Ambev (ABEV3) vê primeiro trimestre “sólido” e reforça busca por margens

Apesar de o lucro líquido e ganho de margens virem acima da expectativa do mercado, CEO destacou que rentabilidade é prioridade em 2023

Rikardy Tooge

(shutterstock)

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Após divulgar crescimento de 8,2% no lucro líquido no primeiro trimestre de 2023, a Ambev (ABEV3) busca convencer o mercado que o crescimento das margens veio para ficar. Na teleconferência com analistas para debater o resultado, o CEO da empresa, Jean Jereissati, apontou o desempenho das margens e da geração de caixa, que superaram o consenso de mercado.

De janeiro a março, a Ambev viu seu lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, em inglês) avançar 16,7% no comparativo com igual período de 2022, chegando a R$ 6,44 bilhões, com crescimento orgânico de 39,9%. A margem Ebitda avançou 1,4 ponto percentual, chegando a 31,4%.

Para analista do Bradesco BBI, o desempenho operacional foi positivo. “Nos últimos anos, o principal foco dos investidores mudou do crescimento do volume de cerveja brasileira para as margens, já que a Ambev relatou uma compressão substancial das margens de 2019 a 2022 (-10 pontos), com o aumento dos custos das commodities sendo um fator relevante”, apontou o banco.

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“Embora o crescimento do volume brasileiro de cerveja da Ambev de 0,8% tenha ficado abaixo da nossa expectativa, acreditamos que os investidores verão os resultados como positivos”, acrescentou o banco, que indica compra do papel, com preço-alvo de R$ 21, com upside (potencial de valorização) de 44%.

O Itaú BBA também destacou o ganho de margens, embora mantenha recomendação neutra para o papel. “Após uma década de contração de margem no segmento de Cerveja Brasil, acreditamos que a empresa pode finalmente passar por um período de recuperação sequencial de lucratividade em 2023 e 2024”.

“Foi um resultado sólido e mostra que estamos no caminho certo”, avaliou Jean Jereissati. “Nossa ambição agora é expandir a rentabilidade, essa é a prioridade máxima”, prosseguiu o executivo.

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A Ambev apresentou na quarta-feira (3) lucro líquido consolidado de R$ 3,8 bilhões no primeiro trimestre de 2023, um crescimento de 8,2% em relação ao mesmo período do ano passado e mais de 20% acima do consenso de mercado. A receita líquida foi de R$ 20,5 bilhões, alta de 11,3% ante igual etapa do ano anterior.

Por volta das 15h15 (horário de Brasília), os papéis da empresa negociavam em alta de 0,89%, a R$ 14,71.

Fluxo de caixa

Questionado sobre o aumento de 23,6% na necessidade de capital de giro da empresa, o CFO da Ambev, Lucas Lira, afirmou que a estrutura de custos da empresa não mudou. No trimestre a empresa viu sua posição de caixa recuar 5,8%, para R$ 12,1 bilhões.

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“Não vejo piora estrutural [do capital de giro]. Sazonalmente o primeiro trimestre gera menos caixa, sendo o quatro trimestre o principal. Nossa geração de caixa neste trimestre não deve causar uma conclusão de como será o nosso desempenho no ano”, disse o diretor financeiro.

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Lira destacou ainda que no 1T22 a empresa monetizou cerca de R$ 600 milhões em créditos tributários, o que não ocorreu neste trimestre. “Não tivemos monetização significativa neste ano e isso faz a diferença”, ponderou.

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Hedge na Argentina

Outra preocupação destacada por analistas do Itaú BBA é com “perspectivas nebulosas” em relação à reforma tributária no Brasil e na proteção cambial na Argentina, país que está vivendo forte instabilidade na sua moeda.

“Nos últimos trimestres, os custos de realização de hedge na Argentina somados aos impactos contábeis da hiperinflação aumentaram a volatilidade nos resultados financeiros da Ambev”, explica o banco.

Neste sentido, Jereissati reforçou que a Ambev vem reduzindo seus instrumentos de hedge na Argentina, passando a fazer o controle operacional por meio do caixa livre em dólares.

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“Nosso hedge, que historicamente era acima de 12 meses está abaixo de 10 meses”, inicia Jereissati. “Tem sido um exercício mensal saber qual o hedge ideal para a Argentina, estamos tendo muita disciplina para encontrar o fluxo de caixa ideal”.

Na operação da América do Sul, desconsiderando Brasil, a empresa viu a receita líquida avançar 11,5%, para R$ 5,1 bilhões, com lucro operacional de R$ 1,57 bilhão, alta de 28,5%.

“Observamos que os ventos contrários [na Argentina] parecem desaparecer à medida que a empresa diminuiu o grau de seus hedges nos últimos trimestres”, concluiu o BBA.

Rikardy Tooge

Repórter de Negócios do InfoMoney, já passou por g1, Valor Econômico e Exame. Jornalista com pós-graduação em Ciência Política (FESPSP) e extensão em Economia (FAAP). Para sugestões e dicas: rikardy.tooge@infomoney.com.br