Rali de agosto denuncia: Bovespa está surda aos indicadores técnicos

Segundo grafista Márcio Noronha, o natural era que o descolamento entre Ibovespa à vista e Futuro trouxesse pressão vendedora, mas o mercado se mostra indiferente a essas sinalizações

Paula Barra

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SÃO PAULO – O mercado brasileiro vive um ano complicado, com o Ibovespa acumulado queda de mais de 20% na primeira metade de 2013. Contudo, de julho para cá, temos observado uma boa recuperação no principal índice de ações da bolsa brasileira, acumulando no período ganhos superiores a 8%. O movimento ascedente no curto prazo, no entanto, tem causado algumas distorções nunca vistas antes na Bovespa, tornando ainda mais difícil o exercício natural dos analistas de projeção dos próximos passos da bolsa.

Segundo Márcio Noronha, que possui 47 anos de história no mercado de ações e atualmente é analista técnico da Timing Investimentos, descolamento recente entre o Ibovespa à vista e os contratos futuros do índice com vencimento em outubro de 2013 – negociado na BM&FBovespa sob o código INDV13 – é determinante para reforçar sua tese de que o mercado “parece estar surdo ao que os indicadores técnicos estão dizendo”.

Naturalmente, o Ibovespa Futuro opera com uma pontuação maior que do Ibovespa à vista, já que sua pontuação reflete o “preço” do Ibovespa acrescido da taxa de juros do período. Contudo, temos visto um movimento oposto: na última segunda-feira (26), o Ibovespa à vista fechou a 51.429 pontos, enquanto o contrato do Ibovespa Futuro ficou em 50.880 pontos.

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De acordo com Noronha, há muitos anos não era visto esse descolamento como o que está ocorrendo desde o último rolamento de contrato do índice futuro, que ocorreu no último dia 19. “Em condições normais, seria como se o futuro estivesse indo na frente para mostrar o caminho a ser seguido pelo índice à vista”, disse.

Por que não cai?
Com isso, era de se esperar uma queda iminente na Bovespa, diz o grafista. Mas pelo menos até agora, o mercado está indiferente ao que os indicadores técnicos estão dizendo, dando prioridade ao ingresso de investimento estrangeiro, tanto no mercado à vista quanto no futuro. Do final de julho até 23 de agosto, o saldo de estrangeiros em Ibovespa Futuro – isto é, a diferença entre posições compradas e vendidas no contrato do índice – passou de 165,6 mil contratos negativos para 15,6 mil contratos positivos.

Em função disso, Noronha continua avaliando o mercado como de difícil leitura, já que apesar da sinalização baixista, os estrangeiros estão bem alinhados para um movimento ascendente do índice – vale lembrar que eles respondem por mais de 40% do total de negócios realizados na Bovespa. “A melhor pista para descobrir determinados tipos de crime é tentar seguir o dinheiro para descobrir o assassino. Parece que aqui no mercado também”, conclui Noronha, referindo-se ao movimento do dinheiro na contramão do que os estudos mostram.

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Gráfico de Ibovespa Futuro (linha azul) e Ibovespa “à vista” (linha vermelho) desde 1994

Ibov à vista x Futuro

Fonte: Economatica