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Após colapso quase fatal, o estoicismo redefiniu a trajetória e a vida de Lucas Pit

O momento que redefiniu a história e o propósito de Lucas Pit

Bruno Nadai

Conteúdo XP

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Quando Lucas Pit fala sobre estoicismo, ele não se refere a filosofia como leitura ocasional, mas como uma força que literalmente o tirou do fundo do poço. Além disso, ele reforça que os ensinamentos só ganharam força quando sua vida entrou no limite físico e emocional.

Sua virada começou após um episódio grave de saúde: um blackout causado por anos de abuso de álcool e uma rotina que misturava trabalho intenso, noites de festa, ansiedade crônica e ausência total de descanso. Como consequência, o corpo finalmente colapsou.  “Eu acordei um dia, falei: ‘Meu, eu não aguento mais esse ritmo de beber café, álcool, trabalhar, farrear e ficar nesse looping eterno’”, afirma.

No episódio 2 da 4ª temporada do programa Mapa Mental, no canal GainCast, Pit detalhou como o corpo começou a dar sinais de exaustão, culminando em uma convulsão no corredor do prédio, um ombro deslocado, fraturas e sete dias na UTI, seguidos de semanas no quarto. Assim, ele reconhece que aquele foi o ponto de ruptura: “Eu caí, fiquei convulsionando, tive um ataque epilético durante uns 5 minutos”, relata.

A filosofia como ferramenta de sobrevivência

A entrada real do estoicismo em sua vida começou ali, dentro do hospital, quando percebeu que, se não mudasse radicalmente, a próxima consequência seria fatal. Por isso, decidiu, pela primeira vez, aplicar de forma prática aquilo que sempre ouvira, mas nunca vivera. Ele ouviu pela primeira vez sobre Marco Aurélio e Epiteto por meio de amigos, mas nunca havia aplicado de fato os ensinamentos.

Após o acidente, começou a escrever diariamente — um exercício simples que se tornaria a espinha dorsal da recuperação. Nesse processo, ele desenvolveu disciplina emocional e clareza mental. “Se você todos os dias, ao final do dia, escrever o que você aprendeu naquele dia, você vai ver o seu progresso”, explica.

A escrita lenta, realizada com apenas uma das mãos em funcionamento, se transformou em introspecção profunda. Pit descreve que o ato de colocar no papel seus erros e pensamentos era, ao mesmo tempo, doloroso e libertador. Gradualmente, esse processo se tornaria o embrião do livro que lançaria meses depois, reunindo 365 lições curtas baseadas em filosofia e experiência pessoal. “A escrita me fazia refletir sobre as cagadas do passado”, observa.

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Um minuto por dia para mudar a mente

A ideia do livro surgiu de maneira orgânica. Enquanto escrevia para si mesmo, Pit percebeu que as reflexões tinham potencial para ajudar outras pessoas que vivem na mesma espiral de ansiedade, comparação e impulsividade que o consumiu durante quase duas décadas. “Dá para ler em um minuto por dia, você deixa na cabeceira e vai ter alguma lição estoica”, afirma.

Ele complementa dizendo que buscou frases e ensinamentos dos principais filósofos do estoicismo e os adaptou à realidade contemporânea, marcada por excesso de estímulos, redes sociais e pressão por desempenho. Além disso, procurou traduzir conceitos antigos para comportamentos modernos. “Eu peguei muitas frases de Epiteto, Epicuro, Marco Aurélio e também aprendizados meus para que as pessoas errem em coisas diferentes”, conclui.

Urgência, consciência e o choque da mortalidade

A percepção de urgência — central em sua filosofia pessoal — nasceu do impacto de quase ter perdido a vida. Para ele, viver com pressa não é sobre buscar sucesso rápido, mas sobre reconhecer que o tempo é limitado. “A urgência vem do fato que você vai dar uma morrida”, afirma.

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Ele reforça que procrastinar é uma das maiores autossabotagens do indivíduo moderno, especialmente em um mundo onde tudo é imediato e acessível. Por outro lado, alerta que a urgência sem consciência pode ser igualmente destrutiva. A verdadeira mudança, segundo Pit, surge quando se equilibra ação com reflexão — algo que ele próprio ignorou por muitos anos. “Os dois extremos são ruins”, explica.

A força da vulnerabilidade e o novo propósito

Após meses de reabilitação, fisioterapia e acompanhamento médico, Pit deixou o hospital transformado. Desde então, passou a enxergar fragilidade como potência e limite como oportunidade. Ele diz que a experiência de fragilidade extrema o fez repensar prioridades, relações e comportamentos. “Eu saí do hospital muito mais forte do que eu entrei”, afirma.

Essa nova força, no entanto, veio acompanhada de um compromisso: usar sua vulnerabilidade como ferramenta de impacto social. Assim, decidiu transformar a dor em utilidade pública. “Eu preciso transformar essa vergonha nas patifarias que eu fiz no passado em algo útil, para que as pessoas não repitam o mesmo erro”, conclui.

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Atualmente, a filosofia estoica não é apenas parte da vida de Lucas Pit — é o alicerce de sua saúde mental, de sua relação com o mundo e do propósito de ajudar pessoas a desenvolverem clareza e autocontrole antes que o colapso lhes ensine de forma irreversível.

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