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As empresas brasileiras de varejo listadas na Bolsa de Valores voltaram ao radar de analistas com a divulgação dos dados do programa Remessa Conforme (RCP), da Receita Federal, na última quinta-feira (10). O programa, que regula compras internacionais de até US$ 50, apresentou sinais de recuperação gradual após meses de retração motivada pelo aumento da carga tributária.
A leitura do Santander é de que a retomada moderada nas vendas do RCP tende a beneficiar companhias de moda rápida com capital aberto como a Renner (LREN3), Riachuelo (GUAR3) e C&A (CEAB3), que haviam sofrido com a concorrência direta de plataformas internacionais como Shein e Temu.
Segundo o banco, os dados do segundo trimestre deste ano mostram que o volume de vendas sob o RCP chegou a R$ 3,77 bilhões, o que representa uma alta de 21% em relação ao primeiro trimestre. Em contrapartida, houve uma queda de 11% na comparação com o mesmo período do ano passado, quando o mercado antecipou compras antes da entrada em vigor de novas tarifas.
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O número de pacotes subiu 13% entre trimestres, com avanço de 7% no valor médio por pedido. Para o banco, isso sinaliza que os consumidores voltaram gradualmente a comprar produtos de fora do Brasil, mas ainda longe dos volumes de pico de 2024.
A equipe do Santander diz que, mesmo com esse aumento recente, os volumes seguem abaixo do que foi registrado antes da elevação das alíquotas de importação e do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).

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No segundo trimestre de 2024, o programa contabilizou 51,7 milhões de pacotes. Já no mesmo período de 2025, foram 36,7 milhões, o que representa uma queda de 29 por cento. Para os analistas, isso indica que o comportamento de consumo passou por um ajuste e que o mercado doméstico recuperou parte do espaço perdido para o comércio online internacional.
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Recomendação
Em relação às empresas de capital aberto, o banco avalia que a retomada apenas lenta no programa é positiva para nomes como C&A e Renner, ambas com recomendação de compra, e também para Riachuelo, com recomendação neutra.
A análise parte do princípio de que uma volta gradual das compras reduz pressões sobre as margens e melhora a previsibilidade de receita. A participação da Shein nos volumes do RCP não é informada pela Receita Federal, mas o Santander considera provável que a varejista chinesa tenha um peso relevante nos dados divulgados, dado o porte de sua operação no Brasil.
O banco lembra ainda que a entrada da Temu no país, em junho do ano passado, coincidiu com um dos períodos de maior atividade no RCP, principalmente entre junho e agosto. Desde então, o mercado passou a conviver com oscilações nos volumes mensais, refletindo tanto os ajustes dos consumidores à nova tributação quanto os movimentos promocionais das plataformas.
Em março deste ano, houve uma aceleração de 21% nas vendas frente ao mês anterior, interpretada como antecipação de compras antes da elevação do ICMS em dez estados brasileiros.
O que causou o movimento?
Para o Santander, o comportamento mais contido dos consumidores no primeiro semestre deste ano oferece um ambiente mais estável para as varejistas brasileiras operarem. A normalização do comércio internacional, mesmo que lenta, permite que as empresas do setor ajustem estoques e estratégias de preço sem surpresas abruptas.
A ausência de dados por empresa, no entanto, impede uma análise mais aprofundada sobre quais plataformas estão puxando a recuperação do programa. Ainda assim, os analistas observam que o efeito líquido, até aqui, é favorável às companhias listadas na B3.
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No radar do banco seguem também as tendências relacionadas ao câmbio e à possível mudança na dinâmica entre produção nacional e importações. Com o real mais fraco e os custos logísticos mais altos, a atratividade de importar diretamente produtos de baixo valor agregado pode cair. Isso tende a beneficiar empresas com produção local ou estrutura regionalizada, o que reforça a leitura de que C&A, Renner e Riachuelo seguem melhor posicionadas frente às incertezas do comércio internacional.