App, WhatsApp, live shops, drive thru, conta digital: as armas da Marisa para enfrentar a pandemia surtiram efeito?

CEO e CFO da marca participaram de live do InfoMoney e falaram sobre retomada de vendas, investimento em app e como o preço da ação não reflete fundamentos

Anderson Figo

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SÃO PAULO — A pandemia de coronavírus prejudicou em 2020 especialmente as lojas de varejo de vestuário, em sua maioria localizadas em shoppings centers, os quais ficaram proibidos de funcionar por meses. Mas se houve um lado positivo disso foi a aceleração da tendência de digitalização — com as marcas investindo em tecnologia e encontrando outras maneiras de vender seus produtos sem que o cliente precisasse ir até o espaço físico.

Na Marisa (AMAR3), as vendas online representaram cerca de 9% da receita total da empresa no último trimestre do ano. “Mas isso considerando que nos últimos três meses de 2020 a economia já estava reaberta e não tínhamos mais lojas fechadas”, ressaltou Marcelo Pimentel, CEO da companhia, em live do InfoMoney nesta sexta-feira (26).

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Considerando o ano cheio de 2020, em comparação a 2019, a participação das vendas online nas receitas da companhia saltou de 5,6% para 13,4%. “Tivemos uma aceleração do nosso app. Foi o grande destaque para nós desde que ele foi lançado, em agosto do ano passado. Temos mais de 4,5 milhões de downloads”, afirmou Pimentel.

A entrevista faz parte do projeto Por Dentro dos Resultados, no qual CEOs e outros executivos importantes de empresas da Bolsa comentam os balanços do quarto trimestre de 2020 e o desempenho anual das companhias, e falam também sobre perspectivas. Para não perder as próximas lives, que acontecem até o início de abril, se inscreva no canal do InfoMoney no YouTube.

O CEO da varejista destacou que, além do app, a Marisa também usou outras armas para manter as vendas na pandemia. Entre elas o WhatsApp, o serviço de click & retire em todas as lojas da rede, drive thru em dezenas de unidades, live shops e o lançamento do modelo ship from store.

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Além disso, o executivo ressaltou que a empresa estrategicamente reduziu seus estoques — no início do ano, a ideia era reduzir em 10%, mas até o fim do último quarto a redução chegou a 30% do total. No braço de serviços financeiros, Pimentel afirmou que a empresa conseguiu reduzir o processo de captação de clientes para cartões para 3 minutos — antes levava 20 minutos. Além disso, está previsto para 2021 o lançamento de uma conta digital da Marisa.

“A redução do estoque liberou caixa para a companhia e fortaleceu nossa estratégia de trabalhar com estoque mais enxuto, garantindo clusterização das lojas mais corretas (…), garantia de separação de sortimento específico para cada uma das áreas”, disse. “Temos que ficar muito próximos dos nossos fornecedores e continuar garantindo a assertividade do estoque. O que temos visto nesses primeiros meses de 2021 é um aumento significativo da margem bruta.”

Segundo o executivo, a margem bruta do e-commerce da empresa neste ano já está 4 pontos percentuais maior do que em 2020. “A gente está crescendo. Te digo, hoje nós já estamos de volta a um crescimento muito perto de 3 dígitos contra o ano anterior, e vamos continuar crescendo, mas garantindo a qualidade desse crescimento”, disse.

Pimentel falou ainda sobre a loja modelo do shopping Dom Pedro, em Campinas, no interior de São Paulo — padrão que eles querem levar para toda a rede com o tempo. Mas sobre a abertura de novas lojas, ele disse que neste momento não tem previsões. “Neste momento vamos segurar o caixa, proteger o caixa, garantir que vamos atravessar esse momento, não fazer grandes investimentos de forma imediata, mas estar prontos apara fazê-los assim que o mercado estabilizar”, afirmou.

Adalberto Pereira Santos, CFO da Marisa, afirmou que a posição de caixa da empresa está confortável e que as rolagens de dívidas previstas para 2021 já estão “equacionadas”. Ele citou ainda que neste ano deve ser o primeiro ano que a Marisa vai voltar a fazer investimentos de forma mais relevante.

“Enquanto nos anos anteriores a gente tinha reduzido os nossos investimentos para em torno de R$ 50 milhões, espera-se que este ano a gente volte a investir pelo menos em volta de três vezes esse número. Esta é a nossa ambição, e passada essa abertura de ano um pouco mais conturbada vamos atrás dessa meta”, afirmou.

Os executivos falaram ainda sobre a expectativa de quando a empresa vai voltar a pagar dividendos e sobre os preços das ações. “O varejo sofreu em termos de Bolsa com os efeitos da pandemia, principalmente o varejo discricionário. A companhia tem um custo fixo que com certeza deve ser um dos melhores, se não o melhor, do mercado. Quando você tem uma recuperação de vendas, o que está previsto para o segundo semestre, os impactos disso sobre Ebitda e resultado é explosivo. Então o valor de tela hoje das ações não reflete o potencial que Marisa tem”, disse Santos.

Pimentel falou ainda sobre a oportunidade de a varejista oferecer produtos de outras linhas como perfumaria, cama, mesa e banho e acessórios para a casa — segmentos que, segundo ele, tiveram crescimento de vendas nos últimos meses. Assista à live completa acima.

Anderson Figo

Editor de Minhas Finanças do InfoMoney, cobre temas como consumo, tecnologia, negócios e investimentos.