As ações de elétricas para ter na carteira com a crise do coronavírus

Segmento de distribuição é o mais prejudicado, mas transmissão e geração têm boas oportunidades, segundo analistas

Anderson Figo

SÃO PAULO — Até mesmo um dos setores mais defensivos da economia, o elétrico, está sofrendo com a crise causada pela pandemia do coronavírus.

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Ele é afetado pelo menor consumo de energia, menor arrecadação das distribuidoras de energia e pelas notícias sobre pedidos de renegociações de contratos no mercado livre de energia elétrica (ACL) por clientes industriais e comerciais.

Para o analista Gabriel Fonseca, da XP Investimentos, a maior preocupação de curto prazo é com a preservação dos fluxos de caixa do setor devido à queda de arrecadação das distribuidoras de energia da ordem de -20% a -25% devido ao aumento de inadimplência em meio à crise.

Este problema, segundo ele, foi exacerbado pela decisão da Aneel (órgão regulador do setor elétrico) de proibir cortes de luz por 90 dias para consumidores residenciais e provedores de serviços essenciais.

Fonseca, no entanto, destacou que houve pontos positivos da regulação no setor, com medidas para preservar o seu pleno funcionamento. Uma delas foi a liberação de R$ 2 bilhões da conta setorial CONER para prover liquidez às distribuidoras e agentes do mercado livre, além da injeção de R$ 900 milhões do Tesouro Nacional para cobrir parcialmente as contas de luz de consumidores inscritos na Tarifa Social.

Ele destacou ainda a compensação da postergação de reajustes tarifários das distribuidoras por três meses mediante uma arrecadação menor do encargo CDE. Além disso, o Ministério de Minas e Energia (MME) está negociando junto a um sindicato de bancos públicos e privados a realização de um empréstimo para cobrir o déficit de arrecadação das distribuidoras e assegurar os repasses a outros elos da cadeia, como geradoras e transmissoras.

“Apesar dos esforços no curto prazo, há pouco o que se fazer com respeito e impactos de médio prazo como queda do consumo de energia, inadimplência e aumento das perdas não-técnicas (ou furto de energia). Tais problemas devem impactar principalmente as distribuidoras de energia”, disse.

Por esse motivo, a recomendação de Fonseca aos investidores é evitar exposição ao segmento de distribuição de energia. A XP rebaixou a recomendação das ações da Equatorial (EQTL3) de compra para neutra, mesmo levando em conta a qualidade da gestão da companhia e as bem-sucedidas iniciativas de melhoria operacional de concessões complexas no passado.

Já no segmento de geração de energia, o analista da XP prefere os nomes expostos ao segmento regulado (ACR) sobre o segmento de mercado livre (ACL), tendo em vista os riscos de renegociações de contratos no segundo caso.

“Também favorecemos empresas com um maior grau de contratação em relação à sua capacidade de geração, tendo em vista a queda dos preços de energia no mercado de curto prazo (spot) devido à combinação de queda de demanda e melhores condições de hidrologia”, explicou.

Nesse contexto, Fonseca destacou a Omega Geração (OMGE3) e Cesp (CESP6) que, segundo ele, são os nomes com maior contratação de sua capacidade e, no caso da Omega, maior exposição ao mercado regulado.

“Embora o setor de transmissão seja conceitualmente o menos impactado pela crise em curso (…), acreditamos que essa segurança relativa já se reflete no desempenho superior do setor acima da Bolsa desde março. Dito isso, temos uma preferência relativa da Taesa (TAEE11) sobre a Transmissão Paulista (TRPL4) devido à estratégia de alocação de capital mais seletiva e com maiores retornos da primeira empresa.”

No universo de empresas integradas, com exposição a todos os elos do setor elétrico, Fonseca manteve a recomendação de compra em EdP Energias do Brasil (ENBR3) e Copel (CPLE6) devido à menor exposição ao segmento de distribuição e por acreditarmos que as ações negociam a preços atrativos.

A recomendação neutra foi mantida para a Cemig (CMIG4) devido à maior exposição da companhia ao segmento distribuição e ao maior endividamento, embora não haja um grande risco de crédito, segundo o analista da XP.

Sobre o pagamento de dividendos, Fonseca fez uma ressalva: algumas empresas podem pausar a distribuição de grandes proventos aos acionistas, conforme observado nos casos de Engie (EGIE3) e EdP Energias do Brasil.

“Isso se deve ao fato de que o mercado de crédito está muito mais restrito, o que impossibilitará empresas com investimentos relevantes programados para os próximos anos de maximizarem a remuneração de seus acionistas. Apesar desta ser uma postura completamente compreensível por parte das companhias, anúncios nesse sentido podem pesar nas ações do setor no curto e médio prazo”, concluiu.

Oportunidades

Os analistas Kaique Vasconcellos e Daniel Travitzky, do Safra, também enxergam oportunidades no setor elétrico em meio à crise do coronavírus. Por esse motivo, eles colocaram recomendação de compra a dez ações do setor em seu universo de cobertura.

“Olhando para a frente, cremos que as concessionárias de energia são um setor ‘top pick’ para investir em ações e vemos muitas companhias com um bom ponto de entrada”, disseram em relatório. “Neste momento, recomendamos que os investidores aumentem fortemente sua exposição ao setor.”

Entre as empresas de distribuição de energia, os analistas destacaram as ações da Energisa (ENGI11), da Equatorial (EQTL3), da Neoenergia (NEOE3) e da CPFL (CPFE3). Segundo eles, todas possuem boa relação risco-retorno.

Já entre as geradoras, o banco apontou a Engie (EGIE3) e a Cesp (CESP6) como suas preferidas. Segundo Travitzky e Vasconcellos, ambas têm taxa interna de retorno (TIR) atraente. Também pela TIR expressiva, o Safra destacou a Alupar (ALUP11) como sua favorita entre as empresas de transmissão de energia.

Também possuem recomendação de compra a EdP Energias do Brasil (ENBR3), a Taesa (TAEE11) e a Cemig (CMIG4). Já a Copel (CPLE6), a AES Tietê (TIET11), a Light (LIGT3) e a Transmissão Paulista (TRPL4) têm recomendação neutra pelo Safra.

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Anderson Figo

Editor de Minhas Finanças do InfoMoney, cobre temas como consumo, tecnologia, negócios e investimentos.