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Apple: ação bate recorde após revelar ‘IA para resto de nós’, mas plano puxará venda?

Analistas se dividem sobre se projeto divulgado vai impulsionar as vendas da companhia de tecnologia

Equipe InfoMoney

Pessoas olhando para o novo iPhone 15 Pro enquanto aparelho começa a ser vendido oficialmente na China (Foto: REUTERS/Aly Song/File Photo)
Pessoas olhando para o novo iPhone 15 Pro enquanto aparelho começa a ser vendido oficialmente na China (Foto: REUTERS/Aly Song/File Photo)

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As ações da Apple (AAPL) atingiram uma máxima recorde e subiam por volta das 14h (horário de Brasília) 5,91%, a US$ 204,54, depois de terem caído na sessão anterior após apresentar a sua tão esperada estratégia de IA, divulgada em uma conferência de desenvolvedores.

A conferência realizada ontem foi mais do que a inclusão da mais recente tecnologia de inteligência artificial em seus softwares, chamada como “IA para o resto de nós”. Também tratou de vender mais iPhones.

A Apple buscou a IA como uma forma de revigorar sua base de fãs leais de mais de 1 bilhão de clientes e reverter um declínio nas vendas de seu produto mais vendido.

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O software, que requer pelo menos um iPhone 15 Pro ou Pro Max para funcionar, pode incentivar novas compras, segundo vários analistas. Alguns previram que o maior ciclo de atualização desde o lançamento do iPhone 12 em 2020 deve ocorrer no final deste ano.

“O que vimos hoje foi mais convincente do que qualquer coisa que vimos desde então”, disse o analista Gil Luria, da DA Davidson, na segunda-feira.

A empresa apresentou o que chamou de Apple Intelligence, sua abordagem de IA generativa. A companhia demonstrou como sua IA pode gerar emojis personalizados, um desenho animado para enviar a amigos ou edições para que um email pareça mais profissional. A assistente digital Siri também poderá perguntar aos usuários se eles vão querer ajuda do ChatGPT, da OpenAI, empresa financiada pela rival da Apple, a Microsoft.

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Alguns analistas expressaram ceticismo, prevendo que os consumidores não correrão para as lojas da Apple apenas para ter um celular caro que, com exceção dos recursos de IA, faz praticamente as mesmas coisas que versões anteriores.

“Talvez haja o suficiente nos novos e aprimorados dispositivos da Apple com inteligência artificial e com tecnologia Siri para estancar parte da hemorragia de receita na área de dispositivos, mas não há o suficiente para criar um novo grupo de seguidores”, disse o analista da Forrester, Dipanjan Chatterjee.

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Tejas Dessai, da Global X, acrescentou: “Os investidores claramente querem uma estratégia mais abrangente e ambiciosa da Apple no que diz respeito à IA”.

Mais animado, o Itaú BBA considerou o evento anual o melhor desde 2020, quando a Apple revelou os recursos do iPhone 5G.

“Embora não sejamos especialistas em produtos e prefiramos que estes façam análises aprofundadas, algumas coisas chamaram nossa atenção: (i) a integração Siri-ChatGPT (incluindo ChatGPT 4-o), trazendo uma experiência aparentemente tranquila para usuários de iPhone, mas que não confere direitos de exclusividade; os (ii) princípios da Apple Intelligence, centrados na privacidade. (iii) Apple Intelligence e integração de contexto pessoal com aplicativos nativos da Apple, como Mail e Photos, permitindo mais uso em fluxo de trabalho rápido. (iv) O novo recurso de bloqueio de aplicativos da Apple, estendendo a privacidade à utilização do dispositivo e (v) O recurso Tap-to-Pay”, avaliam os analistas.

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O BBA aponta que, com todas essas novidades, acredita que a Apple fez o melhor trabalho em anos trazendo inovação para seus dispositivos. O ciclo de substituição do iPhone se estendeu significativamente devido às vendas lentas nos últimos 18 a 24 meses, mas parece que há incentivos suficientes para os usuários comprarem um novo iPhone, na visão dos analistas. Além disso, os recursos de IA serão limitados aos dispositivos iPhone 15 Pro ou superior, incentivando os usuários a atualizar seus telefones.

Em suma, o BBA mantém recomendação equivalente à neutra, mas tem uma outra visão sobre os ativos. “Antes do evento, estávamos no modo ‘esperar para ver’, então nossa recomendação era ficar fora da ação. No entanto, acreditamos agora que existe uma possibilidade real de um ‘superciclo’, que poderá impactar negativamente os investidores que estão completamente fora da ação. Portanto, acreditamos que a adoção de uma estratégia neutra mais apropriada, e este é o raciocínio por trás da nossa recomendação”, avalia.

ATUALIZAÇÃO PARA A IA?

Os recursos de IA da Apple não virão para todos os iPhones. Como destacado acima, a empresa disse que os usuários precisam fazer upgrade para o iPhone 15 Pro ou Pro Max, que a Apple começou a vender em setembro passado.

A Apple alegou que a IA, desenvolvida para que possa processar dados de forma privada no dispositivo do usuário, depende dos chips nos smartphones mais novos da companhia.

Na opinião do analista da Wedbush Securities, Dan Ives, isso representa uma grande oportunidade. Ele calculou que cerca de 270 milhões de iPhones não foram atualizados nos últimos quatro anos.

“Estimamos que mais de 15% da base instalada da Apple fará o upgrade para o iPhone 16, pois o Apple Intelligence é o aplicativo matador que muitos estavam esperando”, disse Ives.

O lançamento do iPhone 16 está previsto para o final do ano.

Gene Munster, sócio-gerente da Deepwater Asset Management, disse que outra vantagem da Apple foi sua integração fácil de usar com o ChatGPT. “Eles estão realmente eliminando o atrito do uso de IA”, disse ele.

A receita do iPhone no ano fiscal que terminou em setembro de 2023 foi de US$ 200,6 bilhões, abaixo dos US$ 205,5 bilhões do ano anterior.

(com Reuters)