Queda da Bolsa nos primeiros pregões do ano não apaga brilho das ações, dizem especialistas

Apesar do temor de que o Federal Reserve demore para iniciar corte de juros, especialistas destacam que questão importa pouco

Vitor Azevedo

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Após um 2023 com alta de mais de 20%, o Ibovespa começou 2024 cambaleante, tendo, até agora, uma queda de mais de 3%. No entanto, o índice estar no vermelho no começo deste ano não passa perto de minguar o otimismo de Jennie Li, estrategista da XP Investimentos, João Luiz Braga, analista sócio da Encore e Sara Delfim, sócia e membro do time de gestão da Dahlia, que participaram de uma mesa do evento Onde Investir, na noite desta quarta-feira (17). 

A queda recente da Bolsa vem sendo causada, principalmente, por dúvidas do mercado quanto à possibilidade do Federal Reserve começar seu corte de juros em março. O ponto, no entanto, importa pouco para os especialistas. 

“Juros são o grande tema do momento. Mas, quando comparamos com 2023, temos hoje um cenário totalmente diferente. No ano passado, a questão era até quando os juros iam subir lá fora. Agora, a questão é quando os bancos centrais, principalmente o Federal Reserve, irão cortar os juros”, falou Jennie Li, estrategista da XP Investimentos.

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De acordo com Delfim, da Dahlia, as pessoas estão ‘panicando’ com poucos motivos. Para ela, apesar de os dados macroeconômicos norte-americanos recentes poderem fazer o Fed empurrar os cortes para frente, o pior, de qualquer forma, já passou. 

“A inflação americana já bateu 10% pouco tempo atrás e agora está caminhando para baixo de 3%. O trabalho duro foi feito, e isso com a economia não tão impactada”, diz a economista. 

“Estamos vindo de uma pernada da Bolsa. 2023 teve uma alta forte. É natural ter uma ressaca. Junto disso, temos dados económicos nos EUA um pouco conflitantes e as pessoas, com isso, ‘panicam’. O corte pode não ser em março, mas em junho. Mas isso muda alguma coisa?”, indaga Sara.

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Mais do que os barulhos na questão macro, Braga, da Encore, pontuou também que investidores brasileiros, por ficarem super expostos a questões locais, acabam ficando mais pessimistas. 

Brasil e Ibovespa são boas opções

“O momento está bom para emergentes, no relativo. Além disso, o Brasil ainda está à frente dos seus pares. China está na blacklist, por desconfianças quanto a interferência no mercado, Rússia, nem se fala. A Turquia está com uma economia maluca. O México até é legal, mas já ta caro por conta do assunto de friend shore, que foi no começo do ano passado”, debate o gestor. 

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Sara Delfim mencionou que o momento atual ainda traz uma combinação muito esperada, de juros caindo nos Estados Unidos e economia da China acelerando – dois fatores que enfraquecem o dólar e levam capital para emergentes. 

“Principal comprador de Bolsa brasileira foi o estrangeiro desde 2022, com dois anos bons. Os investidores estão nos EUA, onde os valuations são caros, e não têm muita opção. Temos a percepção de que o Brasil está muito ruim, mas o estrangeiro olha no relativo, nos comparando. Nós acreditamos que vamos continuar tendo fluxo em 2024”, corroborou Li. 

A dúvida, para a estrategista da XP, fica para os investidores domésticos. Apesar de haver sinalizações de maior interesse deles por renda variável há algum tempo, tanto gestores quanto as pessoas físicas estão cautelosos após as perdas dos últimos anos. 

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O início do ciclo de corte de juros nos EUA, para os especialistas, deve de qualquer forma dar mais espaço para o Banco Centrar brasileiro cortar a Selic e empurrar mais investidores locais para os ativos de risco.

“Se você comprar Ibovespa no primeiro momento de corte e segurar até o final do ciclo, historicamente, terá um ganho de 35%. Se comprar Small Caps, ganhará mais de 40%. Até agora, temos uma alta de 7%. Isso indica que a Bolsa tem espaço para subir como um todo”, fala a estrategista da XP. 

No entanto, Li alerta que alguns setores já tiveram altas consideráveis, como o de educação e construção, preferindo algumas empresas de varejo. 

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“Esses momentos são interessantes, pois não é necessário tomar tanto risco. Empresas conhecidas, grandes, ainda têm potencial de valorização”, fala Delfim. “Não chegamos em um ponto de ter de olhar empresas mais ‘tortas’. Estamos carregando bastante Bolsa de Brasil, mas as mais seguras”.

Na Encore, por fim, Braga mencionou que a tática é parecida. A casa está acompanhando o momento dos ciclos e, por agora, saindo das defensivas e monitorando as large caps – com ambos os grupos ainda trazendo oportunidades, sem o rali estar “saturado”.