Após Copom sinalizar fim de corte de juros, câmbio pode ter alívio nesta quinta, dizem analistas

No pregão desta quarta, mercado já sofreu com volatilidade em meio a dúvidas sobre se o BC manteria a porta aberta para novos cortes

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Após o Comitê de Política Monetária (Copom) indicar o fim do ciclo de cortes na Selic, analistas avaliam que o câmbio pode ter um alívio na sessão desta quinta-feira (6) e nos próximos dias.

Isso porque o mercado passou a considerar nos últimos dias uma chance de que o Banco Central mantivesse aberta a porta para cortar juros. Na sessão desta quarta, a moeda americana ficou volátil, abrindo próxima de R$ 4,23 e chegando a subir para R$ 4,26 com este debate entre os investidores sobre o que viria no comunicado da autoridade monetária.

Segundo Júlio Erse, gestor-chefe da Constância Investimentos, os investidores à tarde e no fim do pregão ficaram cautelosos com a decisão do Copom. “Os investidores ficaram em compasso de espera para o caso do Banco Central não entregar as expectativas de um comunicado mais dovish [a favor do prolongamento do ciclo de quedas na Selic] que o mercado embutiu na curva de juros”, disse ele antes do anúncio.

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O Copom cortou a Selic pela quinta vez seguida, desta vez em 0,25 ponto percentual, para 4,25%, a menor taxa básica de juros da história.

No comunicado, a autoridade monetária indicou o fim do ciclo de redução de juros, afirmando que “vê como adequada a interrupção do processo de flexibilização monetária”.

“O Copom entende que o atual estágio do ciclo econômico recomenda cautela na condução da política monetária”, diz o texto. “O Comitê enfatiza que seus próximos passos continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação, com peso crescente para o ano-calendário de 2021”, continua o BC.

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Mais cedo, o Credit Suisse, em relatório à clientes, já havia condicionado o futuro do dólar sobre a decisão do Banco Central. No documento, os analistas mantiveram a projeção de que o dólar chegue a R$ 4,30 no curto prazo, mas que isso dependeria de uma comunicação não muito “dovish” do BC.

Em entrevista para a Bloomberg, Alvise Marino, estrategista de câmbio do Credit Suisse em New York, afirmou que o real pode subir nesta quinta, dado que “um comunicado mais dovish foi evitado”.

Por outro lado, ele ressalta que para a precificação de fim de ciclo continuar, os dados econômicos precisam vir em linha com o esperado, mas até o momento no ano os números têm sido mistos, com alguns indicadores ficando bem abaixo das projeções.

Já Luiz Fernando Figueiredo, sócio-fundador da Mauá Capital, disse também para a Bloomberg que teria deixado a porta aberta porque o cenário pode mudar bastante até a próxima reunião, que ocorre daqui 45 dias. Apesar disso, ele também reforçou o efeito no câmbio.

“Amanhã deve haver leve pressão para baixo no câmbio; pode ser que parte curta da curva dos juros abra um pouco. Parte longa cai um pouco”, afirmou.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.