Argentina: títulos sobem e ações têm dia instável após acordo com FMI reduzir risco de calote

País precisou reformular seu acordo de US$ 44 bilhões com o FMI

Equipe InfoMoney

(TexBr/iStock/Getty Images Plus)
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Os títulos internacionais em dólares da Argentina subiam nesta quinta-feira, depois que uma equipe do Fundo Monetário Internacional (FMI) e o governo chegaram a um acordo que deve liberar cerca de US$ 4,7 bilhões do programa de empréstimo do país com o fundo. O índice de ações Merval, por sua vez, chegou a subir mais de 1%, mas operava próximo do zero no início da tarde (queda de 0,03%). O dólar blue, negociado no mercado paralelo na Argentina, caía 2,61%, a 1.100 pesos na compra e 1.120 pesos na venda.

O acordo elimina, no curto prazo, o risco de a Argentina atrasar os pagamentos ao FMI.

“A retomada do programa é positiva”, escreveu o analista do Goldman Sachs, Sergio Armella, em uma nota, acrescentando que o programa havia sido “descarrilado” no ano passado, quando o governo anterior não cumpriu as metas econômicas estabelecidas no programa. “Chegar a um acordo não significa que a Argentina terá acesso a fundos líquidos adicionais; no entanto, o fato de não cair em atraso com o FMI é bem-vindo.”

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A Argentina, onde a inflação anual está chegando a 200% e as reservas líquidas de moeda estrangeira estão em território negativo, precisou reformular seu acordo de US$ 44 bilhões com o FMI depois que o governo anterior não cumpriu várias metas econômicas.

O novo presidente, o “outsider” liberal Javier Milei, que assumiu o cargo em dezembro, colocou a renovação do acordo com o FMI e a solução da pior crise econômica do país em décadas no topo de sua agenda.

Milei, relativamente novato na política, cuja coalizão tem minoria nas duas câmaras do Congresso, enfrenta grandes obstáculos devido ao fraco apoio político e à complexidade dos problemas econômicos do país.

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O acordo com o FMI sobre a sétima revisão do programa geral — que agora precisa da aprovação da diretoria do FMI — será usado, em grande parte, para fazer os pagamentos que a Argentina já tem de fazer ao fundo nos próximos meses. Isso ajudará a preencher uma lacuna até a próxima colheita, que deverá ser abundante para as principais culturas comerciais de soja e milho, o que trará a tão necessária moeda estrangeira para o país.

A empresa local Delphos Investment disse que o acordo estava sendo “bem recebido” pelos mercados e impulsionando os títulos. “Os vencimentos com o FMI não serão mais um fator de pressão sobre as reservas, permitindo que a época colheita seja alcançada com maior facilidade”, escreveu.

A nota de 2029 obteve os maiores ganhos, sendo negociada a 38,98 centavos de dólar, de acordo com dados da MarketAccess. Os títulos da Argentina permanecem em território de risco.

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O porta-voz da presidência, Manuel Adorni, disse na quinta-feira que o governo estava promovendo duras medidas de austeridade econômica, o que, segundo ele, estava impulsionando os mercados e reconstruindo a credibilidade do país junto aos investidores.

“Pela primeira vez na história, não é o FMI que propõe ao Ministério da Economia as mudanças a serem feitas, mas sim nós que propusemos o caminho a seguir”, disse ele a repórteres.

O J.P. Morgan disse em uma nota que a “rápida negociação” com o FMI poderia ajudar a estabilizar a grande diferença entre as taxas de câmbio oficiais e paralelas, embora a inflação alta que está por vir provavelmente mantenha a pressão sobre o peso.

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“Se o perfil de inflação projetado se confirmar, será necessária uma nova recalibração do câmbio oficial para garantir a capacidade de acumular reservas no segundo semestre de 24 e, assim, eliminar gradualmente os controles de capital este ano”, disse.

Embora o acordo não forneça recursos adicionais aos previamente negociados, Luis Caputo, ministro da Economia, disse que o FMI está aberto a renegociar e oferecer novos recursos à Argentina, se necessário.

Do lado do ajuste fiscal, o Bradesco BBI aponta que vale a pena ter em mente que o seu sucesso depende da aprovação pelo Congresso da Lei Omnibus, que inclui o aumento das contribuições, reversão da isenção fiscal sobre os rendimentos dos trabalhadores, entre outros.

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(com Reuters)