As ações mais recomendadas pelos analistas para comprar em novembro; Gerdau e Arezzo entram na carteira

Na passagem de outubro para novembro, houve ainda a saída dos papéis da B3 e da Rede D'Or; Vale e Itaú Unibanco passaram a liderar recomendações

Bruna Furlani

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SÃO PAULO – O drible ao teto dos gastos e as incertezas em torno do custeio e do número de beneficiários do Auxílio Brasil azedaram os negócios em outubro e fizeram o Ibovespa recuar 6,7% no mês. A reviravolta no mercado local exigiu que várias casas revisassem novamente para baixo as projeções para o Ibovespa (principal índice da Bolsa brasileira) – e mudassem significativamente as carteiras recomendadas de ações para novembro.

A XP, por exemplo, atualizou a expectativa para o Ibovespa em meados de 2022 para 123 mil pontos, contra 130 mil pontos projetados anteriormente para o fim de 2021. Em relatório, Fernando Ferreira e Jennie Li, respectivamente estrategista-chefe e estrategista de ações, pontuaram que a forte alta das taxas de juros locais deve continuar pressionando o valor justo do Ibovespa.

Segundo eles, as taxas de juros reais (descontada a inflação) de longo prazo subiram de 5,0% para 5,5% ao ano em outubro. O problema é que isso também eleva as taxas de desconto dos fluxos de caixa – utilizadas para calcular o valor justo das ações – e afeta negativamente o índice. Com os juros mais altos também no curto prazo, os analistas destacaram ainda que o custo de capital das empresas deve ficar maior, prejudicando as perspectivas de lucro.

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Diante do cenário desafiador para as ações, levantamento feito pelo InfoMoney com dez corretoras indicou que as carteiras recomendadas tiveram mudanças. Na passagem de outubro para novembro, houve a entrada de empresas exportadoras e, portanto, com parte da receita dolarizada, como a Gerdau (GGBR4). Além disso, também passaram a ser sugeridas ações de companhias do setor de consumo que apresentaram forte queda recente, como é o caso da Arezzo (ARZZ3).

A última vez em que a ação da Gerdau tinha aparecido nas indicações dos analistas foi em abril deste ano. Já os papéis da Arezzo tiveram a primeira presença na carteira desde agosto de 2018.

Para abrir espaço para ambos os papéis, saíram ações como as da B3 (B3SA3) e da Rede D’Or (RDOR3). Além disso, a liderança da carteira passou por uma troca. Em novembro, as ações da Vale (VALE3) passaram a dividir o primeiro lugar com os papéis do Itaú Unibanco (ITUB4) como as mais recomendadas pelas dez casas.

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O InfoMoney divulga a compilação das recomendações todo início de cada mês, selecionando os cinco nomes mais citados pelas dez corretoras consultadas. O número de indicações pode ser maior, se houver empate.

Confira a seguir as ações mais indicadas para novembro, a quantidade de recomendações e o desempenho de cada papel em outubro, no ano e em 12 meses:

Empresa Ticker Nº de recomendações Retorno em outubro Retorno em 2021 Retorno em 12 meses
Vale VALE3 6 – 6,07% -3,68% 39,11
Itaú Unibanco ITUB4 6 – 2,24% -8,68% 23,41%
Weg WEGE3 5 – 6,64% -1,27% -1,33%
Arezzo ARZZ3 4 – 10,82% 8,77% 22,99%
Gerdau GGBR4 4 – 0,74% 15,50% 31,08%
Ibovespa   – 6,74% -13,04% 10,16%

*Indicações compiladas das carteiras de ações de Ágora, Ativa, BB Investimentos, BTG Pactual, Elite, Genial, Guide, Órama, Santander Corretora e XP Investimentos.
Fonte: Economatica

Olho na diversificação e na retomada

Em meio a um cenário de forte volatilidade no mercado local, as recomendações de novembro mostraram a preferência dos analistas por papéis em que parte da receita é dolarizada, além de ações que podem se beneficiar da alta de juros e que tendem a refletir a retomada econômica.

Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos, afirma que a entrada da Gerdau é um exemplo claro disso. Ele destaca que a produtora de aço possui uma exposição relevante nos Estados Unidos e que essa diversificação é bastante importante dadas as incertezas presentes no Brasil hoje.

Para o executivo, ainda que o enfraquecimento da demanda por aço seja um risco para a companhia, ela tem uma boa parte da receita dolarizada e poderia se beneficiar diante da apreciação do dólar frente ao real.

Outra empresa que segue no radar é a Vale. Na avaliação de Komura, a mineradora já está há um bom tempo no topo das recomendações dos analistas, mas segue atrativa por causa da possibilidade de pagamento de dividendos.

Ele explica que a resolução do problema gerado em Brumadinho permite que parte do caixa seja distribuído via dividendos. Isso porque em outubro a Vale informou que conseguiu fechar acordo com os familiares de todos os trabalhadores, próprios ou terceirizados, vítimas do desastre. Os valores somaram R$ 1,1 bilhão.

Além disso, o especialista da Ouro Preto Investimentos avalia que o preço do minério de ferro deve começar a estacionar em um patamar mais baixo e não deve haver variações tão abruptas como as que ocorreram nos últimos meses.

Outro papel que volta a ganhar maior peso dentro das carteiras é o do Itaú Unibanco. Komura explica que o banco está conseguindo ser mais competitivo que as demais instituições financeiras na briga com as fintechs e que a expectativa do mercado é de que a inadimplência do crédito permaneça em nível saudável.

