Análise de flatulência bovina ajuda a prever preço da carne

 Ferramenta poderá ser usada para rastrear a oferta de gado por traders de commodities

Bloomberg

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(Bloomberg) — A flatulência das vacas pode algum dia passar a ter aroma de dinheiro.

A Bluefield Technologies, com sede em Palo Alto, na Califórnia, planeja lançar uma frota de satélites capazes de detectar emissões de metano, uma tecnologia com potencial para captar vazamentos em instalações de petróleo e gás ou para monitorar o comprometimento dos países com as mudanças climáticas. De forma mais imediata, no entanto, a ferramenta poderia ser usada para rastrear a oferta de gado por traders de commodities.

Os micróbios presentes no estômago da vaca produzem metano ao digerir os alimentos, gás posteriormente liberado no estrume, em arrotos e em flatulências. A medição dos níveis desse gás pode indicar o tamanho dos rebanhos em áreas onde os abrigos impedem a verificação visual, como fazendas leiteiras ou de engorda a curral, disse Yotam Ariel, fundador e CEO da Bluefield. Esses dados podem oferecer uma visão quase em tempo real dos fundamentos que afetam os preços do gado e também dos grãos usados como ração, como milho e soja, disse Ariel.

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“Podemos visualizar o ciclo de vida completo de uma vaca”, disse Ariel, em entrevista por telefone. “É possível, por exemplo, indexar todo o panorama da carne na China, com suas mudanças diárias, e visualizar o ciclo muito antes dos relatórios do governo.”

Os futuros do gado são os derivativos de pecuária mais negociados na Bolsa Mercantil de Chicago, com interesse aberto de cerca de 350.000 contratos, e os relatórios do governo sobre o tamanho dos rebanhos podem fazer os preços oscilarem. Os futuros se fixaram em US$ 1,1925 por libra-peso (453 gramas) na sexta-feira.

A Bluefield faz parte de um grupo crescente de empresas que buscam utilizar satélites menores e mais baratos e processamento informatizado mais robusto para analisar dados obtidos do espaço para medir de tudo, desde níveis de armazenamento em tanques de petróleo até o número de carros no estacionamento de shoppings. Esses dados podem ajudar traders e analistas a detectarem tendências semanas ou meses antes de elas aparecerem na divulgação tradicional de dados econômicos e de produção. Empresas e governos lançaram 310 satélites durante os oito primeiros meses do ano passado, contra 169 em todo o ano de 2016, segundo a Union of Concerned Scientists.

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Faltam alguns anos, pelo menos, para que a medição do metano do espaço vire realidade. A Bluefield tem testado protótipos em laboratórios e planeja colocar um sensor em uma aeronave neste ano para demonstrar sua eficácia em altitudes elevadas. A empresa espera lançar dois pequenos satélites equipados com os sensores em 2019 e, no fim, ter uma frota de 20 cobrindo todo o planeta.