As 11 ações que driblaram o dia de marasmo na Bolsa; bancos voltam a cair

CSN perde forças no final, mas fecha como a única ação com volume maior que sua média; ex-OGX sobe 6% após apresentar novo plano de recuperação judicial

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Apesar de uma segunda-feira (26) de poucas emoções na bolsa brasileira – grande parte por causa dos mercados fechados nos EUA -, diversas ações registraram forte oscilação nesta sessão. Na ponta positiva, 7 das 71 ações do Ibovespa subiram mais de 2%, enquanto 3 papéis fecharam com queda de mais de 1%, mais uma vez com destaque para os bancos, que devem ter uma semana bastante agitada aguardando o julgamento no STF (Supremo Tribunal Federal).

Apesar de não registrarem fortes perdas, chamou atenção o desempenho do Itaú Unibanco (ITUB4-0,31%, R$ 35,68), Itaúsa (ITSA4-0,23%, R$ 8,76) e Bradesco (BBDC3-0,38%, R$ 33,74; BBDC4, -0,40%, R$ 32,70), que ficaram entre as maiores quedas do pregão. Enquanto isso, o Banco do Brasil (BBAS3+0,18%, R$ 22,44) e o Santander (SANB11+0,67%, R$ 15,09) – o menos exposto ao julgamento dos planos econômicos – conseguiram evitar maiores oscilações.  

Segundo a XP, os bancos merecem atenção redobrada essa semana devido ao julgamento dos planos econômicos no STF (Supremo Tribunal Federal), que está agendado para a próxima quarta-feira (28), porém pode ser adiado novamente. De acordo com fontes, existe um esforço da Febraban e do Banco Central para tentar convencer os ministros da necessidade de mais tempo para avaliar os valores envolvidos e a procedência do tema, principalmente após o STJ (Supremo Tribunal de Justiça) ter dado ganho aos poupadores em relação ao juro de mora.

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CSN (CSNA3, R$ 9,00, +3,69%)
Os papéis da siderúrgica foram os únicos do Ibovespa a movimentarem um volume maior que sua média, atingindo R$ 69,18 milhões. O desempenho ocorre após a empresa anunciar seu terceiro programa de recompra de ações no ano, que prevê a aquisição de até 53.326.161 ações. Nos primeiros programas, a empresa recomprou 70,2 milhões e 67,9 milhões de papéis. O volume dessa terceiro recompra representa pouco mais de 10 dias de negociação do papel, considerando a média de negociação nos últimos 21 dias.

Segundo a XP Investimentos, evento deve chamar atenção dos investidores para o ativo, mas não deve ser motivo de grandes reações uma vez que a empresa ainda segue repercutindo dados da atividade industrial e econômica muito fracos em abril e que já tem motivado fortes realizações nas ações das siderúrgicas como um todo.

MRV Engenharia (MRVE3, R$ 6,78, +3,20%)
Os papéis da imobiliária subiram em meio à expectativa de que a presidente Dilma Rousseff anuncie a 3ª fase do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida. A meta do governo é elevar a contratação de crédito para chegar a 4 milhões de casas e apartamentos até o fim de 2015. O Minha Casa, Minha Vida contabiliza, em sua 2ª fase, 2,7 milhões de unidades contratadas e deve fechar este ano com 3 milhões de habitações financiadas. Para a XP Investimentos, as empresas mais beneficiadas com esse possível anúncio seriam a MRV e Direcional (DIRR3, +0,84%, R$ 10,79).

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Souza Cruz (CRUZ3, R$ 24,50, +4,43%)
Mais uma companhia que conseguiu subir forte nesta sessão foi a Souza Cruz, que voltou a registrar um desempenho positivo após um início de mês bastante volátil. Com o desempenho de hoje, os papéis da empresa voltam a registrar alta acumulada em 2014 – chegando ao seu maior nível desde outubro -, chegando a 4,31%.

Marfrig (MRFG3, R$ 4,96, +2,27%) e JBS (JBSS3, R$ 7,89, +1,81%)
Com a alta de hoje, as ações do frigorífico chegam a valorização de 3,09% em 2014, ficando entre as maiores altas do Ibovespa no ano. Além disso, a empresa, neste momento, registra o melhor desempenho dentre as ações do índice em maio, com alta de 19,23%. Vale destacar que a companhia sofreu bastante após a divulgação de seus resultados, tendo registrado o 6º maior prejuízo dentre todas as empresas da Bolsa, que atingiu R$ 96,42 milhões.

Enquanto isso, a JBS segue em alta após a companhia ter anunciado na última semana a intenção de um IPO para sua subsidiária JBS Foods. Além disso, a agência de classificação de risco Fitch alterou sua perspectiva para os ratings da companhia de “negativa” para “estável”, mantendo a nota em “BB-“.