“Os resultados devem vir bons, o aumento da taxa de juros é positivo para os bancos e Itaú está indo em direção a um mix de crédito mais rentável, focado em pessoa física, que possui uma margem mais alta”, destaca.

Confira agora as análises sobre cada uma das cinco indicações:

Vale (VALE3)

Com seis recomendações na carteira, as ações da Vale dividem a liderança pelo segundo mês consecutivo. A diferença desta vez é que a divisão do topo é com os papéis do Itaú Unibanco, e não mais com os da Rede D’Or, como aconteceu em outubro.

O olhar mais positivo para a companhia foi o que fez Victor Penna e Wesley Bernabé, analistas do BB Investimentos, reinserirem os papéis da Vale na carteira de novembro. Segundo eles, apesar de os resultados terem vindo abaixo do esperado no terceiro trimestre, os papéis da Vale estão descontados, após a forte correção nos preços que ocorre desde meados de agosto.

Em relatórios, os executivos do BB destacaram que a perspectiva de retorno dos preços do minério a um nível menor, com a oferta e demanda mais equilibradas, além da alta rentabilidade e boa geração de caixa, são pontos que podem levar companhia a fazer pagamentos mais consistentes de dividendos.

Na mesma linha, os analistas da XP ponderaram que a companhia segue comprometida com seu guidance (previsão) de produção de minério de ferro neste ano e que o estoque acumulado do produto deve ser revertido no quarto trimestre deste ano.

Itaú Unibanco (ITUB4)

Também na primeira colocação estão os papéis do Itaú Unibanco. Para os analistas Carlos Sequeira, Osni Carfi, Bruno Lima e Luiz Temporini, do BTG Pactual, neste mês foi preciso substituir os papéis do Bradesco pelas ações do Itaú Unibanco.

Segundo os especialistas do BTG Pactual, a razão é que as ações do banco estão negociando a preços atraentes e a carteira de crédito do Itaú cresceu a um ritmo mais forte do que o esperado no primeiro semestre. Aliado a uma Selic mais alta e linhas rotativas ganhando maior espaço, isso pode acelerar a margem financeira no segundo semestre deste ano.

Outro ponto que deve ajudar os papéis do banco é a aprovação da cisão de participação na XP pelo Banco Central. Segundo os analistas da Guide, tal medida já ajudou a destravar valor para os acionistas do Itaú. Além disso, as ações do banco ainda podem ser beneficiadas pelas perspectivas de manutenção de dividendos em patamares atrativos, além de possíveis aquisições.

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Weg (WEGE3)

Na segunda colocação com quatro recomendações estão as ações da Weg. Ao falar sobre os papéis, Ricardo Peretti, estrategista pessoa física do Santander, diz que segue com uma visão mais positiva para a fabricante de baterias, sistemas e componentes elétricos.

Um dos pontos, explica Peretti, está na capacidade que a empresa tem de oferecer diversificação geográfica, o que pode beneficiá-la em um contexto de maior volatilidade dos ativos brasileiros nos próximos meses. Isso porque cerca de 55% da receita da companhia está ligada a mercado externos.

Com isso, na sua avaliação, a empresa também poderia ser beneficiada em um cenário de apreciação do dólar frente ao real.

Arezzo (ARZZ3)

Empatados na terceira colocação com os papéis da Gerdau, com quatro recomendações cada, estão os da Arezzo. De olho no potencial que as ações podem ganhar com o crescimento do consumo das classes de renda mais alta, as ações da Arezzo voltaram a fazer parte da carteira de ações do BTG neste mês.

Em sua justificativa, os analistas do banco afirmaram em relatório que a visão positiva para a empresa é reflexo da expansão resiliente do mercado doméstico. Além disso, segundo eles, houve a chegada de novas marcas como Vans e Reserva. Os resultados da operação dos Estados Unidos também têm se mostrado cada vez mais “saudáveis”, principalmente com base no atacado e canais de varejo online.

A visão mais otimista é compartilhada pelos analistas da XP, para quem a empresa é um nome de alta qualidade, com sólidas perspectivas de crescimento orgânico e bom posicionamento para se beneficiar da recuperação econômica – especialmente porque o setor de calçados foi “deixado de lado” em 2020.

Gerdau (GGBR4)

Além de terem entrado na carteira compilada pelo InfoMoney em novembro, os papéis da Gerdau são uma novidade no portfólio sugerido pela XP.

Na passagem de outubro para novembro, a XP optou por trocar os papéis da Klabin (KLBN11) pelas ações da Gerdau. Em sua justificativa, os analistas da casa disseram que a mudança está ligada ao bom momento do mercado de aço no mundo, que deve seguir se beneficiando pela menor produção do material pela China.

Na opinião dos especialistas, a diversificação geográfica da empresa também deve ser um dos principais fatores para capturar os benefícios dos altos preços do aço em todo o mundo. Hoje, segundo eles, a companhia apresenta diversidade de operações na América Latina e exposição relevante nos EUA, fatores que, juntos, trazem uma proteção adicional em meio a um cenário de forte volatilidade no Brasil.

O que também chama a atenção, de acordo com os especialistas da XP, são os números operacionais recordes da Gerdau referentes ao terceiro trimestre, refletindo o forte desempenho da indústria siderúrgica nas principais divisões de negócios da companhia.