Alta recente do dólar é exagerada, diz consultoria; confira o gráfico

Deterioração política do País cria um ambiente propício para exageros do mercado, impulsionados pela melhora da economia nos EUA, que joga o dólar para cima em todo o mundo

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Desde o fim do ano passado diversos especialistas já indicam que o dólar comercial iria superar os R$ 3,00 em 2015, mas o que a maioria não esperava era a velocidade com que isso iria acontecer. Apenas neste ano, a moeda norte-americana já tem ganhos de 17% – um salto de R$ 2,6587 para R$ 3,1203 – chegando em sua máxima no período ao valor de R$ 3,168. E, apesar dos fundamentos não terem mudado, alguns analistas já começam a falar em exagero na alta do dólar.

É o caso da LCA Consultores, que em relatório desta quarta-feira (11) explica que a moeda já superou o que eles projetavam para o período em cerca de R$ 0,03, o que pode ser sinal deste exagero do mercado com a valorização da divisa. A expectativa era que o dólar chegasse a R$ 3,094 em março, mas a moeda fechou ontem a R$ 3,124.

“A taxa de câmbio prevista pelo modelo foi ultrapassada pelo valor observado, ou seja, a alta recente da cotação do dólar parece ter exacerbado o que seria compatível com os fundamentos de alta frequência”, diz a consultoria no relatório.

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Segundo a LCA, o que gera esse ambiente propício para exageros é a grande deterioração do ambiente de negócios no Brasil, que nas últimas semanas criou um forte pessimismo no mercado nacional. “A discussão sobre a conjuntura macroeconômica e os cenários para o futuro próximo se deslocaram, recentemente, dos indicadores de atividade econômica e inflação para a arena política”, explicam os analistas. “A crise política é grave […] e pressiona o risco Brasil à medida que coloca em sério risco as medidas de ajuste fiscal das quais depende o ajuste da contas públicas”, diz o relatório.

Enquanto isso, no cenário internacional, os recentes discursos de Janet Yellen – presidente do Federal Reserve – e a recuperação da economia dos EUA, registrada principalmente pelos dados de emprego, estão elevando as taxas de juros longas, enquanto pressiona o dólar para cima. “Aliado a isso, o quantitative easing europeu, este quadro de vigor da atividade nos EUA e taxas de juros americanas em alta sustenta a apreciação do dólar no mercado internacional, o que acaba pressionando para baixo os preços das commodities”, explica a LCA.

Em um gráfico, a consultoria mostra como essa combinação de fatores tem feito o real se depreciar mesmo em relação a moedas emergentes, assim como o dólar está se valorizando ante quase todas as outras moedas. O gráfico abaixo compara a evolução (i) do valor do dólar contra uma cesta ampla de moedas, (ii) do valor do real contra uma cesta de moedas emergentes e (iii) o valor da taxa de câmbio real/dólar:

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.