os lucros das empresas do setor tem apresentado quedas consistentes desde meados de 2011, enfraquecidos pelo excesso de oferta e demanda fraca de aço, aliados a uma base de custos que não caiu tanto.

Nem mesmo ações de estímulo do governo – redução no custo de energia, elevação nas tarifas de importação e desvalorização cambial – conseguiram puxar um otimismo consistente nos papéis. As ações da CSN terminaram 2012 com desvalorização de 16,79%, aos R$ 11,86, enquanto os papéis ordinários da Usiminas fecharam em queda de 19,96%, aos R$ 13,67, embora os ativos preferenciais subiram 26,91%, sendo cotados a R$ 12,80.

Os papéis da Usiminas traçam uma trajetória divergente, mas os especialistas não escondem suas preocupações com a dívida da companhia, ao mesmo tempo que a empresa reforça que tem empreendido esforços para cortar custos e aumentar a eficiência. 

A CSN também trabalha com uma perspectiva melhor de margens e recuperação de Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) no começo do próximo ano, mas os analistas não vem comprando suas apostas, enquanto seguem com olhares de cautela para os papéis. 

TIM fecha ano na laterna no setor de telecomunicações
Completando o time que se destacou pelo lado “negativo” da Bovespa, os papéis da TIM (TIMP3) chegaram a ganhar a preferência dos analistas ao longo de 2012, mas o desempenho do papel em bolsa não refletiu a recomendação. No acumulado do ano, as ações da companhia caíram 9,51%, aos R$ 8,20 – a maior queda em relação as outras duas ações do setor listadas na BM&FBovespa, Telefônica (VIVT4) e Oi (OIBR4).

Mas boa parte desse otimismo dos especialistas em torno do papel foi desfeita por uma série de notícias que abateram a empresa e o setor [troca de comando, suspensão da Anatel, corte da VU-M (taxa do uso de rede) e acusações de queda nas chamadas dos clientes Infinity] durante o ano.