Ambev (ABEV3) pode pagar dividendos extraordinários ainda em 2025?

Ação teve desempenho acima do mercado em meio às expectativas pelo pagamento dos proventos

Lara Rizério

(Foto: Divulgação)
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A Ambev (ABEV3) registrou um desempenho acima do Ibovespa desde outubro em meio às expectativas  por anúncio de dividendos em meio aos vários anúncios de proventos feitos por empresas antes das mudanças na reforma tributária. A nova regra prevê tributação de 10% sobre pagamentos mensais acima de R$ 50 mil para pessoas físicas a partir de 2026, mas mantém isenção para lucros apurados até dezembro de 2025, mesmo que distribuídos até 2028.

Neste cenário, o JPMorgan aponta não saber se haverá o anúncio de dividendos, mas que as chances aumentaram com a nova lei aprovada.

“Nossa opinião é que um grande pagamento é improvável, pois não gera muito valor dado o alto custo atual da dívida. Se algo for anunciado, provavelmente acontecerá esta semana, já que historicamente a empresa discute esse assunto em sua reunião de diretoria de meados de dezembro (normalmente de 10 a 12 de dezembro)”, avalia o banco americano.

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Os analistas conversaram com vários investidores locais durante a conferência Brazil Opportunities do JPMorgan em São Paulo, e a opinião é que os analistas já esperam um rendimento de dividendos extraordinários.

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Além disso, alavancar o balanço patrimonial para pagar dividendos não tem um impacto material no EVA (Valor Econômico Adicionado) neste momento.

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“Com base em nossas conversas com a Ambev, ainda acreditamos que as chances de um pagamento significativamente grande são baixas. A Ambev adota uma abordagem de EVA para potenciais mudanças na estrutura de capital, e alavancar o balanço patrimonial com o atual alto custo da dívida (15% ou mais) não teria um impacto material na redução do WACC (Custo Médio Ponderado de Capital) ou na melhoria do spread do retorno sobre capital investido (ROIC)”, avalia. O spread do ROIC é a diferença entre o ROIC de uma empresa e seu WACC.

De acordo com os cálculos, a alavancagem aumentaria de -0,8 vez (x) para 0,55x e levaria o spread do ROIC a aumentar em apenas 30 pontos-base, para 12,8%, assumindo que a empresa pague aproximadamente R$ 40 bilhões de lucros acumulados como dividendos.

Supondo que o SELIC fosse de 9%, o spread do ROIC aumentaria em 170 pontos-base com o pagamento do mesmo valor em dividendos.

A Ambev também afirmou que alguns investidores podem não pagar impostos sobre os dividendos recebidos (fundos de pensão estrangeiros), portanto, alavancar o balanço patrimonial pode não ser igualmente vantajoso para todos os investidores.

“Um dividendo extraordinário pode já estar parcialmente precificado”, avalia. Durante evento Brazil Opportunities, o banco conversou com muitos investidores e sua opinião é que todos já esperavam um anúncio.

“Os números que ouvimos variam de rendimentos de dividendos extraordinários pagos, o que implica em R$ 5 a R$ 10 bilhões. Na visão da maioria dos investidores com quem conversamos, essa expectativa foi o que motivou o bom desempenho das ações no início de dezembro”, conclui.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.