Pós-balanço

Ambev (ABEV3) tem preço-alvo elevado pelo Morgan Stanley, mas analistas do banco seguem céticos com ação

Apesar de alta do volume vendido no terceiro trimestre, concorrência e crise na América Latina são riscos para 2022, aponta a análise

Por  Vitor Azevedo -

SÃO PAULO – Após a Ambev (ABEV3) divulgar seus resultados do terceiro trimestre há cerca de três semanas, que animou muito os investidores, analistas do Morgan Stanley Ricardo Alves e Victor Tanaka passaram a consultar opiniões diversas sobre a companhia. Para os analistas do banco americano, apesar da companhia ter apresentado um bom desempenho, ela pode enfrentar algumas dificuldades.

Com isso, o banco manteve sua recomendação de underweight (exposição abaixo da média do mercado), mas elevou levemente o preço-alvo de R$ 13 para R$ 13,50. O preço-alvo, contudo, corresponde a uma queda de 23% em relação ao fechamento de quarta-feira (17).

Para os analistas, a ação Ambev parece “precificada à perfeição”, enquanto avaliam que as margens no Brasil parecem estruturalmente prejudicadas.

“Em nossos números, a forte recuperação da receita no Brasil não está se traduzindo em maior geração de fluxo de caixa e, portanto, pensamos que um prêmio para a ação em relação aos múltiplos históricos parece injustificado neste ponto. Nós também vemos potencial para revisões para baixo de lucro frente o consenso em 2022, o que poderia pesar negativamente no sentimento para os ativos”, avaliam os analistas.

Para eles, após o recente rali das ações após o terceiro trimestre, um potencial forte desempenho no curto prazo nos próximos balanços parece mais do que precificado.

“Em geral, embora as margens permaneçam bastante deprimidas, os investidores estão mais focados em tentar chegar a um consenso sobre os volumes muito fortes da Ambev no terceiro trimestre e sobre a sustentabilidade da força da América Latina”, avaliaram os analistas no relatório.

A alta das vendas da cervejaria entre julho e setembro permitiram que os analistas recalculassem suas projeções para o quarto trimestre, que saíram de uma expectativa de manutenção “apertada” na base anual para um crescimento de 5% do volume comercializado.

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Esse crescimento, porém, deve se dar em parte acompanhado com queda da lucratividade: o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) no segmento de cerveja no Brasil deve cair 5% no quarto trimestre de 2021 na base anual, para R$ 3,4 bilhões, com a margem Ebitda (Ebitda sobre receita líquida) indo para 33,6%, uma queda de 670 pontos-base na mesma comparação.

O avanço da Ambev nas vendas fez parte dos investidores desmontarem suas posições vendidas sobre a ação, mas a visão geral para o futuro ainda é de cautela, segundo os analistas do Morgan. Além disso, se de um lado a companhia mostrou volumes maiores no terceiro trimestre, do outro nada garante que isso será mantido no próximo ano.

A pressão do preço dos insumos, por exemplo, pode se alastrar por toda a América Latina em breve, cortando o faturamento dos outros negócios da companhia fora os já vistos na Cervejaria Brasil.

Concorrência e crise na América Latina no radar da Ambev

Além disso, a Ambev agora parece estar em uma concorrência mais acentuada não apenas com a Heineken, segundo os analistas. A Cervejaria Petrópolis, dona de marcas como a Itaipava e a Petra, sofreu no último trimestre, perdendo market share após ter aumentado seus preços entre agosto e setembro. Esta, porém, tem contas ainda saudáveis e deve passar a lutar mais por sua fatia de mercado.

Do outro lado, a Cervejaria Império, consideravelmente nova na competição, surgiu em algumas conversas acompanhadas pelos analistas – ao contrário da Petrópolis, ela ameaça a Ambev no segmento de cervejas puro malte, vem crescendo vertiginosamente e se prepara para aumentar sua produção após ver sua oferta superar a sua demanda.

Alguns outros investidores apontam que a participação do Brasil no balanço da Ambev já não é tão importante assim – enquanto no país os ganhos permanecem estagnados, o restante da América Latina ganhando importância nos balanços.

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Apesar de diminuir o peso da concorrência, essa interpretação, porém, dá maior peso para a crise econômica em que o continente se encontra. Na Argentina, por exemplo, as reservas cambiais estão se depreciando e retirar dinheiro do país pode se tornar um problema para a Ambev no futuro.

As ações da Ambev são negociadas nesta quinta-feira (18) às 15h20 (horário de Brasília) em leve queda de 0,23%, a R$ 17,50.

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