Apesar de reversão do prejuízo, analistas divergem sobre resultado da Eletrobrás

JPMorgan diz que desempenho operacional ficou abaixo do esperado, mas Deutsche discorda; Brascan eleva recomendação

Equipe InfoMoney

Publicidade

SÃO PAULO – Com forte crescimento no lucro líquido na comparação anual, a Eletrobras (ELET3, ELET6) apresentou na última sexta-feira (13) seu resultado do segundo trimestre e do acumulado de 2010. O desempenho, contudo, não convenceu todos os analistas. 

Entre janeiro e junho deste ano a companhia registrou lucro líquido de R$ 1,73 bilhão, revertendo o prejuízo acumulado de R$ 2 bilhões visto em 2009. As receitas operacionais da empresa, por sua vez, passaram de R$ 2,62 bilhões, no ano passado, para R$ 4,73 bilhões.

“Os resultados operacionais vieram abaixo das estimativas por conta das receitas de transmissão abaixo do esperado e custos operacionais mais altos”, destacam Anderson Frey e Pedro Manfredini, do JPMorgan. Segundo eles, o crescimento do lucro se deve a impactos positivos não operacionais, como o efeito positivo da inflação nas contas de Itaipú. 

Continua depois da publicidade

“A oscilação cambial no segundo trimestre representou um efeito positivo no lucro líquido da Eletrobras, com o mesmo se posicionando acima da expectativa”,explica Rafael Quintanilha, da Brascan Corretora. 

Volatilidade e administração em pauta
Já Marcus Sequeira, do Deutsche Bank, classificou os resultados operacionais da companhia como “fortes”. Apesar disso, ele ressalta que a empresa segue mostrando alta volatilidade de ganhos – e, por isso, o balanço não deve agir como catalisador para as ações. 

“Além disso, seguimos cautelosos com a disciplina fiscal da companhia em relação a novos projetos e despesas”, escreve o analista. 

Continua depois da publicidade

Da mesma forma, o JPMorgan também questiona a administração da empresa. “Continuamos céticos de que a administração conseguirá melhorar significativamente a eficiência operacional da empresa, uma vez que não vimos nenhum movimento consistente nesta direção nos resultados mais recentes”, escrevem os analistas.

“Apesar do valuation atrativo em relação às outras companhias elétricas brasileiras, nós continuamos preocupados com alta influência política na administração” da Eletrobras, dizem Frey e Manfredini – posição também do analista da Brascan, que destaca a influência política como um dos principais riscos ligados a empresa, especialmente em um ano eleitoral. 

Apesar disso, o analista elevou a recomendação dos ativos para “outperform”, com preço-alvo de R$ 34,26 para os papéis preferenciais – um upside de 29,04% sobre o fechamento desta segunda-feira (16). Para Quintanilha, a expansão internacional das operações de geração e transmissão de energia, além de novos leilões de energia estão entre as principais oportunidades para a empresa.