Apesar do crash do Bitcoin, mineradoras registram lucro e continuam otimistas

Participantes da indústria da mineração acreditam que o setor se consolidará ainda mais nos próximos anos

CoinDesk

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As ações das mineradoras de criptomoedas de capital aberto caíram em meio à recente liquidação do Bitcoin ( BTC) e do mercado mais amplo, enquanto o Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, se prepara para aumentar as taxas de juros. No entanto, os participantes da indústria continuam otimistas com as perspectivas do setor e veem um potencial de consolidação entre as mineradoras.

Entre as ações vinculadas a criptomoedas, as mineradoras de ativos digitais estão mais expostas aos movimentos de preços dos ativos digitais que mineram. Dado o recente crash do BTC e das altcoins, algumas das ações perderam mais de 50% de seu valor desde o pico no ano passado.

O ETF Viridi Cleaner Energy Crypto-Mining & Semiconductor, um fundo negociado em bolsa com forte exposição a mineradoras, caiu mais de 60% desde a máxima de novembro. A queda coincidiu com a desvalorização do Bitcoin, a maior criptomoeda por capitalização de mercado, que chegou a afundar 50% desde sua alta histórica em novembro. As mineradoras e o mercado em geral viram algum alívio nas declarações do Fed desta quarta-feira.

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Além disso, com o medo dominando o sentimento dos investidores, o acesso ao capital que as mineradoras desfrutaram no ano passado secou um pouco, principalmente para as empresas que abriram capital recentemente ou planejam fazer isso. Mais recentemente, a mineradora de BTC Rhodium Enterprises adiou sua oferta pública inicial – que avaliou a empresa em US$ 1,7 bilhão – por causa da turbulência do mercado.

“As mineradoras que são mais dependentes de ações podem ter dificuldades agora porque os mercados não estão tão otimistas como estavam”, disse Matthew Schultz, presidente executivo da mineradora de Bitcoin CleanSpark (CLSK).

Além disso, o hashrate e a dificuldade da rede Bitcoin atingiram recentemente recordes históricos, tornando mais difícil para as mineradoras ganharem recompensas por validar transações. Enquanto isso, o hashprice, uma medida da receita diária dos mineradores por terahash de poder de computação ($/TH/dia), caiu quase US$ 0,18 em relação ao pico de novembro, de cerca de US$ 0,40/TH/dia, de acordo com dados do Hashrate Index.

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No entanto, as mineradoras permanecem imperturbáveis com a queda do mercado de criptomoedas, já que a maioria ainda está obtendo lucros saudáveis, mesmo com o Bitcoin pairando em torno dos níveis de US$ 35 mil. “O preço atual de cerca de US$ 30 mil não tem um impacto significativo na economia da mineração de Bitcoin, uma vez que o custo para minerar um BTC para a maioria das operações de mineração em escala industrial na América do Norte é muito menor do que isso”, disse Schultz.

Embora as mineradoras com custos mais altos provavelmente estejam lucrando menos com o preço atual do BTC, esses lucros ainda não são tão baixos quanto os vistos no bear market mais recente que começou em 2018. Durante aquele período de baixa, o hashprice caiu para US$ 0,07/TH /dia de acordo com Juri Bulovic, chefe de mineração da Foundry. A Foundry é uma subsidiária do Digital Currency Group, que é controlador do CoinDesk.

“Esse parecia ser o nível de equilíbrio pelo qual as mineradoras de maior custo deixaram de ser lucrativas e foram forçadas a encerrar suas operações, e as mineradoras de menor custo continuaram operando com lucratividade”, observou Bulovic.

Além disso, a correção recente parece ser menos severa do que as grandes liquidações anteriores, de acordo com Fred Thiel, CEO da Marathon Digital (MARA), uma das maiores mineradoras de capital aberto. Em ciclos anteriores de bear market houve uma queda de 70% no preço do BTC em 2013 e uma desvalorização de cerca de 85% em 2018. Uma razão para isso é que o mercado de baixa atual tem mais investidores institucionais apostando em ações vinculadas a criptomoedas, o que reduz a volatilidade no longo prazo, disse Thiel.

Consolidação

Certamente, um bear market prolongado terá algum impacto negativo no mercado. As mineradoras que têm acesso a energia barata e computadores de mineração mais novos e com maior eficiência energética poderão “chegar ao topo, enquanto mineradoras menos eficientes podem sentir alguma dor”, disse Schultz, da CleanSpark.

Esse ciclo de baixa também mudará o apetite dos investidores por ativos de risco, limitando o acesso a recursos tanto para mineradoras de capital aberto como para aquelas de capital fechado. “Nesse ambiente, acho que você deve esperar uma certa consolidação no espaço de mineração”, disse Thiel, da Marathon.

Em um setor relativamente jovem com concorrência crescente, a expansão é uma das chaves para que as mineradoras permaneçam lucrativas. No entanto, com acesso limitado ao capital, as fusões e aquisições provavelmente se tornarão mais comuns entre as empresas sem dinheiro para financiar seus objetivos de crescimento ou produção. E mineradoras que têm pedidos de novas máquinas, mas ainda não conseguiram implantar suas rigs (sistemas de computação para minerar criptos), bem como companhias que não têm capital para pagar pelos equipamentos que já encomendaram, podem se tornar atraentes para potenciais compradores, disse Thiel.

Schultz, da CleanSpark, fez uma avaliação semelhante à de Thiel. “Se os preços permanecerem baixos, esperamos ver a consolidação em torno de mineradoras que não têm uma estratégia de energia sustentável e contratos de compra de energia favoráveis”.

Oportunidade de compra?

Para investidores de longo prazo, a recente retração nas ações das mineradoras de criptomoedas pode apresentar uma oportunidade de compra, disse Christopher Brendler, analista do banco de investimento de Wall Street DA Davidson, em nota de pesquisa.

“Vemos isso como uma correção saudável, reduzindo a alavancagem e a especulação sem uma volatilidade excessivamente dolorosa”, escreveu ele. Brendler acrescentou que, em suas avaliações atuais, as ações de mineradoras de criptomoedas têm “risco/recompensa substancialmente melhor”, apesar da preocupação dos investidores sobre como as empresas financiarão seus planos de crescimento.

“Embora o acesso ao capital para continuar investindo em crescimento seja uma preocupação, está muito melhor agora do que há apenas seis meses, e estamos otimistas com uma recuperação de curto prazo no BTC”, acrescentou Brendler.

Thiel, da Marathon, também permanece otimista quanto à perspectiva de longo prazo do setor de mineração e do Bitcoin como um todo, apesar da volatilidade de curto prazo. “Ainda estou muito otimista sobre as perspectivas de crescimento de longo prazo da indústria e do BTC e por todo o bem que o Bitcoin trará ao mundo”, disse ele.

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