Após relatório, analistas não veem mudanças na visão do BC sobre economia

Para especialistas, ritmo de cortes da Selic deverá permanecer dentro do esperado ou apontar maior moderação

Graziele Oliveira

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SÃO PAULO – Após a divulgação do Relatório Trimestral de Inflação pelo Banco Central nesta quinta-feira (22), analistas avaliam que as mudanças no cenário de crise global parecem não ter alterado a visão do BC.

“O relatório revela que, apesar dos indicadores de atividade mais recentes, aparentemente seu “plano de voo” original não foi mudado. O relatório não chancela apostas em aumento do orçamento de ajuste da Selic”, afirmam os analistas da LCA Consultores.

Na mesma linha de pensamento está a dupla de analistas da banco HSBC, Andre Loes e Constantin Jancso. “No geral, nossa impressão é que o relatório de inflação segue praticamente a mesma linha de outras recentes documentos do Banco Central, enfatizando os efeitos do cenário externo sobre o balanço de riscos para a inflação. O relatório deixa absolutamente claro que o cenário externo continua a ser uma preocupação para o Banco Central”, dizem.

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Projeções
Jason Vieira, da Cruzeiro do Sul Corretora, acredita que o peso excessivo dado pelo BC ao cenário internacional pode ser equivocado. “[O BC] não conta com a reação da economia americana no segundo semestre deste ano e uma possível melhora mais consistente a partir do segundo trimestre de 2012, inclusive de economias centrais europeias e asiáticas”, destaca o analista.

Neste sentido, Vieira, projeta que a autoridade monetária opte por um ajuste de juros menos profundo do que esperado. “Inclusive fazendo com que a autoridade monetária detenha o processo de afrouxamento antes das expectativas de 9,75% e 9,5% ao ano em resposta a um cenário não tão nebuloso quanto o BC espera”, conclui.

Mais alinhados com a autoridade, os analistas do HSBC acreditam que o ciclo de ajustes seguirá o mesmo ritmo esperado pelos mercados. “Por esta razão, acreditamos que o relatório permaneça consistente com o nosso cenário para a política monetária, ou seja, que o Banco Central irá reduzir a taxa Selic em 50 pontos base mais quatro vezes, trazendo-a para 9%, em maio de 2012”.