Americanas (AMER3) descarta venda da Ame e “liquidação” da Uni.Co e Natural da Terra; empresa prevê RJ homologada no começo de 2024

Empresa pretende divulgar resultados de janeiro a setembro de 2023 até o final do ano; fraudes se concentraram nos balanços de 2021 e 2022

Augusto Diniz Rodrigo Petry

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Ao longo de mais de duas horas, os executivos da Americanas (AMER3) apresentaram e detalharam o plano de recuperação judicial da companhia, das fraudes descobertas e traçaram os planos da companhia para os próximos anos.

Após quase um ano de espera, a empresa informou os números do balanço de 2021 e 2022, nesta quinta-feira (16), deixando, para até dezembro, os números de 2023, equivalentes aos nove primeiros meses.

Um dos passos para o atingimento das metas financeiras (guidances) até 2025, conforme divulgado, parte da premissa de que o plano de recuperação judicial será aprovado ainda em 2023 e homologado no início de 2024.

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Segundo a diretora financeira da Americanas (AMER3), Camille Faria, a expectativa é por um aporte de R$ 24 bilhões na companhia, vindo dos acionistas, e saldo de R$ 5 bilhões de renegociação com credores.

“A Americanas trabalha com a premissa de ter quase R$ 5 bilhões em descontos de dívida”, explicou ela.

“A empresa espera conseguir, com esse valor, virar o patrimônio líquido para o positivo”, disse, durante teleconferência com analistas e investidores.

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Americanas (AMER3): Negociação com credores

Segundo a executiva, os credores com dívidas de até R$ 12 mil poderão receber – no contexto da homologação da RJ – os valores de forma integral, em parcela única.

Caso contrário, a empresa prevê eles ingressando na oferta geral, com desconto de 80% e pagamento em 20 anos, com valores atualizados pela TR.

Assim, os credores que aceitarem as condições terão seus créditos recomprados em um leilão reverso, com desconto de 70%.

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Tamanho do endividamento

Do total da dívida, R$ 36,2 bilhões são com instituições financeiras. O endividamento bruto corrigido atingiu R$ 37,3 bilhões, em 31 de dezembro de 2022 – o divulgado antes do escândalo, em janeiro de 2021, era de R$ 7,8 bilhões.

A companhia informou que optou em não fazer ajustes nos balanços dos anos anteriores por conta da complexidade de auferi-los e consolidou no balanço 2021.

Americanas e a venda venda de ativos

Na apresentação, Leonardo Coelho, CEO da empresa, disse que a companhia não pretende se desfazer das redes Uni.co e Natural da Terra a “qualquer preço”.

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Segundo ele, as duas controladas não entrarão em “liquidação”. “Se acharmos preço certo, vamos estudar, caso contrário, elas usufruem de todo pacote de transformação da Americanas”.

Em relação a Ame (fintech), Coelho reforçou que a companhia não pretende se desfazer desta operação. Isso porque, segundo ele, faz parte do ecossistema de conexão entre as lojas físicas e as operações online.

“A Ame faz parte da estratégia da empresa”, afirmou.

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Projeções para 2025

A companhia divulgou projeções para 2025 levando em conta uma eventual aprovação do plano de recuperação judicial, atualmente sendo negociado com os principais credores da empresa.

Segundo a Americanas, a expectativa é de Ebitda de mais de R$ 2,2 bilhões em 2025, com uma alavancagem medida pela relação dívida líquida/Ebitda de menos de 0,75 vez.

Além disso, a companhia espera atingir uma dívida bruta financeira entre R$ 1 bilhão e R$ 1,5 bilhão e que o patrimônio líquido volte a ficar positivo.

Com os números divulgados, a prioridade agora é tentar chegar a um acordo com credores para salvar a rede de varejo.