As 10 economias que podem entrar “na berlinda” por conta das viradas climáticas

Filipinas, Nigéria, Vietnã e até mesmo o Japão podem ser ameaçados pelas mudanças climáticas e veem suas economias patinar

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Por mais que este assunto seja ignorado por muitos, cada vez mais o consenso entre os países aponta para a preocupação com as mudanças climáticas e como isso pode afetar o crescimento mundial. 

No mês passado, por exemplo, os EUA fizeram uma oferta de empréstimos de US$ 4 bilhões para projetos que evitem ou reduzem gases de efeito estufa, refletindo a ideia crescente de que o aquecimento global existe e que pode dificultar o crescimento econômico.

A OCDE, por exemplo, prevê prejuízos anuais de mudanças climáticas levando a uma diminuição entre 1,5% e 4,8% para o crescimento da economia global até o final do século. 

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O sucesso econômico não será igual em todos os países no entanto. Inundações, tufões, secas e deslizamentos de terra levam a um pedágio pesado para os países mais pobres, com menos infra-estruturas para lidar, e onde a maioria da população ainda trabalha com a terra.

Desta forma, o portal norte-americano CNBC destacou quais os países podem ser os mais afetados pelas mudanças climáticas, tanto ambiental como economicamente:

1. Filipinas: as Filipinas lideram a lista de nações com o maior risco de tempestades em suas sete mil ilhas. Nos últimos cinco anos, o país enfrentou diversos problemas por conta de fenômenos naturais, que levaram a prejuízos. 

Em novembro do ano passado, o tufão Haiyan deixou um rastro de devastação em toda a região central das Filipinas, provocando a morte de mais de 6 mil pessoas. As estimativas do governo é de danos e prejuízos totais atingiu US$ 12,9 bilhões.

2. Nigéria: as mudanças climáticas também podem atingir a Nigéria e sua importante indústria de petróleo, que gera 1,95 milhões de barris por dia. Os cinco meses de inundação em 2012, por exemplo, resultou em uma perda estimada de 500 mil barris por dia, segundo a consultoria global de risco Maplecroft.

O Delta do Níger é rico em petróleo e especialmente exposto às alterações climáticas, onde o aumento dos níveis do mar já resultou na perda de alguns poços de petróleo. O aumento da variabilidade da precipitação também atinge a segurança alimentar.

3. Vietnã: assim como a Nigéria, o forte crescimento do país é condicionado a variações climáticas, particularmente inundações e tufões. 

Entre 2001 e 2010, desastres naturais, incluindo inundações, deslizamentos de terra e secas resultou em um corte de 1,5 por cento para o PIB, segundo o site do governo. 

O Delta Mekong é particularmente vulnerável à subida do nível do mar e o governo estima que, se o nível do mar aumentar 1 metro, mais de 20% da cidade Ho Chi Minh será inundada, com até 12% da população vietnamita sendo afetada e o país perdendo cerca de 10% do crescimento do PIB.

4. Haiti: a ex-colônia francesa é o único país das Américas e do Caribe que estão no top-10 para o risco de mudança climática. A localização do Haiti deixa o país vulnerável a terremotos e furacões, e sofreu uma série de desastres naturais que abalaram seu desenvolvimento, incluindo a sua capacidade para se preparar para as mudanças climáticas. 

O país ainda se recupera de um terremoto em 2010, que matou cerca de 220 mil pessoas e custou aproximadamente US$ 8 bilhões, de acordo com as estimativas da ONU (Organização das Nações Unidas). “No Haiti, a população está muito exposta a níveis extremos de pobreza, falta de cuidados básicos de saúde, infraestrutura inadequada e é em grande parte dependente da agricultura”, disse Maplecroft no seu relatório de 2014.

5. Bangladesh: o país lidera a lista de países com o maior risco de inundações mais frequentes e graves do Banco Mundial. 

O Banco diz que o derretimento glacial do Himalaia vem aumentando, como resultado do aumento da temperatura global, elevando o nível dos rios Ganges e Brahmaputra e seus afluentes. Além disso, o aumento do número de ciclones está chegando ao sul, como o ciclone Sidr em 2007 e o ciclone Aila em 2008.

6. Papua Nova Guiné: localizada ao norte da Austrália, é o país de maior risco para as mudanças climáticas na região do Pacífico, de acordo com o Banco Asiático de Desenvolvimento. 

 Uma das vítimas para levar a maior deterioração da economia seria a cultura de batata do país, com um declínio de 50% até 2050, segundo o Banco Mundial. O país pode sofrer com uma queda de 15,2% do seu PIB até 2.100. 

7. Malauí: o país do sul da África bastante dependente da agricultura, está com risco de secas cada vez mais intensas e freqüentes, de acordo com o Banco Mundial. 

O país sofreu duas secas severas nos últimos 20 anos e um período de seca prolongada em 2004. A expectativa é de que haja redução da produtividade agrícola e aumento de danos à infraestrutura rodoviária ao longo dos próximos trinta anos, se as emissões de dióxido de carbono global continuam a aumentar.

8. Fiji: três das principais indústrias de Fiji estão sob a ameaça do aquecimento global: a pesca, a exportação de açúcar e o turismo, de acordo com o Banco Mundial.

“Em um cenário de emissões [de carbono] médias, Fiji pode ver as temperaturas subirem de 2 a 3 graus celsius até 2070, o que poderia levar a reduções significativas na agricultura, redução das capturas de peixe e queda do número de turistas, disse o banco em um relatório de 2013. A produção de cana seria seriamente afetada. 

9. Sudão: a maior parte do Sudão, um dos maiores países da África sub-saariana é terra árida ou deserto. Sua suscetibilidade à seca torna-o o país mais vulnerável do mundo a escassez de alimentos, segundo o Work Bank. 

Além disso, há expectativas de grandes aumentos populacionais, elevando a pressão sobre a demanda por alimentos e água, quando a maior parte da região já sofre de estresse hídrico e altos níveis de insegurança alimentar. 

10. Japão: como um país de alta renda, o Japão está muito melhor posicionado para se adaptar à mudança climática do que seus vizinhos mais pobres do Pacífico. No entanto, a alta proporção de sua população – 16,2% – que vive em zonas costeiras baixas, juntamente com a sua suscetibilidade a uma série de desastres naturais, como tsunamis, inundações, tufões, terremotos e erupções vulcânicas, significa que ele é mais vulnerável do que outros países ricos como os EUA, Reino Unido e Alemanha.

A sua integração na economia global também significa que uma queda na economia pode atingir outros lugares.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.