Ambev (ABEV3): para analistas, mercado ainda ignora avanços em inovação e “efeito” Copa do Mundo para ações

Companhia avança em sua plataforma BEES, focada em bares e restaurantes, e deve surfar com maiores volumes e repasses de preços no curto prazo

Vitor Azevedo

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A Ambev (ABEV3) trouxe no segundo trimestre de 2022 um volume recorde de vendas de cerveja, que, de acordo com alguns comentários da época, foi levemente ofuscado pelas margens ainda pressionadas, por conta da alta das cotações das commodities. Para algumas casas, no entanto, o mercado ignora alguns gatilhos que podem levar a companhia a apresentar resultados melhores no futuro, tanto no curto quanto no longo prazo.

“Acreditamos que os investidores estão olhando para o copo meio vazio, focando em margens deprimidas, que foram materialmente afetadas pelo aumento dos preços das commodities, mudanças no mix, pressões inflacionárias e investimentos em novas unidades de negócios de rápido crescimento”, abrem as analistas Marcella Recchia e Fernanda Sayão, do Credit Suisse, em relatório.

Para as analistas, embora recuperar margens seja algo importante, a cervejaria brasileira está passando por uma profunda transformação digital e cultural – com destaque, principalmente, para o BEES, a plataforma voltada a bares e restaurantes da companhia, “que vai muito além da venda de cervejas”.

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“Reconhecemos que ainda está nos primeiros dias, mas tem potencial para se transformar em um dos principais contribuintes para a Ambev, pois cria valor por meio do crescimento das vendas líquidas e do lucro operacional incremental, com investimentos adicionais limitados e dinâmica negativa do capital de giro”, dizem as especialistas.

Para Recchia e Sayão, a plataforma vem revolucionando o relacionamento da Ambev com seus quase um milhão de clientes. Estes já usam a plataforma por cerca de 31,5 minutos por semana, o que se traduz em uma fidelidade mais alta, e 95% deles já estão utilizando o programa de recompensas.

Além disso, elas destacam que a companhia vem utilizando os dados provenientes do BEES para alimentar algoritmos de inteligência artificial, aprimorando as iniciativas de gestão de receita, que acabam se traduzindo em melhorias de preço e de mix.

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“Com a logística da Ambev, o BEES entrega cerca de 80 mil pedidos por dia. A cervejaria, inclusive, já identificou oportunidades de desenvolver categorias complementares, para além da cerveja, alavancando o seu negócio de distribuição”, detalham.

A Ambev, elas lembram, no segundo trimestre deste já passou a divulgar números dos ganhos com produtos não Ambev em seu balanço.

“Além das divulgações aprimoradas da empresa, agora estamos isolando o BEES em nossas estimativas, modelando de forma conservadora o crescimento das vendas em linha com a inflação, atingindo 0,15% do mercado endereçável e uma margem bruta de caixa de 12,5% até 2027, que é conservadoramente abaixo da intenção declarada da AmBev”, finalizam sobre a plataforma.

O Credit Suisse estipulou o preço-alvo da plataforma entre o intervalo de R$ 0,12 e R$ 0,18, pouco frente ao preço de tela de R$ 15,95 da abertura desta quinta-feira, mas defendem que o programa pode vira  ser um importante ponto chave no futuro.

Copa do Mundo é gatilho no curto prazo para a Ambev

No curto prazo, a Ambev e suas plataformas – tanto o BEES como o Zé Delivery, de venda direta aos consumidores – devem surfar com a Copa do Mundo.

“Acreditamos que a cervejaria está bem posicionada para atender às demandas dos consumidores com seu portfólio mais amplo de marcas e que pode alavancar suas plataformas. Vale ressaltar que o Zé Delivery atua em 297 cidades, atingindo aproximadamente 55% da população brasileira e que de acordo com uma pesquisa realizada pelo Meta, com mil participantes, 84% das pessoas pretendem assistir ao torneio das quais 65% pretender consumir bebidas alcóolicas”, complementam.

Para o Credit Suisse, a Ambev deve fechar 2022 com um crescimento de 4% de volume de vendas. Além do posicionamento, a realização da Copa no verão e o Auxílio Brasil também devem ser triggers para a mudança de patamar nas vendas.

As especialistas, além disso, chamam atenção também para o fato de a cervejaria estar avançando na frente de cervejas premium, enquanto o consumidor brasileira amadurece no seu gosto pelo produto.

Leonardo Alencar e Pedro Fonseca, analistas da XP Investimentos, vão no mesmo sentido.

“Encontramos evidências estatísticas limitadas de que a Copa do Mundo pode ser um fator-chave para o aumento da demanda de cerveja no 4º trimestre, mas acreditamos que há novos fatores a serem considerados além dos dados históricos e, portanto, continuamos otimistas”, pontuam.

Para eles, a Ambev e parte da indústria de cervejas devem aumentar preços entre julho e setembro, uma vez que, até então, seus repasses não acompanharam a alta da inflação.

“Desde janeiro de 2019, os preços da cerveja fora de casa estão 5% abaixo do índice de inflação, enquanto os preços de cerveja em casa estão abaixo em 24%”, debatem. “Em nossa visão, embora o mix de embalagens possa ter afetado isso após a pandemia, a condição, aliada aos outros fatores, deixa espaço para a indústria buscar preços mais altos”.

Para a XP, a Ambev pode também combinar a alta de preços com a recente queda dos preços das commodities, buscando margens ainda mais altas.

“A sazonalidade sugere que a produção deve continuar crescendo até outubro, com um pequeno hiato em novembro, mas definindo um número sólido até dezembro. Devido às suas vantagens competitivas, impulsionadas pelo BeeS, juntamente com uma perspectiva competitiva mais benigna, prevemos que a AmBev terá um desempenho superior ao da indústria e um novo recorde de volume de cerveja no quarto trimestre”, finalizam.

O Credit Suisse aumentou o preço-alvo da Ambev de R$ 16,50 para R$ 18 (upside de 12,8%), com recomendação outperform. A XP tem a mesma recomendação, com alvo em R$ 18,80 (upside de 17,8%).

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