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OGPar (OGXP3, R$ 0,17, +6,25%)
As ações da antiga OGX Petróleo, ganharam destaque nesta sessão ao refletirem a nova versão do seu plano de recuperação judicial, encaminhado à 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro. O ponto principal da proposta segue o mesmo: uma injeção de US$ 215 milhões em novos recursos para sustentar as operações da companhia.

Entre as alterações está a polêmica cláusula que desobrigava o controlador Eike Batista a aportar US$ 1 bilhão (a chamada “put option”) na empresa. Na primeira versão, o empresário era totalmente desobrigado de honrar o contrato. Agora, o documento diz apenas que os credores reconhecerão a plena validade e eficácia do resultado de um procedimento instaurado pela companhia e o controlador para definir se a “put” pode ou não ser cobrada.

Outra mudança é que o pagamento aos fornecedores será feito em até três parcelas, no valor mínimo de R$ 10 mil cada. Antes, o pagamento do crédito seria feito até R$ 30 mil em dinheiro, em 12 parcelas a partir de 30 de janeiro de 2015. Além disso, a possibilidade da venda de ativos da petroleira na Colômbia passou a constar no plano e uma terceira série de debêntures do empréstimo DIP (debtor in possession), no valor de US$ 90 milhões também estão no novo texto.

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Por fim, consta ainda no plano um empréstimo adicional de US$ 73,2 milhões obtido pela OGX para financiar exportações e pagar seus custos e despesas. O novo plano mantém a configuração final prevista após a reestruturação da companhia. Os credores irão representar 90% da empresa, os minoritários atuais ficarão com uma fatia de 4,98%, a Centennial, controlada por Eike, terá 5,02%, e o empresário como pessoa física com apenas uma ação.

General Shopping (GSHP3, R$ 9,00, -4,46%)
Fora do Ibovespa, os papéis da General Shopping se recuperaram após chegarem a despencar 7,22% na mínima do dia. Nos últimos dois pregões, os ganhos da companhia chegaram a 34,96%. Na semana passada, um relatório da Ágora/Bradesco afirmou que o balanço ficou em linha com as estimativas, mas que recomendava compra das ações, com destaque para o potencial valorização de 228% para este ano.

Aliado a isso, uma postagem feita hoje na coluna de Geraldo Samor, da Veja Online, falou sobre a possibilidade da empresa anunciar a recompra de seus títulos no mercado internacional, que atualmente corroem o resultado financeiro da companhia com juros de 12% ao ano em dólares.

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Forjas Taurus (FJTA4, R$ 1,24, -1,59%)
Apesar do desempenho fraco das ações preferencias, chamaram mais atenção os ativos ordinários da companhia, que fecharam com ganhos de 4,60%, a R$ 1,82. A empresa informou na última semana que seu maior acionista minoritário, Luis Fernando Costa Estima, pretende vender nos próximos 10 dias até 3,8 milhões de ações da empresa, representando 8,58% do capital social com direito a voto. Para a operação, será utilizada a Itaú Corretora. Segundo a XP, apesar de representar uma força vendedora no curto prazo, a sinalização da venda por parte de Estima pode vir a ser bem recebida pelo mercado. Estima está no centro de uma disputa entre acionistas da Forjas Taurus.

Profarma (PFRM3, R$ 20,67, +6,16%)
As ações da Profarma voltaram a chamar atenção quase um mês após terem disparado 25,88% sem nenhuma razão no final de abril. Na época, analistas não souberam justificar o desempenho enquanto a companhia afirmou não ter divulgado nenhuma novidade. Vale lembrar que seu resultado de 2013 mostrou um prejuízo de R$ 4,6 milhões ante lucro no ano anterior. Na data da divulgação, os ativos da companhia eram cotados a R$ 18,93, valor que chegou a recuar até R$ 14,14 após a apresentação do balanço.

Linx (LINX3, R$ 47,75, +5,69%)
Na última semana, a produtora de software para varejo anunciou a aquisição da Rezende e Net4Biz, cujas atividades compreendem o desenvolvimento e comercialização de softwares destinados à gestão de automação de postos de gasolina, lojas de conveniência e food service. A aquisição sairá por R$ 49,9 milhões. Com o desempenho de hoje, as ações da companhia viraram para o positivo no ano, com leves ganhos de 0,48%. Os papéis fecharam o pregão em sua máxima do dia.

Locamerica (LCAM3, R$ 4,00, +0,25%)
Apesar da leve alta, as ações da companhia chegaram a despencar 7,27% no intraday. Nas últimas semanas, a empresa chegou a ganhos de 60% em 12 pregões. Enquanto isso, a companhia divulgou que elegeu Adaberto Pereira dos Santos para ocupar o cargo de diretor financeiro e de relações com investidores da companhia, substituindo Joel Kos.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.